Capítulo XXXIV: Puro sentimento

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Sébastien

– Desculpe por não ter te contado isso antes, eu só não sabia por onde começar.

Disse o jovem rapaz sem conseguir olhar nos olhos da namorada. Ele e Amora estavam sozinhos em seu quarto, aproveitando aquele momento para finalmente terem uma conversa que era necessária a algum tempo.

– Não posso dizer que eu não percebi nada. Você não é exatamente um bom mentiroso e é terrível em disfarçar quando está escondendo um segredo.

Amora acrescentou enquanto sentia os dedos de Sébastien segurarem os seus com força, ele sentia culpa e remorso, além de alivio.

– Não sei porque eu acho que tenho sentimentos por ele.

Completou pensando em Lisboa.

– Sendo honesta eu não acho que esteja completamente imune ao seu charme também. Ele traz algo que eu não consigo explicar, quase como...

– Esse magnetismo, certo?

Perguntou finalmente tirando os olhos do chão, vendo os olhos cinzentos de Amora parearem com os seus olhos azuis.

– É. Esse tipo de coisa não deveria acontecer, não é? Essa conexão deveria existir somente entre nós e o círculo, mas...

– Mas a presença dele, a voz, até o cheiro. Qualquer coisa que ele faz na verdade. Eu fico hipnotizado do mesmo jeito que eu me sentia quando eu olhava para você entre os livros da biblioteca e sinto até o dia de hoje. E eu não entendo como consigo sentir isso por você e ter sentimentos tão similares com ele. E isso ignorando por completo o fato que ele é um cara, porque eu juro por Deus que eu estou surtando por dentro.

Sébastien completou despejando as palavras para fora, não importava se Amora era sua namorada, ela era também sua melhor amiga e parte do seu ser como um todo. Namorar alguém de seu círculo era uma complexa e as vezes difícil relação. Sam e Killian estavam sentindo na pele como essa dificuldade poderia afetar tudo, mas Sébastien não queria esconder nada de Amora, especialmente vendo como isso tinha afastado Sam de Killian por tanto tempo.

Ele queria entender, mas também preservar o que tinha conseguido, da forma mais honesta possível, e até onde Amora fosse capaz de aceitar. Sabendo que ele não poderia ignorar a crescente curiosidade que se instalava nele toda vez que pensava em Lisboa.

– Eu consigo sentir a sua culpa passando da sua pele para minha – Amora acrescentou passando a ponta dos dedos sobre o braço desnudo do namorado – Mas eu também sinto seu amor por mim e sua paixão, isso não mudou. Não diminuiu.

– Mas não significa que você precisa aceitar o que eu estou sentindo por ele, não é justo.

Respondeu segurando as suas mãos novamente. Ele queria a verdade sobre o futuro dos dois.

– Ele me intriga também, Sébastien, não vou mentir... Lisboa afeta a nós dois e acho que ele sabe disso. Bem, ele deixou bem claro da última vez que está interessado em nós dois.

– Mas o que você sente em relação a ele?

Perguntou sem saber o que gostaria de ouvir.

– Eu não sei – respondeu sincera – Ele é tudo que eu sempre quis me afastar, e também é aquilo que está colocando cada peça solta dessa parte de mim no lugar, exatamente como vocês fazem. E isso me confunde. Essa similaridade.

Bruxos&Demônios, vol. IV - Perda&TormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora