Capítulo XXIV: Leis antigas

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Amora

– Tem certeza que não quer voltar para academia e descansar?

Perguntou a garota de olhos cinzentos, não havia porque tentar disfarçar a preocupação, Sébastien podia sentir pelo elo. A única coisa que restava agora era serem honestos um com o outro. Como sempre tinham sido.

– Eu estou bem, já faz duas semanas desde que eu tentei aquela idiotice e eu estou dormindo bem melhor graças ao feitiço da Nik, e eu não vou fazer algo como aquilo de novo. Prometo.

Sébastien respondeu tocando seu rosto com os dedos. Amora estava contente com seu treinamento e o mergulho que sua vida estava dando em suas origens feéricas, mesmo que não gostasse de admitir e Sébastien sentia prazer em fazer parte desse momento da sua história.

– Tudo bem então. E o que vai fazer com isso?

Perguntou apontando para os pergaminhos em suas mãos, enrolados e presos por uma fita de couro.

– Bem, eu não sei, mas eu o roubei e preciso devolver. Fico surpreso que ninguém tenha descoberto ainda.

Respondeu mudando sua expressão lembrando exatamente daqueles momentos.

– E como isso aconteceu de qualquer maneira, eu tenho as suas memórias, mas eu não as entendo. Nenhum de nós entende.

– Eu lembro de sentir a conexão com o feitiço a partir do meu dom, mas depois algo tomou o controle. Eu o queria. Desejava mais que tudo. Sentia que era meu por direito e então eu o peguei. Meu subconsciente agiu além do meu querer e quando me dei conta ele estava na minha mão. O feitiço feérico que o protegia tinha sido desfeito momentaneamente e eu o escondi até poder usá-lo. Coisa que não estou orgulho.

Respondeu desviando o olhar.

– Mas você parou. Isso que importa.

– Eu parei o feitiço porque a Hya me parou. Eu estava decidido a ir até o fim mesmo sabendo que algo de errado estava acontecendo. E isso significa que eu pus em perigo a vida de todos vocês no processo.

– Talvez, mas quando a vida dá Hya esteve em perigo você desistiu. Talvez não exista limite real entre mim, vocês e os outros. Mas saber que nunca cruzaríamos esse limite quando se trata das pessoas que tentamos proteger me conforta.

– Eu espero...

Sébastien completou encarando o grande portão para mansão aonde os visitantes reais ficavam e também aonde Moira morava.

– Então, vocês vão ficar aí o dia todo encarando a porta?

Perguntou uma voz feminina fazendo Sébastien e Amora virarem para trás.

– Erin?

Amora perguntou animada. Eles não viam a jovem dríade há meses, desde o ano anterior.

– Claro que sentiram saudades de mim, então venham. Me deem um abraço, eu prometo não morder. Mas só dessa vez.

Respondeu a garota abrindo os braços, revelando as belíssimas tatuagens de raízes, ramos, folhas e flores. Marca inerente de sua classe feérica.

Amora e Sébastien a abraçaram logo depois, a garota cheirava a orvalho e rosas, um aroma natural. Seu cabelo preto e longo, agora tinha diversas mexas castanhas. Seu corpo parecia ainda mais curvilíneo, que era totalmente distribuído num vestido curto, justo e com alças finas.

– Quando você voltou?

Amora perguntou feliz. Ela esquecia de esconder as vezes que tinha se afeiçoado aquelas pessoas.

Bruxos&Demônios, vol. IV - Perda&TormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora