Lexa
– Você não costuma ficar aqui até tão tarde, Lexa.
Robert MHale acrescentou fechando o grosso livro de inventario que ele checava pelo menos duas vezes no mês.
– Meu namorado está na sua consulta com o senhor Gao, meu irmão saiu para fazer Deus lá sabe o que sozinho, Elyon está descansando e Amora e Killian estão treinando e o Sébastien está conversando com a sua irmã pelo facetime. Então eu estou entediada.
Respondi descruzando minhas pernas, enquanto sentava sobre a mesa que Robert usava para leitura.
– Parece mais que isso, você poderia estar desenhando ou conversando com suas amigas ou até mesmo instigando o senhor Gatti a fazer algo bem idiota que provavelmente o levaria aqui, mas mesmo assim está aqui comigo me vendo fazer o inventário e você odeia fazer o inventário.
– Isso é verdade, eu realmente odeio. É só que ficar sozinha no meu quarto me parece claustrofóbico esses dias.
Respondi sincera, Robert normalmente era sempre calmo e gentil e quando estávamos só nos dois sozinhos aqui dentro era muito fácil deixar levar já que podíamos nos tratar pelo primeiro nome.
– Já que vai ficar aqui poderia pelo menos me ajudar.
Acrescentou sorrindo de forma estranha.
– Minhas horas de estágio já acabaram oficial, e vocês nem nos pagam. E eu nem sei se isso realmente conta como crédito.
Completei cínica.
– Crédito para vida?
Perguntou dando de ombros, levantando da mesa e me chamando para acompanha-lo com o olhar.
– Para isso existe cartões de crédito de verdade, mas o que você quer me mostrar, Robert?
Perguntei o seguindo.
A enfermaria como qualquer outro cômodo da academia poderia se modificar dependendo da vontade de seus donos e se assim Pippa permitisse também. Depois da batalha no Halloween que deixou diversos feridos, Robert ampliou a enfermaria e a preparou para receber pacientes com níveis de ferimentos mais graves do que simples contusões. Com macas totalmente diferentes que Robert chama de berçários.
Mesas de pedra com runas e símbolos místicos e um amontoado de cristais diferentes carregados com fortes feitiços de cura, regeneração e esse tipo de coisa.
– Que sala é essa exatamente?
Perguntei ao perceber que não reconheci a porta de madeira que ele tinha aberto. Robert gostava de manter as coisas da maneira antiga as vezes. Incluindo seu fascínio estranho por maçanetas num local com portas que podem te levar para literalmente qualquer.
– É onde eu treino – respondeu rindo e tirando o jaleco – Eu gosto dessa parte do prédio, se é que podemos dizer isso, então eu costumo fazer todas as minhas coisas aqui. Refeições, estudo para aulas, preparativos...
– Dormir.
Acrescentei maliciosa.
– Como sabe disso?
– Você tem literalmente uma escova de dente numa caneca no banheiro atrás da sua mesa. Não é difícil adivinhar que algumas vezes você dorme aqui. Mesmo tendo um quarto na Casa Cinza.
– Eu gosto do meu quarto, é só que algumas vezes eu sou a sua irmã caçula nessa dinâmica com os professores.
– Como assim?
Perguntei sem entender.
– Eles são um círculo, se conhecem há décadas, possuem o dobro da minha idade e estão conectados num nível que é quase impossível de entender para alguém que não faz parte de um círculo, então é fácil se sentir deixado de lado.
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Bruxos&Demônios, vol. IV - Perda&Tormenta
FantasíaO Círculo de Sangue caminhou por quase um ano e meio até adquirir uma certeza inquebrável que seu laço se manteria e cresceria cada vez mais, contudo, até mesmo a mais poderosa união pode ser quebrada e se desfazer sobre as ruinas da culpa, loucura...