Capítulo V: Dezenove anos partidos

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Roman

– Você me parece bem mais animado hoje, Roman.

Daemon Gao acrescenta observando o sorriso largo sobre o rosto do rapaz, que até pouco tempo se mostrava apreensivo como todos os outros. Havia uma grande diferença em como aquelas crianças eram hoje, para como estavam pouquíssimos meses atrás. Mas a guerra conseguia fazer coisas a você que ninguém poderia prever. Entretanto Roman parecia esperançoso novamente.

– Finalmente consegui convencer o Sam a comemorar seu aniversário, então sim, estou contente. Tive que usar a Elyon como desculpa, mas ele concordou que com a chegada dela nós precisávamos celebrar algumas coisas e que seria bom para distrai-la de bem, tudo que tem acontecido com ela.

– É bastante honroso que façam isso, não só será bom para vocês, mas também pode ajudar a senhorita Choi a lidar com todo seu mundo virando de cabeça para baixo.

– Nós nos acostumamos a esperar esse tipo de coisa, sabe... A ter as coisas mais absurdas acontecendo com a gente, mas vê-la tão confusa despertou em todo mundo uma sensação estranha e acho que foi isso que ajudou o Sam a mudar de ideia.

– O que quer dizer?

– Ela só tem quinze anos, uma pessoa tão nova não deveria perder a inocência tão rapidamente. Não é justo, queremos fazer uma diferença em relação a isso.

– Ela é só quatro anos mais nova que os gêmeos, e só dois anos mais nova que a Amora. E eu entendo que queiram protege-la, mas vocês também são crianças nesse ponto de vista.

– Talvez, mas tem algumas coisas que nenhum de nós pode realmente discordar, que é o fato que nós seis não temos escolha sobre essas coisas, é meio tarde para nós, mas nós entendemos isso, contudo, quem sabe podemos achar uma forma de impedi-la de ir pelo mesmo caminho.

Completou ainda sorrindo. Sua resposta natural para tudo. Sorrisos diferentes, para diferentes situações. Mas sempre sorrindo, era como ele lidava com tudo.

– Não sabemos o papel da senhorita Choi em tudo isso, dessa forma, isso significa que vocês talvez não possam cumprir o que estão tentando fazer esse é o papel do Circulo das Cinzas e do Grande Conselho, e não de vocês.

Daemon completou preocupado. Ele esperava essa reação dos gêmeos, mas não tinha antecipado que isso se estenderia a todo círculo. Mas não era improvável. Elyon era um reflexo de um passado que eles não poderiam voltar, tentar protege-la, era uma forma de tentar sanar algo dentro deles mesmo.

– Senhor Gao, me desculpe, mas o Círculo de Sangue foi criado para ser uma proteção e uma arma, não queremos isso para a Elyon. E nós tomamos uma decisão em aceitar isso, mas não estamos estendendo isso a ela. E se eu tiver sorte, ela pode salvar eles também. Trazendo vida aonde só há morte e luto no momento.

– E ela sabe disso?

Perguntou.

– Essa é a minha esperança, mas não há única. No momento eu estou feliz que vamos sair daqui por uma noite, o resto eu lido quando aparecer.

– E quando exatamente você vai lidar com as suas coisas?

Daemon o questionou, não havia uma sessão com Roman que não fosse ao redor dos gêmeos, sempre preocupado, vigilante e principalmente despretensioso sobre suas próprias coisas.

– Eu estou bem.

Respondeu confuso.

– Vi seus planos de estudo, seus trabalhos com os professores, os livros que está pesquisando na biblioteca, as horas que tira do seu dia para todos seus afazeres e o tempo que está dormindo. E basicamente o único momento que você não está fazendo alguma coisa é nas poucas horas que está tirando para dormir. E não digo descansar, digo dormir.

Bruxos&Demônios, vol. IV - Perda&TormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora