Capítulo IX: Natureza de Sangue

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Samuel

– Tem certeza que ele está dormindo?

Rex perguntou deitado ao meu lado sobre a minha cama, com seu rosto tão próximo ao meu que eu poderia jurar ser capaz de sentir sua respiração, mas não era possível.

– Tenho sim, Henrique ensinou ao Roman uma infusão de ervas místicas que é forte o suficiente para acalmar sua mente e colocá-lo para dormir. Foi o melhor que conseguimos até então, já que nada dava certo.

– O que ele vê nos pesadelos?

– Ele não nos conta. O Sébastien usa minha telepatia para bloquear essa informação de nós a qualquer custo. O que é irônico pois é a única coisa que está nos ajudando até agora. Mas não vai funcionar para sempre, a mente dele vai sucumbir as informações em seu subconsciente. Eu consigo sentir ela se esgueirar entre o nosso elo, tentando nos usar como uma maneira de tentar chegar até ele sem que ele possa bloquear. E ele se esforça, mas todos nós sabemos que é inevitável, especialmente eu.

– Posso ver o medo no olhar de todos vocês, o que acha que vai acontecer quando a magia de sangue finalmente o alcança-lo?

– Nós não sabemos, não temos dimensão de todo conhecimento e poder que está dentro dele. É assustador na verdade, pois nós não sabemos nada sobre como magia de sangue funciona. Apenas que é uma magia sem regras baseada em energia sacrificial, todo e qualquer registro que exista ou é totalmente mantido pelo grande Conselho ou está dentro do corpo dele circulando pelo seu sistema vascular.

– Então como vocês vão se proteger de algo que todo nosso governo nos deixa ignorante sobre?

Perguntou confuso e irritado, ele não costumava mais ficar desse jeito, não desde aquele dia no Halloween.

– Ele tem que ser acessado, nem que seja uma fração desse conhecimento, que de alguma forma possamos achar que somos capazes de controla-lo.

– Do mesmo jeito que vocês seis estão fazendo agora?

– É diferente.

Respondi, nós não queríamos aquele poder ou conhecimento, mas sabíamos que se o Grande Conselho dos Clãs descobrisse da existência desse poder dentro de Sébastien ele sofreria severas consequências por algo que não tinha culpa e se estávamos destinados a salvar essa cidade, talvez tivéssemos os meios de salvá-lo também.

– Me desculpe, eu não qui... Sam, o que é isso? – Rex perguntou olhando para o teto – Plantas?

– Droga. São dentes de leão.

– Não entendi.

Respondeu me vendo pular da cama indo na direção na de Sébastien. Seu corpo se mantinha imóvel e calmo, mas algo estava começando acontecer.

– São um alerta. São suas flores favoritas, eu infundi esse pensamento dentro da sua mente como uma forma de sinalizar quando algo estivesse errado. Desse jeito ele materializa as flores ao seu redor sempre que o poder estiver emergindo fora do seu controle, mesmo que ele não percebesse.

– Mas ele está inconsciente.

– Eu sei. Os outros estão vindo. As flores aparecem para todos os seis, vai!

Respondi vendo desaparecer, com Roman e Killian surgindo ao meu lado segundo depois.

– Ele está bem?

Roman perguntou segurando a tolha ao redor da cintura com as duas mãos, com o corpo ainda totalmente molhado, mas eu não o respondi, não sabia o que dizer.

Bruxos&Demônios, vol. IV - Perda&TormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora