Epílogo

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Sébastien

Com seus olhos azuis marejados de um sentimento de perda tão profundo, o rapaz preso entre sangue e maldições aceitaria toda dor do mundo se pudesse sentir seu círculo novamente. A conexão havia sido triturada como num moedor. Seus sonhos... O sentimento de pertencimento... Tudo transformado em pó. Pouco havia sobrado, tudo por causa da intervenção e do sacrifício de uma nova amiga. Sua própria existência atual era resultado dessa intervenção. E mesmo tendo todo poder do mundo nas mãos Sébastien se sentia indefeso e assustado, sentindo uma culpa ainda maior esmagar o peito, numa dor um milhão de vezes pior que a dor de todos que ele já tinha sentido em si.

– O que você está fazendo aqui?

Hazel perguntou saindo da porta do quarto da enfermeira aonde Hya se encontrava. Sébastien não havia tido coragem de entrar. Estava parado do lado de fora, no corredor, há mais de trinta minutos sem saber o que fazer.

– Hazel...

Sébastien tentou dizer, mas foi impedido de continuar quando a mão de Hazel acertou seu rosto com um tapa que ele não a impediu de realizar, recebendo a culpa como sua, tendo plena noção que ela tinha razão.

– Você não acha que ela já não perdeu demais?

Perguntou enfurecida, como ele, Hazel tinha olhos marejados e inchados. Ela estava chorando a pouco tempo.

– Eu sinto muito.

Respondeu sem conseguir formar nada além disso, sabendo que nada mudaria o fato que seu destino e do antigo Círculo de Sangue tinha agido e influenciado negativamente a vida de tantas pessoas inocentes.

– Vocês... Todos vocês são tão irritantes – Hazel completou voltando a chorar – Mas você sabia que eu conheci a líder do Grande Conselho?

Perguntou limpando as lágrimas só rosto, borrando a maquiagem, mas Sébastien não a respondeu. Não sabia como fazer.

– Ela e o professor ficaram horas com a Hya tentando desfazer o que tinha acontecido. Não havia maneira de restaurar seu dom, esse esforço foi somente para restaurar seus dedos. E ela gritou em agonia por todo processo, pois ela precisava estar acordada. Cada vez que os músculos, pele e articulações das suas mãos eram retorcidos junto com os ossos. Tudo isso para ela tentar voltar a ter sua mobilidade de volta.

– Eles conseguiram? Eles a curaram?

– Ela é a mais poderosa bruxa no mundo. Você deveria saber melhor que ninguém – respondeu seca atingindo o rapaz em um dos seus mais pesados traumas – A Hya ganhou as suas mãos de volta, mas ela nunca poderá acessar os fios de éter novamente, e você quer saber mais o que a líder do Grande Conselho disse, porque eu tenho certeza que a burra da Hya não vai contar para você, porque ela ainda acha que fez a coisa certa.

Completou com lágrimas descendo o rosto novamente, sem conseguir impedi-las.

– O que ela disse?

Perguntou sabendo que devia a Hazel esse momento.

– Que a configuração que a Hya realizou não existe – completou sorrindo por poucos segundos – Minha amiga estupida e inocente criou uma nova configuração no meio do caos de uma batalha, forte suficiente para encarar a magia de uma princesa do Purgatório. Algo que somente alguém do mesmo nível que a grande Bororo Mwangi-Moore poderia fazer. Mas ela não estava pronta para dominar aquela quantidade de poder ainda. E ela sabia disso. A Hya sabia a cada segundo que se passava qual seria o resultado das suas ações e ainda assim ela fez. Por vocês. Tudo isso para que? Para salvar dois bruxos meio demônios e um bando de imprestáveis que só trazem morte para todo lugar que vão?! Me responde se isso vale o que ela perdeu Sébastien, me responde!

Bruxos&Demônios, vol. IV - Perda&TormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora