Bruxos&Demônios, vol. IV - Perda&Tormenta

Capítulo XXIII: Privação da alma

Killian

- Normalmente quem está distraído assim nos nossos treinos sou eu.

Zac acrescentou ao abrir uma garrafa de água mineral, sentindo o suor escorrer por detrás da orelha, enquanto Killian não demonstrava nenhum sinal de cansaço ou exaustão. Mesmo que estivessem treinando a quase duas horas. Seu condicionamento físico era invejável e irritante.

- Desculpe, não é nada demais.

Mentiu, não só porque não poderia contar a verdade, mas porque não gostava de preocupar Zac com os problemas do círculo. Estar com o rapaz o deixava relaxado, pois mesmo que fosse uma amizade nova e ainda um pouco desajeitada, era leve e despretensiosa. Mas ele não conseguia deixar de pensar nas memórias que Sébastien tinha compartilhado e de quão desesperado ele estava a ponto de quase lançar em si mesmo uma maldição. Se não fosse por Hya todos eles poderiam estar em grandes problemas.

- Eu duvido, mas eu entendo se não quiser me contar. Só espero que fique tudo bem.

Zac respondeu com dedos nervosos. Ele sentia como Killian se afastava sempre que algo ficava mais íntimo e não era de se estranhar, tudo na vida particular do rapaz ruivo era envolto em guerra, demônios e maldições.

- Acho que vou parar por hoje, minhas pernas não aguentam mais levantar pesos.

Respondeu desistindo, não importasse o quanto ele se esforçasse, malhar nunca parecia algo prazeroso para ele e Killian não entendia porque ele tentava tanto insistir em algo que só trazia mal estar, diferente dele que tirava tanto prazer naquilo. Num movimento egoísta ele sacou seu isqueiro e conjurou um chicote de fogo em sua mão direita, girando seu corpo para poder usá-lo contra Zac, que caiu com o corpo para trás, levantando seu braço esquerdo para proteger sua cabeça criando um escudo de energia aonde o chicote se chocou.

- O que foi isso?

Perguntou confuso e assustado.

- Sua resposta de defesa foi lenta, mas já foi bem melhor do que nos treinos práticos a alguns meses atrás.

Killian respondeu ainda com seu chicote de fogo sólido em mãos.

- Ah... Obrigado. Mas você poderia ter me avisado.

Zac acrescentou se levantando, fazendo o escudo desaparecer.

- Eu não disse que deveria desfazer o escudo.

Killian respondeu correndo em sua direção, lançado seu chicote mais uma vez. Zac conseguiu agir mais rápido do que da última vez conjurando um escudo maior dessa vez. Novamente o chicote de energia de se chocou contra o escudo sem conseguir criar grande estrago, mas esse não era o plano de Killian.

Zac por si só não teve tempo de raciocinar o que aconteceu em seguida. Quando as fagulhas desapareceram da sua frente, um enorme machado de fogo rodopiou no ar se cravado contra o escudo de energia de Zac atravessando vários centímetros a dentro de sua proteção. Se o escudo estivesse mais próximo, conseguiria até mesmo atingi-lo. Mas isso não foi a única coisa que Killian fez.

Quando o machado ao atravessou o escudo, Zac perdeu o controle o equilíbrio por alguns segundos, a próxima coisa que ele viu, foi Killian deslizando pelo chão, por baixo do escudo que flutuava no ar, surgindo com uma adaga de fogo apontando direto para seu coração.

- Não espere que seu inimigo vá sempre agir da mesma forma. Ele pode não entender o seu poder, mas vai usar qualquer brecha disponível para atingi-lo.

Completou desfazendo a adaga e o machado.

- Muito engraçado, mas para que tudo isso? Aquele troço doeu sabia? Eu sinto tudo que atinge os meus escudos.