Capítulo XXXI: Fusão nuclear

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Lexa

Eu me recordo bem de como foi para mim descobrir meus poderes. Toda bruxa grávida em seu sétimo mês de gestão passa pelo ritual de revelação da essência. Esse feitiço tem como fundamento descobrir em qual categoria a criança que está para nasc er pertencerá. No caso de gêmeos, como eu e meu irmão, a categoria seria a mesma. Não necessariamente a categoria de um dos filhos é herdada dos pais. Normalmente cada membro de uma família nasce com sua própria categoria e isso mantém um equilíbrio entre as forças, qualidades e fraquezas de cada tipo de bruxo. Mas meu irmão e eu herdamos a mesma categoria que nossa mãe.

Ela era médium capaz de saber o seu pior medo, cria-lo, manipula-lo ou até mesmo extingui-lo. Todo seu poder era baseado nesse sentimento. Mesmo assim não há como saber qual dom e habilidades a criança irá ter até sua magia emergir.

Para meu irmão a tato telepatia se manteve regular. Se tornando cada vez mais sensível ao longo que ele crescia, depois que nosso poder despertou após a morte de nossa mãe.

Para mim eu estive sempre num constante estágio de transformação. No início eu só conseguia sentir as emoções que fossem muito fortes ao meu redor. Não podia dizer de quem eram. Eventualmente meus sentidos se refinaram a um ponto que eu podia sentir a emoção de todos ao meu redor e saber o que cada pessoa sentia especificamente. Somente após isso eu me tornei capaz de manipulá-las, inserindo novas ou intensificando as que já existiam. Eventualmente meu sentindo de percepção sensorial se manifestou de forma natural. Quando dominei tudo isso, fui capaz de ver as auras das pessoas. Revelando pequenos, mas incríveis detalhes sobre cada um. Até mesmo se está próximo de morrer ou não. Algo que até hoje eu não compreendo totalmente. E muito menos posso controlar. Meu terceiro olho só me permite interpretar o que as auras querem dizer, mas não sentir dentro de mim essas respostas. Com a união do círculo nossa magia aumentou e nossos dons se desenvolveram ainda mais e eu me tornei capaz de absorver, controlar e disparar energia emocional pelas minhas mãos. Uma força de energia sólida que não emitia calor. Brilhando em cores ofuscante de roxo, amarelo, rosa e vermelho, com tons raros de verde e azul.

Quando isso aconteceu eu me senti ainda mais poderosa. Um poder crescente que nunca parava. Eu estava a todo momento absorvendo as emoções das pessoas ao meu redor e reservando dentro de mim para que eu pudesse usar da forma que quisesse. Até mesmo para alimentar minha própria magia para realizar feitiços. Era como alimento ou combustível. Hoje eu podia sentir centenas de pessoas ao meu redor e saber aonde estavam. Podia manipular ou deturpar as emoções de cada uma dessas pessoas em meu radar sensorial e gerar descargas e disparos de energia emocional capazes de destruir paredes de concreto ou metal e até mesmo dar formas a essa energia como meu chicote espiralado. Eu era como uma bateria sempre carregada e pronta para ser usada.

Hoje, onze anos depois desse poder surgir, ele estava me consumindo e destruindo tudo ao redor e eu não fazia ideia de como impedir isso.

- Lexa!

Roman gritou ao longe. Sua voz estava abafada, ou talvez eu que estivesse pouco consciente. Não tinha certeza.

Meus joelhos desprotegidos tocavam o chão e meus braços circulavam meu estômago que parecia que iria derreter. Era como se ácido estivesse borbulhando dentro dele. Tentei abrir os olhos, mas cada parte do meu corpo parecia que iria se quebrar, mas eu precisava entender o que estava acontecendo.

Quando finalmente consegui controle sobre os músculos do meu rosto pude ver as mechas do meu cabelo dançando sobre ar e minha aura visível como um manto flamejante gigantesco sobre mim, emanando tanto poder que impedia Roman e os outros ao meu redor de se aproximar.

Pude ver o terror no rosto de Belle que tentava se esconder atrás de uma pilastra para não ser arremessada pela energia que eu emanava e Henrique tentar conjurar um feitiço para perfurar o meu poder que de alguma forma tentava me proteger.

Bruxos&Demônios, vol. IV - Perda&TormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora