Capítulo XLII: Solstício de verão, parte V - Ritual do diabo

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Lexa

– Amora...

Sussurrei assim que Sitri se apresentou, era definitivamente a presença dela. Virei meu rosto rapidamente junto do meu irmão. Amora estava em algum lugar do outro lado do cemitério.

Não consigo ver pelos olhos dela, completei somente sabendo a sua direção.

Ela está inconsciente. Também não sei o que aconteceu, Sam respondeu confuso.

– Vocês definitivamente deveriam prestar atenção em mim.

Sitri respondeu descruzando as pernas.

– O que vocês fizeram com ela?

Perguntei irritada, ficando na frente de Elyon.

– Eu não fiz nada. Estava aqui o tempo todo observando vocês. Me divertindo aliás.

– Como passou pelas barreiras que protegem a cidade?

Sam perguntou e eu também queria saber. Para um lugar que estava se preparando para o apocalipse demoníaco desde sempre, essa cidade era invadida o tempo todo.

– Do melhor jeito que um demônio pode vir. Com um convite é claro, bobinho.

Respondeu rindo.

– Um convite?

Perguntei sem entender. Quem seria louco o suficiente para fazer isso? Mas a resposta veio bem rápido.

– Você é muito mais esperta do que o meu irmãozinho disse que era. Você, Lexa, já até adivinhou! Maravilha, me poupa muito tempo para ser honesta.

Completou me vendo olhar para trás. Para direção do corpo inconsciente de Lucius.

– Pai? Porque?

Elyon perguntou confusa.

– Porque a dor da perda e do luto é algo poderoso, minha querida – Sitri acrescentou andando em nossa direção – E o que o Lucius fez por todo esse tempo foi cultivar essa dor das mais diversas formas até ser poderosa demais para ele aguentar.

Acrescentou com uma voz complacente, quase como se sentisse pena. Era mentira.

– Você o controlou todo esse tempo?

Perguntei me referindo aos assassinatos.

– Eu não posso controlar ninguém Lexa, esse não é o meu poder. Você deveria saber. Paimon já explicou isso a vocês. A natureza de nossos poderes é a mesma. Você cria e controla as emoções a partir do nada. E até mesmo as converte numa espécie de energia de concussão muito refinada. Paimon, meu irmãozinho podia invadir a mente de qualquer um que ele tocasse. Extraindo, implantando ou modificando o que ele quisesse. Eu, por outro lado, sou como você. Mas meu poder só me permiti manipular um único aspecto emocional.

Explicou enquanto tirava um pirulito do bolso. Brincando conosco, o pondo a boca despretensiosamente.

– Você manipula a dor...

Disse Sam, mas ele estava errado.

– Não, ela manipula amor.

Respondi entendendo agora o que tinha sentindo em nosso pai.

– Amor? Aquilo não era amor, Lexa.

Elyon acrescentou quase ofendida. E quem poderia culpa-la, de nos três ela é que tinha mais direito de odiá-lo.

Bruxos&Demônios, vol. IV - Perda&TormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora