Bruxos&Demônios, vol. IV - Perda&Tormenta

Capítulo III: Bela Adormecida

Roman

Não houve uma vez sequer desde a morte de Rex que Lexa e Roman tivessem passado uma noite separados. A pura sensação de estar sozinha, mesmo com Amora ao seu lado a sufocava. Ela não queria admitir, mas era impossível fugir do que vasava de seu irmão e também das suas próprias reações a perda do rapaz.

Sua mão repousava sobre o peitoral de Roman, bem em cima de seu coração, enquanto o mesmo olhava para o teto completamente acordado, mesmo que fosse madrugada. Diferente dos amigos, ele não tinha problemas para dormir por causa de tudo que os assolava, mas ele estava tentando pensar em algo que pudesse ajudá-los de alguma forma.

Ele tinha convencido Lexa a não forçar seu irmão a comemorar seu aniversário, mas Roman concordava que era uma boa ideia, depois de dois meses presos dentro dos muros da academia.

Ele só queria uma melhor forma de convencer o Sam a fazer isso.

Com Sébastien indisposto, Killian cada vez mais afastado e Sam recluso, coube ao rapaz de sorriso fácil, ombros largos e braços musculosos redobrar sua atenção e manter as engrenagens daquele organismo complexo funcionado. Ele dividia seu tempo em dar atenção a Lexa, em se mostrar presente ao Killian e estudar o máximo que conseguia para que os outros não ficassem para trás nas disciplinas.

Mesmo quando deveria estar descansando, ele estava repassando aulas em sua cabeça e tentando adivinhar o que Sébastien estaria pesquisando na biblioteca durante a semana, além de treinar seu corpo para manter Amora ocupada.

Foi só quando sentiu que não conseguia se mexer e que o frio do quarto estava muito maior do que a alguns minutos antes que ele percebeu que algo estava errado.

Uma energia dormente emanava dos dedos de Lexa e se grudavam em sua pele como presas de uma cobra. Roman tentou movimentar os lábios para acordá-la, mas seja o que fosse a influência de Lexa sobre ele, era como sentir uma pedra gigantesca esmagando seu peito o impedindo de reagir. Seus olhos correram para o lado a fim de chamar por Amora, mas a pobre garota encontrava-se tão perdida em seus sonhos como sua namorada, com ambas murmurando coisas inaudíveis enquanto se mexiam desconfortavelmente sobre os lençóis da cama.

Ele tinha certeza de que Amora estava refletindo o que Lexa estava sentindo e por isso não poderia alcança-la, pois Lexa a estava sobrecarregando.

A dor se tornou ainda maior enquanto se espalhava por todo seu corpo e os sons que saiam da boca de Lexa e Amora ficava ainda mais alto e perigosos. Eram murmúrios de um feitiço. Ele não sabia qual, mas conseguia compreender o latim de forma clara. Era um feitiço de paralisia específico para seu coração.

Os batimentos de um dos mais preciosos órgãos de seu corpo diminuíam rápido, ao mesmo tempo que seu corpo começava a desistir.

Sam! Bash! Killian!

Chamou.

Tem algo acontecendo!

Sébastien acrescentou com um tom desesperado, Roman podia ver de relance o que acontecia do outro quarto através dos olhos de seu amigo.

Não o toque!

Avisou segundo antes de Sébastien tentar segurar o Samuel pelo braço para tentar salvá-lo.

Um vulto surgiu rápido adentrando o quarto das garotas, e pela posição que seu rosto se encontrava agora se tornava difícil enxergar. As costas da pessoa que ele não conseguia diferenciar seguravam o rosto de Amora que de alguma forma parava de se mexer e se acalmava lentamente.