Na manhã seguinte, Rhaena acordou sentindo-se muito bem disposta, o que era bom, tendo em vista a importância daquele dia. Afinal de contas, ela conheceria não somente o prefeito de Sonen, como também seus moradores.
A empolgação dela era tão notável, que não passou despercebido pelos empregados. E esse foi um dos motivos pelo qual a duquesa não se importou de fazer o desjejum sozinha. Pois, por algum motivo desconhecido, Kayden e Beatrice, não compareceram ao refeitório.
O duque, que havia ido fazer uma caminhada matinal na propriedade, retornou a tempo de encontrar sua esposa e, poder acompanhá-la nos compromissos do dia. Após uma breve troca de palavras entre o casal, uma empregada apareceu, anunciando a chegada de um convidado na mansão.
Rhaena, juntamente de seu marido, não perderam tempo e desceram para cumprimentá-lo o recém-chegado.
— É uma honra conhecê-los, vossa graça — O velho homem cumprimentou, curvando-se em respeito ao duque e a duquesa — Sou o prefeito de Sonen, Eirik Heloein.
— É um prazer conhecê-lo, senhor — Rhaena sorriu, gentil — Antes de qualquer coisa, gostaria de agradecê-lo pelo seu excelente trabalho administrando Sonen.
— Sinto-me honrado, vossa graça!
— Minha esposa tem razão... você tem sido fiel a casa Scarth — Kayden pronunciou, com seu clássico tom sério.
— Agradeço, meu senhor — Eirik curvou-se novamente. — Desde que seu pai, o falecido duque Caillus, me ofereceu essa posição, tenho me esforçado dia e noite para ser digno dela.
— E posso afirmar que o senhor fez um trabalho excelente — A duquesa elogiou, sorrindo — Avaliei todos os documentos enviados ao ducado, pelos últimos quatro anos... posso dizer com propriedade que fiquei muito contente com o que vi.
— Meu coração se enche de gratidão, vossa graça.
— Bom, acredito que esteja na hora de partirmos — Rhaena observou, enquanto ajeitava as luvas de renda — Ah, sim... gostaria de fazer algumas mudanças no itinerário, posso?
— Claro que sim, vossa graça!
— Ótimo! — Rhaena riu baixinho — Notei que colocou o orfanato como nossa última parada, há daqui dois dias. Entretanto, gostaria que ele fosse o primeiro lugar a ser visitado.
— Entendo, madame. Avisarei o cocheiro sobre a mudança, vossa graça — O prefeito respondeu solene, deixando a casa em seguida.
Kayden que observava a situação calado, ficou curioso com a decisão de Rhaena em mudar os planos, visto que ela era sempre muito organizada.
— Qual a razão disso, Rhaena?
— Hum? — Ela murmurou, olhando-o de soslaio — Do que está falando?
— Seu desejo de visitar o orfanato primeiro. — Explicou.
— Ah, sim... — riu. — No orfanato de Hainffal, meu pai acabou sendo enganado por um homem — contou, sentindo um pouco de saudade ao lembrar da família — Esse senhor, era uma pessoa muito má! Dizia cuidar das crianças... então, meu pai destinava muito dinheiro para ajudá-lo, mas no fim, descobrimos que não passava de uma mentira e, que as crianças que nós deveríamos ter protegido, estavam sofrendo na mão daquele lorde.
— O quê? — Kayden inquiriu, surpreso.
— Tivemos a mesma reação que você, ao descobrirmos todo aquele esquema imundo — falou, com a voz amargurada — Entretanto, no fim, ele teve aquilo que merecia: a forca — Rhaena deu ombros, caminhando em direção a porta, na frente do marido — Não cometerei os mesmos erros que meu pai! Vou olhar todo o local, conversar com as crianças e, até mesmo, verificar os documentos do orfanato se for necessário.
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Castelo de Cartas
Historical FictionRhaena Heddle é uma jovem nobre, conhecida por sua beleza e bondade. Por toda sua vida, tinha sido amada e cuidada pela família e quando chega a idade de se casar, seus pais aceitam a proposta de casamento do duque Kayden Scarth, renomado por ser...