Capítulo 16: Propostas comerciais e conversas durante a hora do chá;

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O clima na mansão era estranhamente denso. Os empregados, apesar de serem sempre respeitosos, agiam como se tivessem medo de direcionar qualquer palavra a Rhaena e não foi preciso muito para entender que eles tinham "receio" dela e, muitas das vezes, olhavam apavorados para ela.

Inicialmente, achou que aquela reação adversa deles fosse por causa de sua conversa com a sogra, Beatrice. Mas depois de um tempo, enquanto seguia com seus afazeres, notou que talvez não fosse esse o motivo. Contudo, mesmo que estivesse curiosa, a duquesa deixou o assunto para trás, pois tinha muitos outros para lidar.

Além da atitude esquisita dos empregados, Beatrice encontrava-se num estado de completo silêncio. Depois da conversa que ambas tiveram, Rhaena nunca mais se encontrou com a sogra, muito pelo contrário, parecia como se a mãe de seu marido estivesse evitando-a de todas as formas possíveis.

Assim, quando chegou o dia da partida, a duquesa achou que poderia conversar com a sogra uma última vez, entretanto, a matriarca se recusou a sair de sua habitação, não deixando a Rhaena uma outra opção, senão despedir-se através da porta dela e mesmo desse jeito, não recebeu nenhuma palavra da antiga duquesa.

Kayden por sua vez, com seu rosto indiferente, alertava que ela não deveria "perder tempo" com assuntos triviais, como aquele. Porém, visto sua natureza dócil, era difícil para Rhaena ignorar Beatrice, diferentemente do duque, que realizava essa tarefa com maestria. Assim, quando retornaram para a capital, tanto Rhaena quanto Kayden sentiram como se um grande peso tivesse sido tirado de suas costas, não somente pelo clima da casa, mas também, por concluírem seus deveres com aquelas terras e seu povo.

Com o retorno do casal, novos boatos propagaram-se pelos círculos sociais, mas ao contrário do que acontecia antigamente, Rhaena aprendeu a ignorá-los por completo, pois poucas pessoas iriam querer saber a verdade, enquanto muitas, se divertiam com as mentiras.

— Estou de volta, capital de pessoas fúteis — disse, enquanto tomava uma xícara de chá no jardim e ouvia as novidades de suas amigas, as irmãs Elian e Lilian York.

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Palácio Esmeralda

Depois de passar alguns dias longe, a primeira decisão de Kayden, ao retornar a capital, foi de retomar seu dever como duque e participante do conselho de estado.

Como de costume, foi o primeiro a chegar na sala de reunião, após uma convocação repentina do próprio imperador. Enquanto esperava a chegada dos demais participantes e também, de sua majestade, o duque iniciou mais uma leitura sobre relações comerciais.

— "Relações de interesses..." — leu a frase em voz alta, tendo uma vaga ideia, do que poderia fazer para tentar evitar o conflito entre os impérios — Talvez as minas...

Ao terminar de falar, o som da madeira sendo arrastada chamou sua atenção. Desviando os olhos das folhas amareladas, encontrou íris castanhas, que o encararam de volta. O príncipe herdeiro Helius, havia chegado na sala de reunião.

Helius surpreendeu-se ao encontrar-se com o duque, pois o príncipe não esperava que houvesse alguém ali, por ser cedo demais.

Além de que, aquela era a primeira vez, desde seu casamento com Freya, que ambos ficavam sozinhos num mesmo espaço. Claro, inicialmente, o príncipe pensou em algum assunto para discutir com o homem que um dia, foi um amigo especial, contudo, o duque tratou de ignorar sua existência, focado apenas no livro que tinha em mãos.

Outras pessoas, poderiam ver aquela atitude como um ato de traição a família imperial, pois Kayden não havia cumprimentado o herdeiro do império, mas Helius não sentiu vontade de reclamar, tendo em vista, que conhecia como ninguém, a atitude petulante daquele que havia sido seu melhor amigo por quase dezesseis anos.

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