Capítulo 17: O convite do imperador;

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Kayden permaneceu em silêncio, refletindo sobre o pedido dela. Havia tantas coisas boas para dizer a respeito do pai, que se ele pudesse, conseguiria ficar o dia inteiro falando sobre.

— Meu pai era o tipo de homem que não tinha medo de se emocionar — contou, sentindo o peito apertar com as recordações deles dois — Em todas as minhas conquistas, pequenas ou grandes, ele estava lá para comemorar, chorar ou se frustrar junto comigo. Me ensinou a respeito do mundo e, mesmo tendo falhado em alguns momentos como pai, nunca desistiu de tentar agir corretamente comigo. Ajudar as pessoas fazia parte de quem ele era, nunca, em toda a minha vida, vi meu pai negar ajuda a alguém, quer fosse uma pessoa conhecida ou não.

— Seu pai era um homem bom, eu queria ter tido a oportunidade de conhecê-lo — Rhaena pronunciou, sorrindo amena. E aproveitando a oportunidade, segurou a mão do marido — Posso ver que eram muito próximos um do outro.

Kayden olhou para ambas as mãos unidas, apreciando o calor e a sinceridade das palavras dela.

— Em Sonen, éramos nós dois contra o mundo. Meu pai me levava para todos os lugares com ele e, mesmo depois de virmos para capital, com seus deveres aumentando, continuou sendo um excelente pai, assim como, um ótimo membro do conselho do estado.

— Qual foi a razão que levou vocês dois a saírem do ducado?

— Foi um pedido do próprio imperador — O Scarth falou, tomando um gole da bebida de ervas — Claude e meu pai foram amigos na infância e juventude, mas depois da cerimônia de coroação, cada um trilhou seu próprio caminho. Sua majestade sempre soube que meu pai tinha dom para política e precisava de alguém confiável ao seu lado.

— Entendo... mas não foi muito difícil deixar tudo para trás e vir para a capital? Digo, sua mãe permaneceu em Sonen, não foi difícil para você ficar longe dela?

Kayden riu baixo diante da pergunta dela. Deixando a xícara de chá vazia sobre a mesinha de centro, virou-se na direção dela em seguida.

— Passei a maior parte da minha vida longe da minha mãe, seja em Sonen ou na capital, por isso, a adaptação não foi difícil. E meu pai estava ao meu lado.

— Kayden, você não gosta... da sua mãe? Desculpe retornar nesse assunto. Prometo não perguntar sobre a relação de vocês dois daqui em diante, porque eu entendo que não esteja pronto para falar a respeito... mas eu preciso saber.

— Quando pequeno, eu a amava muito — confessou, recordando da época em que era um menino inocente, com grandes sonhos e desejos, diferente do seu "eu" atual, que vivia preso aos deveres e as responsabilidades — Hoje em dia, não posso dizer que a amo. Sinto como se fossemos estranhos que compartilham o mesmo sangue.

— Ah, sim… entendo — Ela balançou a cabeça algumas vezes, antes de voltar a encarar aqueles olhos azuis. — Posso te fazer uma pergunta pessoal? — ao ouvi-la, o marido acenou positivamente — Você é um homem muito sério, me pergunto se sempre foi assim...?

Kayden não esperava aquilo, mas ainda sim, pensou a respeito, pois queria ser verdadeiro ao respondê-la.

— Não sei dizer com certeza, mas acredito que as circunstâncias me tornaram assim. Sabe, Rhaena… meu desejo era fazer parte da ordem dos cavaleiros — Contou, sentindo um gosto amargo na boca — Dediquei a maior parte da minha vida nisso, pois para entrar, você precisa passar por vários testes. E no fim, eu consegui. Foi por pouco tempo, mas ainda sim… 

— Deve ter sido muito especial, era algo que queria tanto...

— Sim, foi muito importante para mim. Durante o tempo que passei na ordem, eu acredito que minha personalidade tenha mudado um pouco, se tornando mais branda. Era confortável estar com meus amigos, fazer aquilo que eu gostava e era bom. Mas então meu pai veio a falecer... e eu tinha apenas vinte e um anos. 

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