Castelo de Cartas

Capítulo 38: Reconciliação;

Três dias.

Esse foi o tempo que Rhaena permaneceu isolada no próprio quarto, se recusando a ver qualquer pessoa.

Todos da mansão estavam preocupados com o bem estar da duquesa, mas entre eles, Kayden era aquele quem mais estava sofrendo com o isolamento da esposa.

Sem conseguir comer ou dormir, o duque se colocou em total vigília para qualquer som ou movimento estranho vindo do quarto dela. Assim, sentado em uma cadeira, ele permaneceu ao lado da porta dela pelos três dias que se seguiram, sempre preocupado com o estado deprimido da esposa.

Nos primeiros dias, tentou conversar e implorar para que ela abrisse a porta, ao menos para que pudessem conversar apropriadamente sobre a situação, porém Rhaena gritou que não queria vê-lo ou ouvi-lo.

Assustado pelo tom raivoso dela, Kayden decidiu dar um pequeno espaço, entretanto, permaneceu ali fora. No fim, ficou decidio que se ela não comia, ele também não comeria. Se Rhaena não falasse, ele também não falaria e assim o duque fez.

Permaneceu sentado ao lado da porta dela, sem comer ou dormir confortavelmente, vigiando o quarto dela. Porém, esteve atento a qualquer movimentação brusca ou som estranho, pronto para quebrar a porta e ir ao socorro dela.

Os empregados estavam preocupados e tentavam a todo momento fazer os dois cederem. Mas Rhaena não escutava as vozes de Elia ou Elijah, pedindo para que se alimentasse.

Ela não queria nada.

No início, se sentiu traída e irritada pelo marido ter aceitado aquela ordem. Ela até mesmo cogitou a ideia de que Kayden tivesse feito isso pensando no bem estar de Freya. Porém, depois de se acalmar um pouco, se culpou por pensar dessa forma, principalmente a respeito dele.

Kayden não era assim, sua índole era melhor do que isso.

Sabia que o duque faria de tudo para evitar uma guerra e, se existisse uma razão para ele não ter protestado, era justamente por causa do povo. Porque no final, se isso acontecesse, os plebeus seriam os mais afetados.

Em algum momento, em seu acesso de raiva, a duquesa desejou que a guerra acontecesse. Mas logo em seguida, pediu perdão à deusa por pensar dessa forma.

Ela também não era assim, e se sentiu muito triste por ficar tão abalada, mas principalmente, por cogitar passar por algo que tiraria a vida de milhares de pessoas inocentes.

— Não posso ser assim... — Rhaena sussurrou, levantando da cama — Preciso pedir desculpas a ele pelo meu comportamento... — disse, caminhando em direção a porta do quarto.

Sentia-se fraca, estava sem se alimentar durante três dias e por esse motivo, a duquesa não teve chances contra os braços fortes que a envolveram logo quando a porta foi aberta.

Ela estava surpresa. Não imaginou que o encontraria tão rápido, na verdade, ainda pensava na desculpa que diria ao marido. Porém tudo aconteceu muito rapidamente.

Num minuto estava sozinha e agora, tinha Kayden agarrando-a com força enquanto tremia e... chorava.

Ele estava chorando de soluçar.

Notando isso, Rhaena sentiu-se ainda mais culpada pelo que havia feito. O quão preocupado ele esteve? O quão triste?

Eles deveriam ter passado pela situação juntos, mas ela o deixou naquele momento mais drástico da vida deles. E assim, rendendo-se às emoções, chorou junto dele.

— Me perdoa, Kayden... — Ela pediu, agarrando-se ainda mais ao marido — Me desculpe, amor...

O duque ouvia as palavras dela, porém, suas emoções estavam tão à flor da pele que o homem não conseguia formular uma resposta. Ele havia passado três dias zelando por ela, preocupado e com saudade da mulher que amava que no momento em que Rhaena abriu a porta do quarto, seu corpo agiu por completo impulso. E somente naquele momento, Kayden percebeu que chorava copiosamente, enquanto se agarrava à ela da forma que conseguia.