Capítulo 15: Atritos;

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Rhaena respirou fundo, olhando com admiração e fascínio para Beatrice. A duquesa sorriu, tentando disfarçar o constrangimento, pois ainda a admirava, sem nenhuma restrição, pois mesmo com o avanço da idade a sogra aparentava ser bem mais jovem. E ela era, definitivamente, bela! Encontrava-se tão encantada pela beleza da sogra, que não conseguiu notar o desconforto da mesma.

Beatrice ainda estava um pouco assustada e as mãos tremiam ao segurar o véu, na tentativa de retorná-lo à posição inicial, cobrindo a própria face. O olhar que a nora lhe destinava, serviu somente para deixá-la ainda mais nervosa e ansiosa.

Rhaena piscou lentamente, olhando para os olhos azuis dela, tão parecido com os do marido, uma última vez, antes que o pano pesado voltasse a cobrir-lhe o rosto.

— A senhora é tão linda.

Ao ouvir as palavras dela, Beatrice riu amarga, olhando para os próprios pés.

— Vossa graça não precisa mentir — rebateu, secamente — Não existe beleza em uma face coberta por cicatrizes.

— Cicatrizes...? — Rhaena perguntou, incrédula.

— Não precisa fingir que não as viu.

— Desculpe... — pediu, franzindo o cenho confusa — Realmente, não consegui ver nenhuma! Não estou fingindo e muito menos mentindo, acredite em mim, senhora.

— Não têm importância, de qualquer forma.

— Esse é o motivo pelo qual usa o véu? — indagou, compreendendo a situação. A duquesa aproveitou aquela chance para se aproximar dela — Seria melhor se não o fizesse... seu rosto é muito belo para estar coberto.

— Onde está o Kayden, vossa graça? — Beatrice perguntou, ignorando as palavras proferidas pela loira.

— Eu... não sei te dizer — respondeu, sincera. Olhando nervosamente para os próprios pés. Tinha esquecido completamente do "desaparecimento" do marido.

A mais velha suspirou pesadamente com a resposta. Beatrice girou nos calcanhares, decidida a voltar para seus aposentos, quando a voz de Rhaena soou:

— Senhora, poderia me contar o que aconteceu entre você e meu marido? — questionou, naquele momento de coragem.

A matriarca engoliu em seco, paralisada. Não queria falar sobre o passado. Mesmo os anos se passando, a culpa continuava sendo uma companhia fiel, durante todos os dias. E ainda não conseguia admitir em voz alta todos seus erros como mãe, mesmo reconhecendo-os.

Rhaena notando o silêncio da sogra, deu alguns passos lentos para próximo dela. Quando a distância entre elas diminuiu, buscou pela palma de Beatrice, entretanto, antes de poder tocá-la, a mesma afastou-se bruscamente.

— Não estou tentando te machucar — pronunciou, tentando tranquilizá-la — Entretanto, gostaria de entender o que houve. Kayden é o seu filho. O seu único! Deveria conversar com ele, reconciliar-se.

— Não... — ciciou, pesarosamente — Fiz com que ele sofresse... não precisamos dialogar. O melhor é que eu fique longe.

— Meu marido pode não pensar da mesma forma. Kay-

— O que vossa graça sabe?! — Beatrice trovejou, irritada — Diga-me! O que sabe?! Você não sabe nada e não me conhece!

— Sim — Concordou, fitando-a com olhos assustados, dando um passo atrás — A senhora tem razão... peço desculpas. Não foi minha intenção pressioná-la ou julgá-la. Somente queria entender a situação.

— Não vai me julgar?! — rebateu secamente, rindo sem humor em seguida — Vossa graça é uma pessoa tão boa que não julgaria uma mulher má, ao ponto de culpabilizar seu próprio filho, ainda recém-nascido? Uma mulher que por causa da vaidade, tornou-se mesquinha, afastou e maltratou uma criança inocente? Diga-me, você é capaz?

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