Castelo de Cartas

Capítulo 2: Conversa entre mãe e filha;

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— Acho que o vestido está um pouco apertado... — Rhaena comentou, olhando desesperadamente para a mãe.

O vestido em questão era o escolhido para o casamento. Era um trabalho magnífico desenhado e produzido pela mais famosa costureira da capital, Condessa Alain Mountbach.

Se tratava de um modelo longo tingido numa tonalidade rosa claro bem sutil, e para atingir tal cor, soube que eram necessários muitos crisântemos rosa, simbolizava romance. O tecido do espartilho não era nada revelador e nele tinha algumas pequenas flores prateadas bordadas a mão, assim como por toda extensão da saia.

As mangas bufantes chegavam à altura do cotovelo e eram feitas de um tule quase tão macio quanto seda, também tingido pelo rosa claro. E nas costas, um lindo laço feito com tecido de seda.

— Condessa Allain disse que é dessa forma mesmo, me garantiu que esse estilo de vestido está em alta nessa temporada.

— Mamãe... se eu andar um pouco mais rápido, acho que meus seios podem saltar para fora do corpete! — Choramingou, olhando para sua imagem no espelho.

— Ótimo! Dessa forma, vai evitar que você corra com o vestido! Onde já se viu, uma dama que fica correndo pelo jardim tarde da noite?!

Ouvindo as reclamações da mãe, deixou um suspiro derrotado escapar. Na noite anterior, tanto ela, quanto seu pai e irmão, começaram uma brincadeira de pique-esconde no jardim das rosas e só pararam quando o mordomo recomendou, ou melhor, implorou, pois estavam gritando muito.

— Um pouco de diversão não é ruim... — resmungou, olhando para a mãe.

— Eu não estou dizendo que seja, mas com seu casamento está logo adiante! Mais dois dias e você será uma esposa! — Rowena tratou de relembrá-la. — Imagina seu constrangimento se na primeira noite, você aparecesse diante do duque Kayden toda machucada?

— Você tem razão, mamãe — Rhaena concordou, sentindo-se uma boba por ter esquecido algo tão importante —, vou me comportar melhor de agora em diante.

— Por favor! — Rowena praticamente implorou — Agora, filha, tire o vestido! Não queremos sujá-lo.

Então, com a ajuda das empregadas que estavam em silêncio no quarto, conseguiu se trocar rapidamente.

— Vocês podem sair. — Rowena se dirigiu às empregadas que estavam presentes ali. — Eu sei que ainda faltam dois dias para a sua cerimônia de casamento, mas acredito que seja o momento certo para lhe explicar algumas coisas.

— O que quer dizer, mamãe?

— Bem, filha... Tanto seu pai e eu estamos muito felizes por você ter se tornado essa mulher incrível.

— Os créditos da minha excelente educação devem ser tanto seus quanto do papai, mãe! — Disse, sorrindo.

— Os créditos são seu, filha. — Rowena devolveu, acariciando os cabelos loiros da filha — Você era muito frágil quanto pequena, temíamos que você mal conseguisse atingir a maioridade, porém, você lutou e tinha muita vontade de viver!

Fitou a mãe com olhos marejados. Ela mais do que ninguém lembrava do quão difícil era a vida quando mais nova, sempre pesa a cama, sem expectativas de melhora, fazendo todo e qualquer tipo de tratamento que se dizia "milagroso".

Foram tempos difíceis e durou até conseguir completar dezesseis, quando seu corpo tornou-se mais forte e pode fazer o debut na sociedade. E apesar de muitas jovens serem "obrigadas" a casarem antes dos vinte, seus pais ainda evitaram qualquer casamento antes, para que pudesse aproveitar um pouco da vida, agora que gozava de mais saúde.