Capítulo 8 - Fica, janta comigo!

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Valentina tinha que morar tão longe? Tive que pegar metrô e mais ônibus para chegar no destino final. Mas espero sinceramente que hoje seja o último dia que eu tenha que suportar essa estúpida.

Como era de se imaginar a casa parecia aquelas de filme americano sabe? Com um grande jardim, piscina, escada para o segundo andar onde ficavam os quartos.
Valentina me esperava sozinha, segundo elas os pais estavam viajando a trabalho e o Igor tinha saído com a Duda. Ela estava simpática, sorridente, espero que não tenha planejado nenhuma gracinha.

Caminhamos até o quarto dela, e para minha surpresa, era um quarto super organizado, a parede tinham cores claras (confesso que eu imaginava um quarto com as paredes pretas, cheios de pôsteres de bandas de rock pregados na parede), super organizado e o que mais me chamou atenção foi um mural cheio de fotos, a maioria delas de paisagens ao redor do mundo.

Que lindas - elogiei

Valentina: Gostou ? A maioria fui eu que tirei.

Sério? - Falei surpresa!

Valentina sorriu um pouco sem jeito.

- Você manda super bem Valentina.

Valentina: Obrigada, deixa eu te mostrar uma coisa.

Ela pegou uma câmera fotográfica daquelas super caras e profissionais, vem cá ver disse se sentando na cama.
Sentei ao seu lado e quando ela ligou o visor da câmera, me deparei com algumas fotos lindíssimas da minha aula de ballet no dia anterior.

- O que é isso Valentina? Estava me espionando? - Perguntei assustada

Valentina: Me desculpe Lu, eu estava assistindo sua aula com aquelas crianças mais lindas ontem e não resisti.

Luiza: Você não tinha esse direito, ainda mais sem a minha autorização.

Valentina: Eu sei, mas olha que linda essa você com o Tom - Disse ela me mostrando alguns dos cliques que tinha feito.

 - Realmente estão lindas.  - Tive que baixar a guarda, as fotos estavam realmente incríveis. 
- Me manda depois?

Valentina: Claro, eu vou edita-las e te envio por e-mail pode ser?

Concordei e agradeci. Valentina me encarava de um jeito estranho, que de certa forma me assustava, eu tinha a sensação que a qualquer momento ela poderia me surpreender, para o bem ou para o mal, e isso me deixa um pouco nervosa.

Valentina: Eu adoro esse sorriso, sabia?

Luiza: Ai Valentina, para de graça, vamos terminar logo esse trabalho.

Levantei da cama e fui em direção ao seu notebook.

POV VALENTINA:

Eu e Luiza realmente formamos uma bela dupla, o trabalho está ficando incrível, estamos bem adiantadas e acho que terminamos ainda hoje.  Vamos ter tempo o suficiente até para falar com o professor e checar se temos que fazer algum ajuste com calma.
Pela primeira vez na minha vida estou com um trabalho super adiantado e não vou fazer na véspera.

Resolvo descer até a cozinha para pegar um suco, na verdade eu precisava tomar um ar,
ficar no mesmo ambiente que a Luiza por tanto tempo me deixa um pouco nervosa,
afinal é difícil controlar a vontade que eu tenho de tê-la em meus braços.
Eu sei que isso é loucura, que preciso conter meu sentimentos em relação a ela e isso é uma tarefa extremamente difícil.

Subo de volta para o quarto e Luiza estava observando as fotos do meu mural novamente,
me aproximei entregando um copo de suco pra ela.

Você fotografa muito bem Valentina, estou surpresa. Você faz isso profissionalmente?

Valentina: Obrigada, profissionalmente? Bem que eu queria, mas meus jamais permitiriam - disse me jogando na cama.

Luiza caminha até a cadeira perto da escrivaninha, senta e fica me olhando

Luiza : Já tentou conversar com eles?

Valentina: Você não conhece meus pais, eles praticamente me obrigaram a me matricular no curso de direito, eu nunca cheguei a cogitar fazer algum relacionado a fotografia, sempre foi um hobby sabe? Mas se eu pudesse escolher com certeza faria apenas isso pelo resto da minha vida.

Luiza: Isso explica muita coisa. - Falou revirando os olhos.

Valentina: Muito coisa?

Luiza: Sim. Se você não quer se formar em direito, eu acho que você devia falar com os seus pais, e se dedicar em algo que realmente vai te fazer feliz. Olha aquelas fotos Valentina, elas são perfeitas. Se eles não deixam você largar a faculdade, começa fazendo um curso, ou tentar arrumar algo, mostrar para eles esse seu talento.

Valentina: Talento? 

Luiza: É.

Valentina: Você me acha talentosa? - falo me levantando da cama e me aproximando dela.

Luiza: Suas fotos são realmente boas, mas vamos parar de papo furado e vamos finalizar isso, eu não aguento mais.

Valentina: Ok - Concordo com uma certa decepção.



Começou a anoitecer, Luiza olhou no relógio e disse : 

- Já está ficando tarde Valentina, eu preciso ir. 

Valentina: Não, fica mais um pouco, só falta fazer alguns ajustes.

Luiza: Acho que você pode fazer isso e depois me manda por e-mail. 

Eu não podia deixar ela ir embora, não tão cedo, afinal o trabalho estava quase finalizado e sei que depois que isso acabar, ela não vai querer mais passar tanto tempo comigo. (Será que eu já estava sentindo saudades?)

Valentina: Já sei, tive uma ideia.

Luiza: Qual?

Valentina: Fica, janta comigo! Já está anoitecendo, a gente come alguma coisa, depois finalizamos o trabalho e eu te levo para casa. 

Luiza: Será?

Valentina: Por favor, falta tão pouco.

Luiza finalmente sorriu e acabou aceitando meu convite para jantar, descemos para a cozinha e como era sábado a empregada estava de folga e não tinha nada pronto,  sugeri pedir alguma coisa, mas Luiza me desafiou a cozinhar algo pra gente.

Decidi fazer minha especialidade: macarrão com molho vermelho.

Luiza: Eu não acredito que você sabe cozinhar Valentina.

Valentina: Você vai ver Luiza, hoje vai experimentar o melhor macarrão que já comeu na sua vida, agora me ajuda aqui, corta esses tomates para o molho.

Luiza: Eu sou visita, eu não vou fazer nada, só vou esperar ficar pronto para dar minha nota.

Valentina: Vai ajudar sim, vamo Luiza, se não ajudar não come.

Luiza: Isso é injusto.

Nos duas rimos, e começamos a preparar a massa. Quando estava quase ficando pronto, coloquei a mesa e tive uma ideia. Fui até a adega dos meus pais e peguei um vinho daqueles bem caros. 

Coloquei duas taças na mesa, e Luiza me perguntou: - Pra que isso Valentina?

- Para comemorar.

Luiza: Comemorar o que, posso saber?

- Comemorar que nosso trabalho está ficando pronto e que você está aqui.

Luiza não falou nada, esperei alguma reclamação, afinal tinha prometido leva-la para casa, mas ela apenas me olhou desconfiada e quando tudo estava pronto, nos sentamos na mesa e servi o vinho.

Luiza apreciava o prato calada, deu alguns goles no vinho e eu realmente não conseguia decifrar suas expressores, ela estava séria de mais.
Já eu tentava me concentrar para não fazer e nem falar nenhuma besteira, acabei com a primeira taça de vinho rápido de mais.  Droga, eu estava nervosa, não sabia como agir direito, não sabia o que falar e não queria que aquele momento acabasse tão cedo. 


VALU - SERIA ESSE O COMEÇO?Onde histórias criam vida. Descubra agora