Capítulo 22 - Corrida Contra o Tempo

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*Domingo*

POV LUIZA:

Domingo é o dia que eu tiro pra descansar, acordar um pouco mais tarde e ficar tranquila em casa, mas hoje eu acordei bem cedinho depois de demorar pra dormir e ficar rolando na cama de um lado pro outro pensando na Valentina. Então a primeira coisa que eu faço assim que abro meus olhos é mandar uma mensagem pra Duda.

"Oi, Gatinha! Bom dia, você está no hospital?"

"Oi gostosa, não...ontem a noite vim pra casa descansar um pouco, Igor acabou de chegar aqui e já já estamos voltando, por que?"

"Entendi, por nada...tava pensando em dar um pulo lá" - Duda visualiza e demora pra responder.

"Uau Lu, legal...vai sim, nos encontramos lá!"

Levanto e vou ao banheiro, mas tinha alguém usando então fico parada ali naquele corredorzinho esperando, minha aparece vindo de outro comodo da casa, ela me dá bom dia e um abraço apertado.

- Por que está acordada tão cedo meu amor? - Diz com o sorriso que nunca saia de seu rosto.

- Vou no hospital ver a Valentina mãe! - Sorrio fraco.

- Ela acordou? - Pergunta entusiasmada.

- Ainda não...Mas quero estar do lado dela! - Ela bota a mão em meu rosto.

- Você gosta dessa garota filha? - fico em silêncio. - Pode ser sincera com a mamãe...você gosta da Valentina?

- HA HA HA, LUIZA GOSTAR DA VALENTINA? QUE PIADA BOA MÃE, ELA ODEIA ESSA GAROTA! - Carol diz saindo do banheiro e vai pro quarto.

- É sério isso? Por que eu sinto o contrário? - Minha mãe me olha nos olhos.

- Eu preciso tomar banho mãe! - Tiro a mão dela do meu rosto suavemente e Deposito um beijo na mesma dando um sorriso e entro no banheiro, era bizarro como minha mãe conhecia a gente como se fossemos um livro aberto!

Entro no banho pensativa, enquanto a água cai em meus cabelos, eu só penso como tudo poderia ter sido diferente entre nós duas, mas as coisas acontecem do jeito que precisam acontecer, eu me arrependo sim de ter tratado mal a Valentina, não é atoa que todos a nossa volta acham que eu a odeio, mas eu que fiz com que acreditassem nisso.

Tomo um café da manhã rápido, Sara estava dengosa e queria que eu ficasse um pouco com ela. Eu mal vejo minha irmã durante a semana, por conta da correria do dia a dia. Nesse momento meu coração fica dividido, eu vou ao hospital ou ficou aqui com a Sarinha? Respiro fundo e converso com a baixinha prometendo não demorar.

Chegando no hospital, todos estavam no quarto da Valentina, entro e eles me encaram, Duda, Igor e os Pais dela. Marcos que eu acabei conhecendo ontem me recebe calorosamente, já a mais velha de cabelos claros apenas acena, ela era meio séria me dava até um pouco de medo, acabo ficando a maior parte do tempo colada em Duda.

De longe percebo que o papel que eu tinha esquecido ontem em baixo da mão da Valentina estava lá, respiro aliviada na esperança de ninguém ter visto. A partir desse momento, tento algumas vezes recuperar o desenho, mas todos estavam sempre em volta, e eu não queria que percebessem algo, inclusive ficava só olhando a Valentina de longe, não cheguei perto dela pra que não estranhassem. Eu sei que eles já achavam esquisito demais o fato de eu estar ali e se fosse eu no lugar deles também acharia.

Mas confesso que minha vontade era me deitar com ela naquela cama, e ficar ali até ela acordar. Só pra ela ter a certeza que eu estive aqui com ela a maior parte do tempo. Na esperança dela despertar a qualquer minuto.

Começa a entardecer e eu tinha uma criança em casa me esperando para fazer uma quantidade de coisas juntas, como brincar de massinha por exemplo. Valentina continuava na mesma, resolvo ir pra casa ficar com Sara como eu tinha prometido. Dou tchau pra todos e me retiro, volto pra casa angustiada pela Valentina continuar no coma e por não ter conseguido recuperar o papel.

{QUARTO N°132.}

- Eu não imaginei que ela viria hoje de novo! - Duda diz em pé no meio do quarto próxima a porta.

- No fundo ela se sente culpada, e deve estar vindo aqui só pra amenizar essa sensação. - Igor se senta na poltrona.

- Igor...ela não teve culpa de nada, e você sabe disso! - a morena diz séria.

- Eu sei amor, só estou dizendo que é um sentimento dela. Por qual motivo ela viria aqui dois dias seguidos se não fosse por isso? - Igor responde e Duda fica pensativa.

- Vocês estão falando da Luiza? - Marcos acaba entrando na conversa.

- Sim pai.

- Ela e a Valentina não são amigas? Ela saiu tão abalada daqui ontem que eu até fiquei preocupado. - O mais velho questiona.

- Não, elas não chegam nem perto de serem amigas, a Luiza detesta a Valentina. - Igor se levanta. - Tá vendo? é isso que não faz sentido. Por qual razão ela sairia daqui abalada, se não fosse por sentimento de culpa?

- É...você tem razão e também a Luiza não iria simplesmente vir assim do nada. - Duda respira fundo.

- É o que eu acho! - O rapaz encara Valentina deitada na cama, ele se levanta e caminha em sua direção, prestes a pegar na mão de sua irmã, nessa hora o médico entra chamando a atenção de todos.

- Alguma novidade, Doutor? - Catarina pergunta apressada.

- Sim, mas não muito boa, de acordo com os novos exames, já era pra ela ter despertado e essa demora tardia me preocupa um pouco, o coma é algo imprevisível como eu ja tinha dito pra vocês anteriormente, mas no caso do dela ser induzido existe uma estatística, no qual a Valentina não está se alinhando. Ontem ela teve uma pequena alteração no cérebro, como se estivesse sentido uma emoção muito forte. Vocês conversaram com ela sobre algo que possa ter causado esse efeito? - Todos encaram o médico preocupados e negam com a cabeça.

- Isso seria possível, Doutor? - Igor pergunta preocupado.

- O que rapaz? - O médico pergunta enquanto anota algo em sua prancheta.

- É possível que ela possa nos ouvir?

- Bom, não é impossível...então pode sim acontecer! E é justamente isso que nos preocupa, a Valentina clinicamente está "acordada", isso não significa que estaja consciente, mas o cérebro não tá processando essa informação de fato, ele está em transe e se ela não acordar o quanto antes, precisaremos fazer um novo exame chamado Encefalograma e dependedo do resultado, pode ser necessário uma nova cirurgia. - Todos ficam tensos.

- O que você quer dizer Doutor? - Marcos pergunta assustado.

- O Encefalograma é um exame indolor e não invasivo, super tranquilo. Seu objetivo é detectar e gravar alterações elétricas cerebrais. De uma maneira que vocês possam entender melhor, é como se o nosso cérebro tivesse um monte de fios conectados, e se um único fiosinho estiver fora do lugar, pode ser extremamente perigoso e por isso precisamos fazer uma nova cirurgia com urgência "pra conectar ele de volta", principalmente no caso da Valentina que já tem um histórico hemorragico.

- Mas e essa cirurgia? ela é tranquila assim como o exame? - Catarina pergunta e o médico respira fundo.

- Sendo muito sincero com vocês, não. É uma cirurgia extremamente delicada e ao contrário do exame ela é muito invasiva, a Valentina vai precisar reagir muito bem, se não poderemos ter grandes complicações. Se tornou uma corrida contra o tempo, a Valentina PRECISA reagir e despertar o quanto antes, pra não precisarmos fazer nada disso.

Igor sai da sala atordoado, e Duda vai atrás pra tentar acalmá-lo. Marcos e Catarina se abraçam e ficam ali apenas observando a filha.

VALU - SERIA ESSE O COMEÇO?Onde histórias criam vida. Descubra agora