Carrasco

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ELISA


Acordei assustada com o barulho da porta batendo violentamente. Me sentei vendo Brandon cambaleando, pude observar sua camisa suja de batom e o seu corpo se aproximar da cama.

Me encolhi imediatamente enquanto ouvia um início de risada. Isso já era costumeiro, mas nunca deixará de ser aterrorizante.


— Eu amo você ! — Disse perto do meu rosto exalando álcool pela boca.


— Eu sei. Mas tenta descansar, meu amor — A última palavra saiu amarga.


— Não ! Descansar não ! Eu quero você, agora ! — Jogou a gravata longe.


—Tem certeza ? Você parece mal, a sua mãe disse que tem que descansar mais — Procurava qualquer saída pra não acontecer nada.


— A minha mãe não manda em mim, nem...no que eu faço — Beijou meu pescoço e eu fechei os olhos imaginando oque viria a seguir.


— Hoje não...por favor — Sussurrei tentando não embargar a voz.


— Eu já te avisei que isso a-acontece a hora que EU quiser, e QUERO AGORA ! — Pegou meus cabelos não muito longos e os girou na mão como podia me fazendo sentir dor.


— Tudo bem, calma...a gente faz oque você quiser — Engoli seco tentando me manter firme.


Novamente aconteceu oque eu mais temo todos os dias. Ele em cima do meu corpo se esfregando de forma brusca e sem o mínimo afeto, só para se satisfazer. Era mais rude e agressivo quando bebia, oque não era raro de acontecer.

Penso como pude me iludir tanto. Esses olhos cor de mel, a pele morena, rosto liso e um sorriso que eu achava perfeito, transformou-se no mais diabólico, e já o olho por anos. Nunca mais tive a impressão da pessoa tão boa que achei que ele era. Hoje não passa de um carrasco em minha vida.


Quando tudo terminou, eu novamente estava virada para a parede sentindo lágrimas copiosas molharem meu rosto. Sentia dor e só podia permanecer em silêncio, as vezes, se chorava alto, também era castigada. Era um tormento e eu só pedia pra tudo acabar logo.


De pensar que no início eu era alucinadamente apaixonada, agora só restava dor e tristeza.


Acho que ao final de tudo, era oque eu merecia, mas mesmo assim, eu mantinha a esperança de algo mudar ou eu sair daqui livre de tudo isso.

Me levantei, tomei um banho me esfregando muito bem para aquela sensação de sujeira sair e quando terminei coloquei uma calça de moletom e uma blusa comprida.


Mesmo com o calor eu não ligava, até preferia, Brandon dizia que eu ficava horrível assim, então pra me livrar de coisas que aconteciam até três vezes numa noite só, eu me vestia dessa maneira, prendia os cabelos num coque e deitava. Podia sofrer as consequências por isso, mas não era tocada intimamente e isso já era válido.

Sai do quarto e fui para a cozinha, fiz um chá de camomila e o tomei seguido de alguns analgésicos.


Voltei ao quarto cuidando para não fazer barulho e deitei, nem fazendo questão de puxar a coberta, apenas me encolhi tentando achar o sono, mas esse não chegou.

Vi o dia amanhecer e quando senti Brandon se mexendo na cama fechei os olhos rapidamente. Um braço foi passado em minha cintura e eu me mantive imóvel, ele se aproximou subindo a mão por meu corpo, aquilo me fez arrepiar, mas não foi de prazer.

— Por que está com essas roupas ? — Pousou os dedos nas laterais do meu pescoço e eu me mantive em total silêncio. — Sei que não está dormindo, seu sono é agitado — Começou a apertar o lugar onde sua mão pousava. — Porque esta usando essas roupas ? — Mesmo com poucas horas de sono seu tom já era consideravelmente sóbrio.
— Responde ! —

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