Buscando a verdade

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CONNOR




Eu passei os piores dias sem aquela mulher, não me lembro de ter sofrido tanto em outros traumas da minha vida. A dor vinha de dentro pra fora rasgando tudo.

As pessoas falam, que os dias curam, que o tempo cura. Eu mesmo falei isso pra Elisa, porém, com ela, foi diferente, nenhum dia após o outro resolveu a saudade dela, nenhuma bebida a afastou da minha cabeça, nenhum dos antigos antidepressivos me curou dela.

Elisa grudou em tudo que era canto da minha casa, e principalmente, dentro da minha cabeça, e eu não a tiraria, nem faria questão.

Mas decidi ir atrás e descobrir se toda aquela merda dita, era real. E se fosse, eu daria um jeito de seguir, sabendo que ela estaria feliz, e isso me bastaria.

Por odiar tanto aquele babaca, eu desconfiava que isso jamais seria possível, e me agarrei com todas as forças nessa teoria, pra ir atrás do que eu queria.

O pânico dela durante os pesadelos com ele, me dava forças para acreditar que foi tudo mentira. Que ela não sentia realmente tudo oque me disse.

O medo dela quando despertava, não era mentira, ela podia negar tudo que me contou, mas não podia ver os próprios olhos assustados ao acordar no meio da noite chorando.

Martirizei e até me culpei, por não ter tentando, por simplesmente ter acreditado nela e por fim até mandado ir logo. Mas, não tinham alternativas a não ser tentar ir atrás da verdade. E foi o que fiz.



Deixei a fazenda sob os cuidados de Sam, a mulher dele já tinha cumprido um puerpério tranquilo e não precisava mais dele em tempo integral, então sua rotina de trabalho já havia voltado ao normal.

Como Jos ainda precisava de cuidados, não pude pedir isso a Abraham, e ele só ajudaria caso precisasse muito.

Também confiei a Sam, a contratação de um novo peão para o trabalho pesado. Quando eu voltasse apenas avaliaria seu trabalho e realizaria o pagamento. Afinal, não pretendia passar mais de quinze dias longe.

Arrumei apenas uma mochila com o necessário e fui até o aeroporto torcendo pra que tudo desse certo.

Ao chegar em Nova Iorque, liguei para um velho amigo dos tempos que servimos ao nosso país e pedi ajuda. Ele não teve muitas opções, afinal, já havia salvado sua vida mais de uma vez.

Fiquei num hotel simples e depois de ter a localização de Elisa, meu amigo me emprestou um carro e então comecei a vigiar os horários, tanto de Brandon, quanto dos funcionários.

Quando a vi pela primeira vez, tive certeza de sua infelicidade, seu olhar era vazio e cabisbaixo.

Através do vidro fumê do carro e daqueles portões, enxergava boa parte da mansão. O binóculo que eu trazia também ajudava bastante.

Por uma das sacadas com janelas de puro vidro eu também podia vê-la, numa das vezes tive até o privilégio de a ver sair do banho apenas de toalha.

Inúmeras vezes tive vontade de entrar naquela casa, sequestrar ela e acabar com tudo. Mas não podia ser imprudente, tinha que agir na hora certa.

E sabendo do casamento, não teria oportunidade melhor pra tirá-la do inferno que estava vivendo. Eu sabia que Elisa vivia infeliz, uma pessoa alegre não ficaria deitada ou enfurnada em quarto vinte e quatro horas.

Cheguei a ver um homem desconhecido entrando lá, ele parecia se importar com ela, vi ele a abraçando algumas vezes, confesso que me incomodei bastante vendo isso, porém, devido às circunstâncias, ela precisava e eu tinha que entender.

Também vi duas mulheres levando comida e fazendo com que minha garota sorrisse, isso me confortava por um momento. Brandon parecia só entrar para ordenar uma coisa ou outra e rir com desdém, o infeliz gostava de vê-la triste.

O cara que abraçou Elisa, não saía muito, mas aproveitei uma das poucas oportunidades e discretamente com uma arma, o fiz entrar em meu carro.

Saí de frente da casa o levando até um bairro calmo e estacionei. O coitado estava morrendo de medo e até implorando.

Pedi desculpa pela abordagem e disse que não queria nada e nem o machucaria. Deixei bem claro que acabaria com a raça dele se falasse para alguém, até mesmo pra ela.

Eu consegui a maioria das informações que precisava e quando fui pagar, ele negou, disse apenas que queria ver Elisa fora daquele inferno. Saiu do carro com meu numero e disse que me manteria informado de tudo.

Uma semana antes do casamento, eu estava estudando o lugar onde tudo aconteceria e ele me ligou, disse que precisava me encontrar.

Quando me contou o que havia acontecido, eu me senti ainda pior, eu não havia protegido ela, isso me deixou com tanto ódio.

Eu exigi entrar na mansão, ele quase teve um ataque cardíaco, mas no fim, vendo que não teria opções, me ajudou a entrar despistando os seguranças que ficavam também nos portões do fundo.

Passei pela cozinha e subi entrando no primeiro quarto do andar de cima, como ele havia instruído.
Cheirei um dos travesseiros de Elisa, meu Deus, quanta saudade sentia.

Ouvi a porta e tirei a arma da cintura apontando pra quem quer que fosse entrar. O cuidado do Aiden levantou as mãos e me olhou assustado. Abaixei aquilo e quando fui pôr o travesseiro no lugar, vi um papel dobrado, ia ler mas Aiden me apressou.

Coloquei no bolso e fui até o banheiro, peguei a tesoura no chão e qualquer outra coisa cortante que pudesse ter ali. Entreguei pra ele o mandando sumir com tudo e aumentar os cuidados com ela.

Saí da mansão e voltei ao hotel onde estava hospedado, o sinal era uma porcaria lá. Quando o dia amanheceu, saí daquele lugar disposto a ver Elisa no hospital e recebi as notificações de chamadas perdidas, liguei de volta e uma moça me contou o que tinha acontecido, dei as possíveis características da mulher que pediu o celular e ela confirmou.

Respirei fundo sentindo o ar voltando para meus pulmões sabendo que ela não tinha partido.

Três dias antes do casamento, eu sondava o segurança pessoal daquele lixo. Eu teria que tirá-lo de perto da Elisa pelo menos por algumas horas, depois do que ela fez, o homem se tornou sua sombra.

Já era noite quando decidi agir. Ele estava num carro saindo da casa, então o segui e só parei quando o cara entrou num hospital oncológico. O esperei sair, coisa que ele só fez quando o dia clareou.

Abordei o marmanjo como fiz com Aiden. Depois que estava dentro do carro, ele por conta própria disse que ajudaria, só tinha uma exigência, que nada respingasse nele, e assim eu faria. Depois de saber seus motivos de ainda ajudar aquele bosta, contei sobre ter outro aliado na casa e paguei o homem. Ele saiu dizendo que me colocaria para trabalhar na festa e falaria com Aiden.



No dia do casamento, me levantei de madrugada e saí. Comprei alguns galões de gasolina e fui até o local em que aconteceria o show de horrores aconteceria. Mason me mandou ter cuidado com a mãe de Brandon e deu-me uma roupa social.

Com o combustível, me ajudou a molhar alguns pontos específicos da decoração do lado de fora, já que ele e Aiden cuidariam dessa parte ficou ainda mais atento à preparação.

Me entregou a chave de uma limousine e se foi. As horas passaram e ele tratou de dopar o motorista antes da festa. Fiquei no lugar do coitado e passei na mansão para pegar o culpado de sua embriaguez e de lá fomos buscar a noiva.

Confesso que quando a vi, quis fugir dali mesmo com ela. Minha garota estava perfeita naquele vestido.

Já de volta no endereço da cerimônia e depois de Elisa ter entrado. Fui para a decoração principal, cuidei de molhar bem o lugar já que estavam todos na cozinha ouvindo as recomendações da cerimonialista pra tudo correr bem. Acendi um fósforo e joguei na mesa, pelos gritos, Aiden e Mason também já tinham cumprido suas partes do plano lá fora.

Ajudei o pessoal da cozinha a sairem em segurança e fui pro carro. Mason não o demorou a trazer Elisa e Aiden a sua bolsa, eu enfim pude sair com ela.

E agora, esperava ansiosamente que aquele filho de uma puta fosse atrás de nós na fazenda.

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