Perfume amadeirado

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ALESSA



Depois daquilo, nós tomamos café e eu me deitei outra vez, ele ficou na cadeira e eu me sentindo culpada também por ter sido tão infantil.

Não deveria ter agido daquela maneira, a culpa não era dele.

Mas confesso que foi uma péssima escolha ter me trancado aqui, eu me senti da mesma maneira que me sentia com Brandon.

Acabei pegando no sono novamente e fui acordada horas mais tarde.

Me mexi preguiçosamente sentindo a mesma manta de antes cobrindo meu corpo.


— O'Que foi ? — Levantei o olhar.

— A consulta. Está quase na hora, você precisa se arrumar —

— Tá, tudo bem, obrigado — Me sentei na cama olhando tudo ao redor.

Um lençol e um travesseiro estavam no chão, como se alguém estivesse ali antes.

— Você deitou no chão ? —

— Sim, porque ? — O tom era de normalidade.

O encarei, ele estava calçando as botas, provavelmente havia acabado de tomar banho, ainda estava sem camisa e seus cabelos se encontravam molhados.

Eu tinha ainda mais certeza porque o cheiro que o homem emanava pós banho sempre era o mesmo. Seu perfume amadeirado invadia meus pulmões com força e de certa maneira me deixava eufórica, por assim dizer.

— O'Que foi ? — Balançou as mãos me despertando do transe.


— Na-nada, me desculpa —  Peguei minha bolsa e entrei rapidamente no banheiro.

Era pequeno mas provavelmente caberiam duas pessoas ali tranquilamente.

— Porcaria, oque está acontecendo comigo ? — Sussurrei.


Tirei a roupa e entrei no chuveiro. A água quente corria pelo meu corpo e eu podia sentir aquele cheiro, estava mais impregnado ali, do que em qualquer outro canto.

Fechei os olhos me encostando no azulejo frio e a cena do meu corpo contra o de Connor naquela manhã me veio à mente.

Eu estava inerte e mesmo assim só ele me vinha à mente.


— Droga !...—


Terminei logo o banho e enquanto me secava para procurar uma roupa na bolsa, outra vez aquele infeliz apareceu em meus pensamentos.

Mesmo quase inconsciente naquele dia, eu conseguia me lembrar da maneira como ele me segurou e me tirou do chão, provando que realmente me aguentava em qualquer situação.

Mordi a boca passando as mão em mim mesma, não me surpreendi ao conferir que já estava lubrificada. Bufei apoiando uma perna no vaso e as costas na porta.

Lembro-me que a última vez que fiz aquilo, foi também a primeira. Eu ainda estava conhecendo meu primeiro namoradinho e tinha vontade de saber como eram muitas coisas. Confesso que nunca cheguei a terminar, nem mesmo acompanhada.

Fechei os olhos acelerando os movimentos e idealizando comigo, aquele homem que estava a apenas uma porta de distância.

Se eu passasse para o quarto dessa maneira, o'que ele faria ? Tentei imaginar o melhor e quando comecei a sentir uma coisa diferente, ouvi batidas na porta e me desequilibrei assustada.


— Alessa, que droga, precisamos ir ! —


— Mais que merda !! — Eu havia escorregado, batendo com gosto meu ombro no vaso.

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