Pedido invasivo

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ELISA

Fui sentar onde o policial indicou. Era uma espécie de cubículo de madeira ao lado do juiz e logo depois dele, estava sentado assim como eu, um escrivão.

Olhei todos que ali estavam. Pareciam pessoas muito importantes, o juiz era um homem imponente de meia idade que chegou a me causar arrepios.

— Bom dia, senhorita — Minha advogada se levantou. — Qual o seu nome ? —

Estranhei mas respondi.

— Elisa, Elisa Robert — Um outro policial se aproximou segurando uma bíblia.

— Levante-se, por favor, precisa fazer um juramento, senhorita — A advogada pediu e eu obedeci, levantei, coloquei a mão em cima daquela bíblia e foquei nos olhos de Ellen. — Elisa Robert, jura dizer a verdade, somente a verdade, nada além da verdade ? —

— Juro pela minha honra dizer toda a verdade e só a verdade — Ela também me deu essa orientação antes de entrar.

— Obrigada, sente por favor — O policial se afastou e eu me sentei.

— Elisa, me diga, conhece aquele homem ? — Apontou e eu olhei brevemente.

— Sim —

— Você o conhece quanto ? —

— Bem...—

— Bem quanto ? —

— Bem. E-eu morava com ele, era sua noiva —

— Então, sabe de muitas coisas da vida dele, não é ? —

— Algumas, não era tudo tratado na minha frente —

— Nos conte, já ouviu coisas comprometedoras ? Coisas que poderiam o levar para a cadeia ? —

— Sim — Assenti estalando meus dedos.

— Conte-nos ! —

— Bom, eu já ouvi ele dizendo sobre esquemas, lavagem de dinheiro em cassinos e casas de prostituição, paraísos fiscais —

— Meritíssimo, as investigações corriam sobre o mais perfeito e total sigilo, não ? Nem mesmo o acusado sabia sobre quais assuntos estavam sob investigação, não é ? —

— Sim — O juiz confirmou.

— Muito bem, obrigado — Me olhou outra vez. — Senhorita, poderia ser mais específica com esses esquemas, lavagem e paraísos que já ouviu ? —

— Ele não me permitia ouvir muita coisa, sempre que os assuntos ficavam mais sérios, simplesmente se levantava e saía —

Ela citou mais algumas pessoas que estariam envolvidas com ele em tudo aquilo e eu confirmei. Mas deixei claro que não sabia os nomes.

— Poderia me dizer, se ele já fez algo contra a senhorita ? —

— S-sim — Engoli em seco, aquele mísero "sim" doeu demais.

— Fique a vontade...—

— Ele já me bateu, às vezes ficava irritado...—

— Excelência, protesto ! Ela não foi arrolada como outra vítima aqui, isso são graves acusações e se ela não está nessa posição esse tipo de depoimento não pode ser feito — Disse o homem ao lado de Brandon, deveria ser o advogado dele.

— Aceito ! — O juiz bateu o martelo. — Senhorita Elisa, gostaria de ser arrolada como vítima dele também ? —

Encarei minha advogada e ela assentiu.

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