Cicatrizes

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ALESSA


Ouvi barulho de água corrente há poucos minutos e quando Connor afastou uma cortina de cipós e me estendeu a mão, puder ver uma coisa que jamais esqueceria.

Eu estava frente a uma cachoeira de águas cristalinas, com um fundo brilhante refletido pelo sol. As pedras por onde a água descia eram num formato natural de grandes degraus e ao redor daquilo tinha muito verde.
As árvores por ali eram lindas demais, as flores estavam caindo e só dava mais beleza ao lugar. Poderia ser facilmente um cenário de filme romântico.

Eu confesso que fiquei apaixonada.


— Gostou ? — A voz de Connor ressoou em meus ouvidos e eu o olhei.


— É muito lindo, eu amei ! — Me dei conta de que ainda segurava a mão dele e resolvi andar logo.


— Que bom que gostou — Sorriu também e me ajudou a chegar perto da água.


Deixou a arma juntamente com a bolsa no chão e tirou as botas acompanhadas do par de meias.
Logo o chapéu saiu de sua cabeça e foi jogado por ali, em seguida puxou a camisa do corpo.


— Você não vem ? — Me olhou confuso.


— Eu não vou tirar a minha roupa —


— Quer molha-la ? Não tem problema — Disse ele virando-se e revelando as costas cheias de cicatrizes, por um momento me faltou o ar. Aquilo deveria ter doído de uma maneira inimaginável.


— Eu fico só com as roupas de baixo quando venho. Mas te conheço há pouco tempo, não vou me exibir assim para você, sou tímido — Falou entrando na água e fingindo cobrir o peitoral. — Se quiser fique a vontade, se não, entre de roupa também, qual o problema ? —

Segurei o riso e fiquei calada.

Tirei minhas botas enquanto pensava em como entraria, por fim, decidi entrar de roupa mesmo.

Quando senti a água em meu pés acabei sorrindo. Meu último contato voluntário com a natureza havia sido há anos, eu tinha saudade, e todas as vezes que pedia para sair e fazer coisas assim, a resposta sempre era não. Já tinha uma grande piscina climatizada na casa, não tinha porque sair e me exibir por aí.

Suspirei me afastando daqueles pensamentos e vi Connor emergir da água, seus cabelos estavam molhados e caídos na altura dos ombros, a pele bronzeada pelos trabalhos no sol brilhava e os olhos tão verdes como aquela água, vieram de encontro aos meus.

Fingi que não estava olhando e terminei de entrar.

Na parte mais funda, a água chegava quase em meu queixo, enquanto isso, batia um pouco acima da barriga dele.

A temperatura era ótima, a sensação de estar ali dentro era maravilhosa e relaxante.
Não sei quando aconteceu mas deixei meu corpo boiar e fechei os olhos, eu me senti no paraíso e até perdi a conta de quanto tempo fiquei ali.


— Está relaxada ? —


— Hum ?? — Abri os olhos tendo a bela visão do céu azul.


— Você está relaxada ? — Repetiu.


— Sim. Eu não me sentia assim há muito tempo —


— Que bom, te trarei mais vezes aqui —


— Eu não sei como te agradecer — Meus pés alcançaram o chão pedregoso da cachoeira outra vez e o procurei com os olhos, ele se encontrava sentado em cima de uma das pedras grandes que por ali estavam.


— Não tem que agradecer, só fique bem. Sei que não tem tanta coisa como no seu palácio, mas aqui é um bom lugar —


Bufei.

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