De maneira comprometedora

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CONNOR


Esperei que o animal se acalmasse e respirei fundo, peguei o cabresto e sai puxando, levei ao estábulo e logo retornei vendo Alessa ainda parada lá.


— Você tá bem ? Ela te machucou ? —


— Não me machucou — Trouxe os olhos aos meus e eu peguei seu braço conferindo. — Tem certeza ? — Olhei de perto.


— Tenho sim — Puxou o braço rapidamente, mas pude ver ainda mais cicatrizes por ali.


— Vamos andar um pouco ? —


— Pra que ? —


— Se distrair...— Ela deu de ombros.


— Pode ser —


Começamos a caminhar pelo lugar e eu fui apresentando algumas coisas. Por fim, a levei ao celeiro, queria mostrar uma coisa.

Abri um pequeno portão de madeira separado do restante dos animais e revelei dois cordeirinhos.


— Ah meu Deus ! — Alessa exclamou sorrindo. — São muito fofos, eu posso ? —


Perguntou referindo a se aproximar.


— Pode, esse é o macho, e essa é a fêmea — Mostrei e não demorou muito pra ela estar ajoelhada passando a mão neles. Fiquei de canto observando a moça babar.


— Vocês tem um nome ? — Perguntou aos próprios animais e se virou esperando uma resposta minha.


— Não pensei em nada ainda, quer escolher ? —


— Posso mesmo ? — Sorriu outra vez e eu assenti. — Que tal, ela céu e ele algodão ? —


— Muito bom — Voltou a atenção aos animais. — Eles precisam mamar, vou levá-los para casa e depois trazer, quer ajudar ? —


Se levantou e pegou o macho no colo.


— Você trás ela ? — Saiu na frente e eu peguei a cordeirinha.


Chegamos em casa e eu fui preparar as mamadeiras. Alessa ficou sentada na varanda conversando com os dois bichos, como se a entendessem perfeitamente.

Voltei com as mamadeiras e entreguei uma a ela, que tratou logo de por o macho em seu colo e dar o leite como se fosse um bebê.


— Ele vai sufocar...— Recebi um olhar assustado.


— Como faço então ? — Perguntou cautelosa.


— Deixa ele em pé, eles mamam assim na mãe — Ela deixou ele outra vez com as quatro patas apoiadas no chão e me olhou. — Isso aí, coloca a mamadeira assim — Mostrei dando o leite para a fêmea e Alessa imitou. — Assim mesmo —


— Porque não estão mamando na mãe, e porque estavam afastados das outras ovelhas ? —


— Porque foram rejeitados pela mãe, ela provavelmente acabaria machucando eles. Então, quando acontece, são tirados o mais rápido possível de perto delas. Quando já estão fortes, pegamos uma outra ovelha que tenha parido recentemente e colocamos perto, se ela aceitar os filhotes, eles ficam mamando nela —


— Porque rejeitam eles ? E se a outra ovelha não aceitar oque você faz ? — A tamanha curiosidade estava me impressionando.


— É uma questão de sobrevivência, se não pariu bem por algum motivo corporal, ou não conseguiu conciliar a produção de leite com a própria vida, elas rejeitam.
Sobre a outra pergunta, é raro acontecer, mas quando acontece, eles mamam até começarem a comer outras coisas.
Não é comum a mãe rejeitar os dois, é sempre o último que nasce, mas com a Céu e o Algodão foi diferente, até a aproximação da outra mãe vai ser diferente, vamos colocar com uma que perdeu os dois filhotes, eles morreram após o nascimento — Seu olhar passou a ser de pena.

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