Caipira

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ALESSA


Terminamos o sorvete e Connor pediu mas dois de sabores diferentes para levarmos. 

Nos despedimos do casal e fomos para o carro, coloquei o cinto e o homem entrou tranquilamente e fechou a porta.


— Podemos ir ? —


— Claro — Sorri de canto e recostei no banco. Ele novamente ligou o rádio e deu partida. — Você gosta de ajudar as pessoas, não é ? —


— Porque a pergunta ? — Me olhou de relance.


— Eu me afastei, mas consegui ouvir os dois recusando o dinheiro e dizendo que já tinha pago nossos sorvetes — 


— Eles tem uma renda razoável com as vendas. Mas gastam com remédios, sempre quando venho deixo uma quantia a mais. Sei que o filho não pode ajudar com tanto. Aliás, eles são os pais de Sam —

Era o funcionário mais novo, que seria pai em breve.


— Conhece eles a bastante tempo ? — 


— Sim, mas eu era apenas um cliente dos bons sorvetes. Há uns meses vim pra cidade e passei na barraca deles. Ouvi ele reclamando que o dinheiro dali não seria suficiente pra bancar um filho, os pais diziam que ele arrumaria algo e eu me lembrei que precisava de alguém na fazenda. Uni o útil ao agradável —



— Você é uma boa pessoa...— 


Ouvi sua risada, saiu em um tom de ironia.


— Eu com certeza não sou uma boa pessoa, Alessa — Apertou as mãos no volante.


— Sim, você é. Aceita pessoas que nem conhece em sua casa e se arrisca para protegê-las, você é uma boa pessoa —


— Você não me conhece direito, mudaria de opinião bem mais rápido do que imagina —


— Tenho certeza que não...—


Ele não disse mais nada e eu também decidi me calar.


Encostei a cabeça no vidro do carro e enquanto ouvia a musica que tocava no rádio acabei pegando no sono.

Abri os olhos e me espreguicei, o carro estava parado na frente da casa e tudo estava silencioso e até solitário. 

Ao olhar o lugar do motorista, vi Connor apagado, ele respirava forte e até suava, seu chapéu estava apoiado no peito e o sono parecia ser profundo. 

Seus braços estavam cruzados e eu me perguntei como é que alguém conseguia dormir daquela maneira.


No momento eu não sabia oque fazer, acordava, esperava ? Ele não parecia muito confortável.


Estiquei o braço mas por um momento recuei. 


— Connor ? — Criei coragem e toquei o ombro dele. — Ei, acorda, você precisa ir pra cama, vai ficar com dor — O balancei. 

Em um movimento rápido o homem segurou minha mão e ficou bem próximo a mim, me olhou seriamente e a proximidade me fazia sentir seu hálito quente. Parecia que me fulminaria.

— Me desculpa...—  Sussurrei feito um animal acuado e ele me soltou calmamente.


— Alessa...e-eu me assustei, me desculpa — Se afastou.


— Tudo bem...— 


— Não, não esta, você esta claramente amedrontada. Me desculpa ? —  

InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora