Chão de terra

2K 154 2
                                    

CONNOR



Aquela mulher chegou num péssimo dia, e nem era culpa dela. Mas só de ver como chegou, já me deixou irritado, de salto numa fazenda ? Puta merda !

Mostrei tudo sobre a casa, era simples e não muito grande, não tinha tanto oque aprender.


Confesso que quando a vi toda vermelha picada de pernilongos na porta do meu quarto, fiquei com dó. Dei-lhe uma pomada e aerossol, logo depois de uma piada minha, ela retrucou e instantaneamente pareceu ter ficado com medo. Saiu apressada e eu fechei a porta.


...


Trinta dias tinham se passaram desde a chegada daquela mulher. Ela parecia perturbada, pedia desculpas por tudo, tinha medo quando me respondia alguma piada a altura.

Quando eu estava na sala ou na cozinha, parecia fugir como o diabo foge da cruz, as vezes parecia se interessar por algo que eu estava assistindo mas não se dobrava, era como se eu fosse acabar com ela em um piscar de olhos.


Desde que chegou, nunca a vi colocando a cara lá fora, nem na janela. Os dias podiam ser quentes como no Havaí, ela não saía do quarto, as vezes eu tinha vontade de mandá-la viver, era só o quarto e cobertas, nem pra roda na fogueira que Abraham tinha convidado ela foi.

Joselin havia percebido o mesmo e conversou comigo, disse que nos dois últimos dias nem quando ela veio fazer o almoço a Alessa saiu do quarto, não almoçou nem jantou, então me pediu pra fazer algo, caso acontecesse o pior o programa de proteção me culparia e isso eu não ia querer, já tinha problemas demais.



Tive que ir na cidade comprar remédios pra cavalo e já aproveitei pra comprar uma tela pro quarto da Alessa e algumas outras coisas.

Quando cheguei, não vi movimento e fui direto para a geladeira, peguei uma garrafa de água gelada e virei na boca. Sim, eu sei, não é higiênico, mas dane-se, a garrafa é minha e a água também.

Lavei a garrafa e enchi outra vez a colocando na geladeira.


Sai e dei a volta na casa, cheguei na janela do quarto de Alessa, e estava aberta, então não pude deixar de vê-la.

Tossi algumas vezes para saber que eu estava ali mais pelo jeito deveria estar dormindo. A deixei quieta e tirei as medidas da janela, queria fazer a proteção ainda hoje, mais alguns dias e ela seria carregada.

Ao terminar a medição, não pude evitar olhar outra vez para a cama. A mulher dormia encolhida como se esperasse que algo fosse machucá-la.
Analisei por completa e pude notar algumas coisas que antes não percebi, seu rosto expressava um cansaço extremo e as partes descobertas dos braços e pernas, continham algumas marcas, era como se tivesse apanhado com algo cortante.

Balancei a cabeça e sai, fui para o galpão, peguei a caixa de ferramentas e comecei o trabalho.

Não custou muito e logo estava pronto, precisei apenas quatro ripas cortadas na medida, um martelo, tesoura e uma pistola de grampos.

Voltei pra casa segurando a proteção, pregos e o martelo, outra vez na janela e eu não tive escolhas a não ser acordá-la.
Tentei tossir, mas assim como na última tentativa, não funcionou.


— Alessa ? — Enfiei o braço pela janela e toquei nos cabelos dela. — Alessa ? — Mexi em seus ombros e num susto grande ela pulou.


— Oque eu fiz ?? — Perguntou assustada.


— Nada...se acalma, tá tudo bem, eu só precisava que você acordasse agora, ou provavelmente o susto seria pior — Mostrei o martelo na outra mão.


— Oque vai fazer ? — Deu dois passos para trás.


— Vou colocar uma tela, pra você dormir em paz — O olhar passou de susto para agradecimento.

InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora