Inevitável

Paz e consolo

ELISA

Eu havia entrado num sono profundo pela primeira vez em meses, não precisei de cama ou travesseiros caros. Estar apoiada naquele homem já era um conforto suficiente.

Fui acordada por ele pois já estávamos chegando. Vi tudo se aproximando e segurei sua mão.

— Está com medo ? — Arrumou meu cabelo com a mão livre.

— Um pouco — Sorri de lado.

— Eu já disse que você está linda ? —

— Já...— Olhei pela janela outra vez.

— O que foi ? — Acariciou minha mão.

— Ele sabe pra onde viemos, vai vir atrás de nós — Suspirei. — Não podíamos ter vindo, isso não tem sentido —

— Esse é o meu plano —

Arrastei o olhar até ele sem entender.

— Como assim ? —

— Digamos, que eu teria problemas se acabasse tirando a vida dele naquela casa...mas, na fazenda, é invasão de propriedade e legítima defesa —

— E se não der certo ? E se ele te matar ? —

— Não vai, confia na minha palavra, vai ficar tudo bem, Elisa. Eu prometo — Seu polegar roçou minha bochecha.

— Tá, tá bom...— Sorri.

— Vamos pousar — Entrelaçou nossos dedos e beijou minha mão.

— Como estão todos ? A Jos, Abraham, Sam, o Elijah ? —

— Todos bem. A Jos andou esquecendo dos remédios e acabou tendo que ir ao hospital, ela caiu enquanto sentia uma dor forte no peito e bateu a cabeça. Mas está fora de perigo. Abraham está cuidando dela.
Sam, voltou a trabalhar normalmente já que o puerpério da mulher acabou, quando fui atrás de vocês, deixei ele cuidando de tudo. Elijah também está bem —

— Tenho saudade deles —

— E eles de você. Eu havia os proibido de tocar no seu nome, mas, era só pra tentar fazer eu mesmo esquecer você —

— Funcionou ? —

— Acho que ir atrás de você é uma resposta, não é ? —

— Sim, é sim — Sorri.

— Sabe, eu comecei a perceber alguns sinais, de todos os lados. Eu vi que tinha algo errado acontecendo com você, então, me agarrei com todas as forças a qualquer pequena chance de tudo que você disse ser mentira e fui —

— Sinais ? —

— Sim, tempestades, a Jos, os animais. Tudo me avisou, eu só fui cabeça dura e tentei ignorar —

Continuei sem entender e ele me explicou tudo, desde a crença dos pais em tempestades, até pôr fogo em tudo naquele casamento.

— Sabe o porque dele ajudar o Brandon ? — Questionei.

— Sei...eu dei um bom dinheiro a ele. E vou me certificar de que a criança fique bem, se for possível —

Suspirei.

— Como está a Fúria ? —

— Como eu contei, mais teimosa que nunca, mas está bem. Ela pariu, sabia ? Uma fêmea —