Uma chamada

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ELISA


Eu estava em choque, não podia acreditar, ele realmente havia maquinando tudo naquela mente perversa e eu caí como um patinho.

Lembrei-me da outra questão e meus olhos se encheram ainda mais. Meu Deus, eu estava grávida, depois de algumas gestações interrompidas, eu nunca mais tive muitas preocupações, porque na última vez, um dos médicos me disse que as chances de continuar fértil eram muito baixas. Devido a todos traumas que meu útero já havia sofrido.

Lembro que Brandon agradeceu a ele, para mim obviamente a notícia veio como um tiro.

Então, agora, era difícil acreditar, mas também não achava aquilo muito impossível. O pai só podia ser um, já que eu não tinha tido nada com Brandon. E as vezes que Connor e eu nos protegemos foram poucas.

Aquilo era como uma granada sem pino, que jogaram em minhas mãos. Eu desejava de todas as formas que fosse mentira, pela situação em que eu me encontrava.

Abri a pasta para ter certeza de tudo e lá estava, o mesmo positivo de minutos atrás.

— Por que agora ? — Sussurrei limpando meu rosto. — Por que ? —

Eu me sentia horrível, o momento era o pior, e a notícia repentina, surpreendente, e até pesada. Mas, eu não conseguia pensar em não ter aquele bebê, pelo contrário, eu abominava essa ideia. Quando vinha a minha cabeça a certeza da paternidade da criança, meu peito queimava, era uma coisa diferente.

Lembrei rapidamente do que Brandon me disse e senti um enorme desespero me invadir. Ele já havia me levado à força, mais uma vez não seria nada pra ele.

Me levantei da cama apressada e senti aquela mesma sensação que tive antes de desmaiar.

— Nem pensar, agora não ! — Me segurei na cama pedindo ajuda a Deus e arranquei tudo que estava conectado em meu corpo.

Procurei minhas roupas e me vesti rapidamente, calcei o par de botas, peguei a pasta e depois de conferir que não havia ninguém à minha espera, saí dali.

Eu não estava no térreo, então fui em busca  do elevador, mas com certeza seria mais fácil ser achada lá. Alguns passos depois, encontrei uma porta avisando ser a saída de incêndio e apesar de sentir que ia cair a qualquer momento, não pensei muito. Abri a porta e desci as escadas o mais rápido que podia.

Quando cheguei ao quarto lance, parei para descansar e ouvi vozes, ou melhor, gemidos. Tomei fôlego e continuei, achei um casal se arrumando, era uma moça muito bonita com roupa de enfermeira e ele com certeza era um médico. Sem dúvidas me ouviram descendo.

— E-eu não quero atrapalhar nada, mas preciso de um celular, por favor, eu não vou roubar, eu prometo devolver —

— A senhorita está bem ? — A mulher perguntou.

— Sim, eu tô bem, eu só perdi meu celular e preciso muito fazer uma chamada —

— Por acaso está fugindo ? — O homem olhou a pulseira em meu braço e o curativo em meu pescoço.

— Não ! Não estou…eu só preciso de uma chamada, por favor, é só uma chamada ! —

— Tá, tudo bem, se acalma — Disse a moça me entregando um aparelho.

Me afastei um pouco deles e me apoiei na parede aproveitando para retomar o fôlego.

Disquei o número que havia decorado enquanto estava com meu celular e liguei. Nunca tive tantas esperanças como naquele momento. Mas não valeram de nada, em todas as tentativas se encontrava fora de área de cobertura.

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