Um lar

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TRÊS ANOS DEPOIS...


ELISA

Me levantei com um pouco de dificuldade e bocejei. Desliguei a babá eletrônica e caminhei até o quarto de Hiley, que já me esperava sentada em sua cama.

Havia optado por uma cama mais baixa após seus dois anos, assim evitando quedas e trazendo uma independência maior. As vezes minhas costas pediam ajuda, mas por aquele sorriso com covinhas nas bochechas valia a pena.

— Oi, meu amor...— Sorri vendo seus cabelos castanho claros. — Bom dia ! — Hiley sorriu mostrando os pequenos dentinhos já completos. — Vamos tomar café ? — Minha filha assentiu pegando sua chupeta e eu a coloquei em meu colo.

Fui até a cozinha e coloquei água pra ferver. Levei minha bebê até o banheiro e escovei seus dentes, em seguida os meus. Tirei sua fralda e antes mesmo de fechar ela esticou a mão pedindo pra jogá-la no lixo.

— Calma aí — Fechei e lhe entreguei. Ela conferiu e foi até o lixo, jogou e bateu palmas. — Parabéns, meu amor ! —

— Palabéns Hiley ! — Disse para si mesma me fazendo rir.

— Filha, quer fazer alguma coisa ? — Ela negou. — Tem certeza ? —

Olhou ao redor e negou outra vez.

— Então tá, vamos lavar a mão e ir tomar café — Levantei ela e despejei um pouco de sabão em suas mãozinhas, ela esfregou e eu liguei a água, depois de secar, fiz o mesmo e nós saímos do banheiro.

Hiley já estava com dois anos e seis meses, e no final do processo de desfralde, eu deixava apenas pela noite por segurança, mas de alguns dias pra cá, tinha sempre pouquíssimo xixi, ou nenhum.

Eu estava bem contente com seu progresso.

Sobre as aparências, ela é a cópia daquele cabeça dura, seu sorriso, seu olhar, seu temperamento, mas muitas vezes, era apenas uma chorona, como a mãe.

— Mamãe ? — A olhei. — Maçã ! — Apontou a fruteira e já entendi que o café da manhã que ela queria era salada de frutas.

— Nada de ovos ? Leite ? —

— Hosi não — Disse de um jeitinho fofo.

— Tudo bem então — Terminei de passar o café e chamei um dos peões para levar juntamente com bolo que havia preparado na noite passada.

Ele cumprimentou Hiley e saiu, por minha vez, fui até a fruteira pegar as frutas prediletas dela.

Descasquei e cortei em seu potinho com formato de urso, deixei na mesa com um garfo plástico também de urso e a ajudei a subir na cadeira.

Fui até a pia e tomei minhas vitaminas, logo me sentei pegando um pedaço de bolo e coloquei um pouco de café em minha xícara.

Quando terminamos, ela pediu para brincar lá fora e foi calçando as botas com os pés trocados. Dei risada e me sentei no sofá para consertar aquilo. Peguei seu chapéu e por fim passei seu protetor solar.
Saímos e ela foi logo descendo os degraus para ir de encontro a grama.

— Eu já volto, Hiley, qualquer coisa me chama —

— Tá bom, mamãe —

Entrei outra vez e abri as janelas de casa, lavei a pequena louça que ficou na pia e adiantei o almoço.

Voltei pra varanda e me sentei na cadeira de balanço, dali tinha visão ampla de onde quer que Hiley fosse e poderia acompanhar sua brincadeira.

Procurei esquecer de tudo o que ocorreu, com a ajuda de acompanhamento psicológico na cidade. Mas em certos momentos, quando via minha filha distraída e brincando, penso nas palavras de Brandon ao saber da minha gravidez, das coisas que ele insinuou se meu bebê viesse a ser menina, o'que realmente aconteceu. Sempre me vem hipóteses do que eu teria que fazer para protegê-la, pois descobri depois que ela nasceu, que eu sou capaz de muita coisa para seu bem estar e segurança.

InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora