Incêndio

1K 87 15
                                    

ELISA




Uma cerimonialista se apresentou assim que saí do carro, ela me pareceu muito culta, educada e alto astral. Tudo que uma pessoa precisava para essa profissão.

Minha chegada foi anunciada e ela não demorou a retornar. Me perguntou se eu estava pronta e apenas assenti.

Pude ouvir a marcha nupcial se iniciar e meu coração disparou. Me posicionei e ela me deu um sinal para poder entrar no tempo certo.

Comecei a lenta caminhada até o altar, sozinha. Eu fiquei surpresa, tudo estava impecável, uma decoração em tons de branco e um rosa pastel.

Tinha uma extrema delicadeza em cada ponto de tudo. O meu tapete era branco e haviam pétalas rosas pelo chão, o altar estava incrível.

Os assentos eram sutis, mas cada capa e folha aos seus arredores ornavam.

Tudo foi pensado pela minha sogra, apesar de ser uma infeliz ela tinha bom gosto. Isso eu não podia negar.

Entretanto, nem mesmo toda aquela beleza, me fazia esquecer o sentimento horrível dentro do meu coração.

Meu peito estava apertado, lágrimas copiosas e silenciosas começaram a molhar meu rosto e eu tentava sorrir.

A cada passo que dava em direção a aquele altar, podia me sentir ainda menor diante daquelas inúmeras pessoas, algumas eu nem conhecia, era pura conveniência daquele infeliz chamá-las. Me acompanhavam com olhares raivosos e muitos até de desprezo. Todos haviam visto nas notícias o'que eu fiz. Mesmo sobre segredo de justiça, vazaram notícias e especulações, e claro, ele também deveria ter contado a muitos.

Enquanto andava, sentia um cheiro horrível, parecia gasolina, será que ninguém mais sentia aquilo além de mim ? Eu começava a me sentir enjoada.

Prossegui tentando imaginar outro homem naquele altar, insisti em fingir felicidade, me sentia quebrada, apesar do vestido e maquiagem, eu estava em farrapos, arrasada pela tristeza.

Cheguei naquele altar já quase soluçando por tanta amargura, Brandon me abraçou rapidamente.

— Se controla...— Sussurrou e me soltou.

Sorri pra disfarçar e olhei para o juiz.

— Podemos começar ? — O homem perguntou e nós assentimos. — Bom, estamos aqui...—

Todo o típico discurso foi dito. Conselhos foram soltos, alguns em tons descontraídos, pessoas riram e outras aplaudiram.

Brandon emanava uma felicidade sem igual, seus pais logo atrás observavam tudo, o velho assim como Brandon sorria pelos cotovelos. A mãe observava e vez ou outra me encarava, não parecia tão contente, mas eu não me importava.

Se nem a noiva ligava pra toda essa porcaria, por que ela tinha que ligar ?

Suspirei voltando atenção na cerimônia e as alianças entraram, era a filha de um amigo de Brandon quem trazia, ela tinha apenas cinco anos e era a coisa mais fofa.

Nos entregou as alianças e foi ficar com os pais.

Brandon sorria pra ela e eu sentia ainda mais nojo ao lembrar o que ele disse, sobre meu bebê poder ser menina.


— Brandon, gostaria de realizar os votos primeiro ? — O juiz perguntou.


— Claro — Ele sorriu. — E-Elisa, eu te amo, e você sabe disso. Não tenho palavras para descrever a imensidão desse amor. Desde o dia que nos conhecemos, você se tornou meu tudo. Eu mal consigo respirar sem você por perto, é como se tirassem meu coração.
Tivemos nossos desentendimentos, mas quem não tem ? — Sorriu. — Prometo te fazer a mulher mais feliz desse mundo, hoje e sempre, independente do que acontecer, estarei sempre ao seu lado, como amigo, parceiro, amante, namorado e agora, marido —

InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora