ELISA
Brandon apertou meu pescoço, mas, em momento algum, parei de sorrir.
— Acho que não ouvi direito, o que disse ? — Perguntou com fúria nos olhos.
— Sim, você ouviu muito bem. Brandon, eu não vou tirar esse bebê — Comecei a perder o ar e simplesmente fiz o que havia aprendido com louvor na fazenda.
Me livrei dele num só golpe, o deixando também com dor.
— Quer que o seu amante morra ? —
— Mate-o, fique a vontade, a única coisa que me importa agora é ficar com esse bebê, você não vai tirá-lo de mim —
— E se eu te fizer escolher ? —
— Eu escolho o bebê ! Mil vezes o bebê, um bebê que é meu e dele ! —
— Sua vadia, insolente ! —
Ergueu a mão e desceu com violência para me bater, porém, fui mais rápida segurando o pulso e empurrando seu corpo em seguida.
— Sabe que posso te levar a força, como das outras vezes, não sabe ? —
— Não, não dessa vez — Passei a mão em meu pescoço, ainda doía.
— O que me impediria ? —
— Eu pedi ajuda, você nem imagina de quem foi, se qualquer coisa que não for da minha vontade acontecer, muitas provas serão entregues às mídias a justiça. E até o seu pai será culpado —
— Está blefando !! —
— Acha mesmo ? — Arqueei as sobrancelhas. — Eu disse que ia fazer da sua vida um inferno, e não pretendo amenizar pra você. Então vai, mate o Connor, e tudo vai pelo ares ! —
— Eu vou acabar com essa gravidez, e vou fazer questão de matar você —
— Pode fazer isso agora mesmo se quiser — Cruzei os braços. — Isso podia ter sido mais fácil. Eu vim pronta pra passar o resto da vida com você, em troca da vida dele. Mas você não facilitou, mesmo depois de me arrancar um pedaço do peito, você continuou com suas ameaças —
Brandon parecia estar a um passo de me estrangular. E mesmo correndo perigo eu amava sua cara, ele estava de mãos atadas.
— Eu te disse que não era mais a menina boba que conheceu...você realmente achou que eu ficaria aqui, sem fazer absolutamente nada para me livrar de suas garras ? Eu sou bem mais esperta do que você pensa —
— Não, não se iluda. Vou dar um jeito de te fazer voltar pra coleira —
— Para, para ! Acabou ! Chega de ameaças, eu sei, que independente de qualquer coisa, você não vai me libertar, então...— Passei as mãos no rosto. — Eu permaneço aqui, esse bebê nasce e fica bem, Connor também. E você vai ter o que quer, nos casamos na semana que vem —
Brandon me analisou por completo e chutou a porta extremamente frustrado e raivoso.
— Vai nascer, pra todos, ele será meu. Mas eu não vou dar o mínimo apoio e muito menos afeto, não passará de um bastardo. Outra coisa muito importante, ore aos céus, para que seja um menino —
— O que vai fazer se não for ? —
— Ela será a próxima —
— Próxima ? Próxima a que ? O que quer dizer ? — Meu peito apertou.
— Entenda como quiser — Sorriu e saiu batendo a porta.
Sem hesitar, o segui.
— Sei que estou pensando a longo prazo. Mas se fizer qualquer coisa com meu bebê, eu vou te matar —
— Fique à vontade — Ergueu as mãos e riu, virou-se outra vez e adentrou o próprio quarto.
Tive vontade de vomitar só na possibilidade daquilo ser real.
Tranquei a porta e me sentei na beirada da cama. Meu coração ia pular pela boca a qualquer momento.
— Eu não vou deixar nada de mal te acontecer, pode ter certeza disso — Suspirei.
Tudo que saiu de mim, realmente havia sido um enorme blefe, mas nada além daquilo passou pela minha cabeça. Se não mentisse, outra vez, iria ser obrigada a acabar com uma vida, uma vida que estava sendo gerada pelo meu próprio corpo.
Abri a pasta que trouxe do hospital e observei cada detalhe do primeiro exame, inclusive o tempo de gestação.
Eu estava com exatas nove semanas, minhas contas me fizeram lembrar da noite em que usei o vestido vermelho e ficamos pela cozinha mesmo.
Fechei a pasta com um sorriso triste e suspirei.
— Isso está acontecendo mesmo ? — Olhei minha barriga. Eu realmente estava grávida daquele Cowboy rabugento ? — É, ele é o seu pai...e nem consigo dizer como me sinto com isso — Funguei.
Me deitei arrancando a pulseira de hospital do braço e imaginando como não descobri sobre a gravidez antes. Obviamente, eu não havia menstruado, e sim, tido sangramento de escape. Acho que também não desconfiaria, depois do primeiro aborto, minha menstruação nunca mais havia voltado ao normal.
Minha barriga também não era sarada, tinha notado uma diferença, mas achei que fosse pela péssima alimentação esses meses. Desde a segunda semana, parei de descontar minha raiva e tristeza na bebida, optei inconscientemente por fazer isso na comida e só notei quando me olhei no espelho depois das cobranças de Brandon.
No dia de comprar a porcaria do vestido de noivado. Ele e sua infame mãe estavam comigo, foi apenas mais um capítulo desse grande pesadelo que estou vivendo.
O dia estava amanhecendo, e eu nem mesmo consegui dormir, um sentimento de culpa me invadiu. Eu havia tentando me matar, horas antes de descobrir que estava grávida, havia bebido demais quando retornei.
Tenho consciência de que não sabia, e mesmo assim, me sentia culpada e egoísta. Mesmo com tudo acontecendo ao meu redor, eu ainda me sentia dessa forma.
Minha mente vagou por um instante, mas acabei chegando na fazenda. Imaginei aquele caipira enorme, com um bebê no colo, sorrindo feito bobo. Ou até mesmo, correndo com uma criança mais velha pelo campo, talvez, ensinando a andar a cavalo. Cuidar dos animais.
Me lembrei dele contando com máxima tristeza nos olhos, de como foi tolo ao acreditar que o filho de Naomi também era dele. Ou de como fazia os móveis após cada dia de trabalho.
Sequei meu rosto, eu estava em prantos, meu peito apertado, como se alguém segurasse meu coração com as mãos e o apertasse com intenção de esmagá-lo.
Me sentia horrível, pois sabia que apesar de imaginar coisas boas, meu bebê não teria o carinho de um pai e nem mesmo um lar feliz.
Que, eu não seria bem tratada durante a gravidez, e possivelmente me sentiria sozinha e abandonada na hora do parto.
E Connor, talvez não soubesse nunca, que era pai de um tão sonhado filho.
Respirei fundo tentando segurar o choro.
E se Brandon não cumprisse a palavra ? E se realmente mandasse matar o ele ?
Uma sensação horrível me tomou, entretanto, mesmo que acontecesse, agora mais do que nunca teria que ser forte.
Precisava me levantar, eu sabia, mas, no momento, só conseguia sentir dor.
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Inevitável
RomanceEm um noivado atormentado, Elisa, uma jovem mulher fora dos padrões precisa de ajuda, mal sabe que em pouquíssimo tempo sairá do cárcere em que vive. Ela terá uma nova identidade e será cuidada por David Connor. Um cowboy amargurado, veterano, que n...