Liz estava lendo pela terceira vez o livro Mil e uma noites, sentada num banco no meio do jardim, cercada por flores artificiais de todas as cores. Liz adorava flores, e não queria viver num lugar onde elas não existissem. Juneau era muito frio, e plantas frágeis não sobreviviam na neve. Então Liz fez seu
próprio jardim com flores artificiais. Ela estava linda como sempre, sentada de pernas cruzadas como um índio, com a cabeça baixa como se estivesse lendo, mas eu sabia que não estava, pois não saia da mesma página. Ela só queria que o tempo passasse logo. Fiquei observando por um tempo, mas logo pulei na sua frente imitando tudo que vi Roy fazendo. Dei piruetas e errei algumas coisas, mas logo improvisei. Ela olhava assustada para mim, esperando uma explicação. Ela não riu nenhuma vez e eu não sabia mais o que fazer.
Então falhei de novo, meu plano C foi por água a baixo. Sentei no chão, esmorecido. E fui pego de surpresa quando ela me abraçou. Eu não sabia se ela acabara de me perdoar, ou se só estava com pena de mim.
- Você é muito bobo James.
- Eu seria qualquer coisa pra você me perdoar.
- Que bonitinho.
Sorri. Ficamos abraçados em silencio por um tempo.
- Espera um pouco, Liz. Eu já volto.
Fui até o quarto do Roy e pedi a ele para fazer um favor para mim.
- Já está abusando - disse ele.
- É por uma boa causa, Roy.
- Está bem. Mas já está me devendo três.
- Quando for a hora, se concentre, fique nervoso e pense em mim.
- Por quê? O que é isso cara? Já estou desconfiando que o pai estava certo a seu respeito.
- Depois eu explico. Só fique nervoso e pense em mim, somente em mim.
- Acho que eu já entendi.
Sai para conversar com a Liz, pedir perdão e explicar tudo o que aconteceu. Já estava escurecendo e andávamos de braços dados sobre a floresta.
- Liz. Eu sinto muito mesmo. Eu fiquei muito mal vendo você daquele jeito. Eu não podia ficar sem fazer nada. Eu preciso ter você ao meu lado. Me perdoe, por favor.
- Eu já te perdoei James. Me desculpe por toda a minha emotividade.
- Eu juro que não fiz de propósito.
- Tudo bem James, eu acredito em você.
Eu não sabia se eu contava a ela sobre a menina dos olhos claros. Que eu a conheci, que eu consegui ficar perto dela como temia, que o meu auto-controle falho era apenas coisas da minha cabeça; queria muito contar tudo isso a ela. Mas talvez isso estragasse o momento. Liz não estava mais com aquele olhar amargurado, ela não estava mais triste. Ela voltara a ser aquela Liz feliz de sempre e eu queria conservar isso. Mas eu precisava dar uma satisfação por não ter chegado na hora exata como o combinado.
- Liz. Eu te devo uma satisfação, não é?
- Você não me deve nada.
- Não deu para eu chegar a tempo.
- Eu não te culpo. Mas você poderia ter me avisado que não iria mais.
- Eu ia, mas eu esqueci - eu poderia estragar tudo com essa frase.
- Esqueceu?
- Desculpa.
- Pare de pedir desculpas. Eu já te desculpei. Mas como você pôde ter esquecido?
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Entre Nossas Diferenças
Vampire"Uma metamorfose. Mudança de forma e estrutura, pela qual passam certos animais, como a borboleta. De certa forma, já passei por uma também." James, um jovem rapaz alto e de longos cabelos loiros, ao se ver numa situação em que sua vida é mudada r...