De manhã bateram em minha porta, gritei para entrar. Com certeza era Roy querendo saber o que tinha acontecido.
— E ai? Ta mais calmo? — perguntou Roy, entrando e fechando a porta.
— Quem disse que eu estive nervoso?
— Sua expressão disse. E você não disse nada no caminho inteiro para cá.
— Não posso comemorar em silêncio a conciliação da Dakota e o Alex?
— Puts, cara!
— É... Quando você disse que eu não estava com sorte ontem; você tinha total razão em dizer isso.
— O que aconteceu ontem?
—Alex armou para mim, e a Dakota me viu beijando uma garota. E o pior ainda, tenho que admitir, parecia que eu estava mesmo beijando a garota contra a vontade dela.
— Que situação... Acho que sei do que você está precisando agora. — Ele sorriu com malicia.
Eu ri.
— Cara, me ferrei! — exclamou Ben, entrando de supetão no quarto.
Me levantei inopinadamente e fui até ele.
— Você sabia de tudo, não é Ben? — Vociferei.
— Do que está falando, James?
— Ok, pode parar de fingir! Vocês armaram pra mim e eu cai igual um patinho!
— Roy, do que ele está falando?
Roy olhou sem entender.
— Bem que eu desconfiei quando você veio com a conversa de que queria se desculpar!
— James, eu não estou entendendo! Eu realmente queria me desculpar, achei que já estivéssemos de boa!
— Esperou que eu confiasse em você pra me fazer perder! Ok, Ben, você é o ganhador ha muito tempo, por que não larga do meu pé? Me deixa em paz, cara!
Ele continuava a me olhar com uma expressão surpresa e confusa.
— Eu não fiz nada.
Eu ri ironicamente, andando pelo quarto, me controlando pra não dar um soco na cara dele.
— Eu juro, dessa vez não fiz nada!
Eu continuava a andar pelo quarto, com os punhos fechados.
— Você me disse pra ir naquela maldita balada ontem! — Vociferei, apontando o dedo na cara dele. — Foi questão de menos de 5 minutos pra uma garota me arrastar pra fora e me beijar na frente da Dakota! Como me explica isso? Foi muito rápido pra Alex não ter planejado antes!
— Cara, eu te avisei que ele é esperto!
— Há! Não vem com essa!
— Eu não tive nada a ver com isso, James. Acredite em mim, eu só quis ajudar.
— Bela ajuda!
— É sério, eu não fiz nada...
— Cala a boca! — Me descontrolei, o agarrei pela blusa e joguei contra a parede — Você não me engana mais!
Roy correu até nós, me segurou, sem me puxar.
— Cara, solta ele — intercedeu.
Ben ainda me olhava com aquela expressão de vítima; isso me deixava com ainda mais raiva, eu bufava de ódio.
— Solta, James. Ele não fez nada mesmo — continuava Roy.
— Como saberia? —perguntei, sem tirar os olhos de Ben.
— Não percebeu que ele não está revidando?
— E dai?
— O Ben não revidar? Sério que não achou estranho?
Tentei escutar o que Ben estava pensando; e tudo o que passava na cabeça dele, levava a pensar que ele realmente não teve culpa, em momento algum seus pensamentos oscilaram para suspeita. Sem contar que Roy tinha razão, Ben era genioso e muito mais forte que eu, se não revidou era por que realmente não queria continuar aquelas desavenças.
Soltei ele; Estava nas pontas dos pés, contra a parede; então se recompôs e alisou a blusa amassada pelas minhas mãos. Continuava a me olhar, sem nada a dizer.
Me senti envergonhado pela atitude.
— Desculpe — pedi, me afastando e desviando o olhar.
Sentei na cama, e coloquei as mãos no rosto; sentia vergonha até de olhar pra Ben.
— Cara, isso tá me deixando paranoico...
— Relaxa — disse Ben. — Eu entendo sua desconfiança; já fiz bastante besteira, mas agora quero provar que posso ser melhor.
— Vamos deixar isso pra lá; foi só um mal entendido — disse Roy, tentando quebrar o clima. — O que você ia dizer, Ben? Disse que se ferrou...
— Contei pra Liz... Confessei o que sinto por ela...
— Até que enfim! Só não entendi por que isso é ruim.
— O que ela disse? — perguntei.
— Que sente muito. Ela me considera um irmão, como eu já imaginava... E acha estranho eu gostar dela.
— Dê tempo ao tempo, Ben — eu disse.
— É, pode ser que mais tarde ela mude de ideia — disse Roy.
— E agora? Com que cara irei olhar para ela?
— Com a mesma de sempre, ué.
— Eu não devia ter dito nada...
— Calma... Isso não é nada, se você não arriscasse nunca iria saber — eu disse.
— Nossa... Essa família não esta nos melhores dias... — murmurou Roy.
— Você também não está com cara de quem acordou de bem com a vida, Roy — disse Ben.
— Fiquei com a Veronika ontem.
— Isso é bom... não é? — Ben olhou confuso para ele
— Bom... Em partes sim. Mas agora eu estou sentindo aquela sensação chata de que não estou fazendo a coisa certa, sabe?
— Eu nunca vi alguém tão complexado igual a você, Roy — eu disse.
Ficamos quietos por alguns segundos.
— Queria tomar um porre agora; pena que álcool já não faz mais o mesmo efeito — comentou Ben.
— Eu também... — murmurei.
— Estamos parecendo três menininhas — disse Roy. — Vamos parar de reclamar e fazer algo.
— Fazer o que, Roy? Já bebi um litro de Vodka e só fez cócegas — disse Ben.
— Vodka é para os fracos — Roy sorriu com malícia. — Sei de algo melhor.
— O que? — Ben perguntou interessado. Roy lançou um olhar travesso para mim.
— Bom, eu não sei o verdadeiro nome... Mas eu chamo de uva. — Ele abriu um sorriso largo.
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Entre Nossas Diferenças
Vampire"Uma metamorfose. Mudança de forma e estrutura, pela qual passam certos animais, como a borboleta. De certa forma, já passei por uma também." James, um jovem rapaz alto e de longos cabelos loiros, ao se ver numa situação em que sua vida é mudada r...