Fico um bom tempo encarando Alfredo, porque existem muitas coisas sobre ele que eu quero descobrir. E quando ele fala sobre o encontro, tenho certeza que vai me surpreender. Ele não parece ser o tipo de cara que faz algo meia boca, sem pensar muito antes.
—Pra onde você vai me levar então? —Indaguei, deslizando pelo gelo e fazendo círculos ao redor dele, vendo seus olhos me seguirem por todo percurso com certa diversão.
—Vou te levar pra jantar no melhor restaurante de Aspen. —Eu ergui as sobrancelhas e o sorriso dele aumentou. —Fiz as reservas depois que te deixei em casa hoje cedo.
Não digo nada, mas acabo sorrindo. Estou começando a gostar dessa autoconfiança dele.
—O que eu devo vestir? —Mordi o lábio, repassando todas as roupas que havia trazido, tentando pensar de uma delas era digna de um jantar.
—Coloque seu melhor vestido... Apesar de eu ter certeza que você ficaria linda vestindo até mesmo um saco de batatas. —Ele continuou me seguindo com os olhos enquanto eu me afastava, rindo daquela afirmação. —Passo pra pegar você as oito. Tem alguma observação?
—Está mesmo me perguntando isso? —Eu ergui as sobrancelhas, ainda rindo.
—Estou. —Ele se moveu, com os patins correndo pelo gelo quando se aproximou de mim. —Quero que seja agradável pra você.
—Bom, sendo assim, nada de flores. —Afirmei, vendo os lábios dele se comprimirem, como se ele já estivesse pensando em qual buquê iria comprar pra mim.
—Anotado. —Falou, com o sorriso voltando a ficar maior. —Nada de flores. Mais alguma coisa? —Balancei a cabeça negativamente. —Qual o seu doce favorito?
Fiz uma careta com aquela pergunta aleatória, mas como Alfredo parecia realmente interessado, falei o que eu normalmente sempre gostava de comer.
—Cupcake. —Mordi o lábio, vendo ele pegar o celular e digitar algo rápido, antes de olhar pra mim e sorrir. —O que está fazendo?
—Nada. Só falando com meu irmão. —Ele deu de ombros, me dando toda certeza de que estava aprontando alguma coisa. Mas pelo visto não tinha a intenção de me contar.
[...]
—Gavin! —Gritei do quarto, enquanto tirava o secador da tomada e olhava as horas, com meu coração super ansioso. —Vem aqui agora!
—Quê é, praga? —Ele parou na porta do quarto, com a cara toda acinzentada do skincare que estava fazendo. Soltei uma risada com isso, vendo os fios de cabelo ruivo que haviam ficado presos na massa cinzenta na testa.
—Preciso da sua ajuda. —Afirmei, puxando as coisas da minha mala até encontrar os três vestidos perfeitamente embrulhados que estavam ali. Preto, vermelho e prateado. —Vou sair pra jantar com o Alfredo. Qual deles você prefere?
Coloquei os vestidos sobre a cama, agarrando os pares de sapatos que havia levado e que combinavam. Por mais que a modelo fosse minha irmã, eu era uma pessoa apaixonada por roupas. Principalmente vestidos e sapatos. Não vou mentir dizendo que não tenho um closet cheio deles em Nova Iorque, porque eu tenho. Isso se Greta não tacou fogo em tudo. O que eu não duvido de mais nada hoje em dia.
—Jantar? —Gavin mordeu um pedaço de pepino que eu nem havia notado que estava segurando, provavelmente para colocar sobre os olhos. —O vestido vermelho.
—O vermelho? —Olhei para o vestido vermelho, lembrando de quando o comprei.
Era verão, aniversário do Edward e ele não me deixou usar o vestido porque o achava chamativo e revelador demais. Ele ficou guardado no meu closet desde então. Não sei porque dei ouvidos pra ele naquele dia. Eu deveria sim ter usado o vestido.
—Se vai sair pra jantar com aquele cara, faça jus a beleza que tem, meu bem. —Gavin abriu um sorriso maroto. —O vermelho, com toda certeza. —Ele apontou para a sandália preta jogada no canto da mala. —E use ele. Tenho certeza que vai deixar Alfredo sem palavras com essas pernas bonitas.
Soltei uma risada, jogando um travesseiro em Gavin.
—Quero que se divirta, Grace. Porque isso é um encontro, mas por você mesma também. —Ele puxou a cadeira em frente a penteadeira antiga, indicando que eu me sentasse. —Maquiagem?
—Por favor, sr. Harris. —Abri um sorriso, me sentando e deixando que Gavin cuidasse de tudo.
[...]
Gavin me ajudou a colocar o casaco preto que ia até meus joelhos e escondia parte do vestido macio e brilhante. Ainda estava um frio terrível lá fora e eu não queria morrer congelada. Eram quase oito horas e Alfredo ainda não tinha aparecido. Mas ele também não fazia o estilo de quem se atrasava. Tinha pegado o número dele com Gavin depois que voltamos pra casa e fiquei muito tentada a enviar uma mensagem a ele perguntando se estava tudo certo. Mas me contive, porque não queria que ele soubesse o quão nervosa e ansiosa estou.
Olhei para Gavin quando alguém bateu na porta, vendo ele erguer a sobrancelha. Seu rosto já estava limpo e brilhante, com as bochechas cheias de sardas a mostra quando sorriu pra mim. Soltei uma respiração pesada e abri a porta.
Já tinha visto Alfredo de smoking pelas fotos na casa dele, mas nada havia me preparado para vê-lo pessoalmente com um. Fazia jus ao apelido que Gavin deu a ele. O preto definitivamente era a cor dele. Estava com os cabelos arrumados, os sapatos brilhantes e o smoking preto caindo perfeitamente sobre o corpo. E segurava um buquê peculiar de cupcakes, que o davam um ar completamente fofo quando sorriu pra mim.
—Ei, você está linda. —Afirmou, dando um passo para dentro do apartamento, sem tirar os olhos dos meus.
—É porque você não viu o que tem embaixo do casaco. —Gavin murmurou, me fazendo olhar furtivamente por ele. —E o que tem por baixo do vestido.
—Gavin! —Sibilei, com meu rosto se incendiando. Alfredo deu uma risada e balançou a cabeça, estendendo o buquê pra mim. Os Cupcakes estavam presos em vários pálidos e envolvidos por um papel rosa e outro roxo.
—Você disse sem flores. —Comentou, quando apenas segurei aquilo e encarei os Cupcakes. —Mas não me falou nada sobre outras coisas.
Eu não disse, porque só consegui pensar em todas as flores que ganhavam e que no final não tinham significado. Mas aquilo ali era diferente. Fez meu coração dar uma cambalhota dentro do peito.
—Eu fico com isso. —Gavin tirou o buquê das minhas mãos, puxando um Cupcake e dando uma mordida. —Bom jantar, pombinhos.
Olhei para Alfredo quando Gavin desapareceu no quarto com os Cupcakes. Nós dois rimos ao mesmo tempo, com o ar leve e descontraindo se instalando. Meu estômago se encheu de borboletas quando ele ofereceu o braço pra mim e eu deixei que ele me guiasse.
Continua...
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Naquele inverno / Vol. 2
RomanceGrace Bailey tinha absolutamente tudo que alguém poderia desejar na vida. Um pai amoroso que a enchia de presentes, uma carreira em ascensão como patinadora, o amor incondicional do namorado e um melhor amigo que a apoiava até mesmo nas ideias mais...