Capítulo 30: Boa noite, cupcake.

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Grace

Gavin sempre teve a mania de ser um poço de preocupação. Então quando soube do que aconteceu não demorou muito pra eu me ver sentada na ponta da cama levando um puxão de orelha dele. Ele parecia um irmão mais velho irritado. Mas ele sabia que era exatamente isso que eu pensava dele, ele era meu irmão mais velho.

—Você disse que ia dar uma volta, não que ia patinar naquele lago! —Soltou, balançando a cabeça negativamente enquanto mantinha as mãos na cintura.

—Pode parar de dar uma de galinha superprotetora com seus filhotes? —Falei, vendo ele soltar uma risada. —Eu. Estou. Bem!

—Eu sei, mas você... —Ele parou de falar, apertando as bochechas sardenhas antes de puxar os cabelos ruivos para trás com força. —Ainda bem que eu mandei o Alfredo atrás de você. E se todos nós tivéssemos ido pra cachoeira? Você ia estar sozinha quando acontecesse.

—Eu sei nadar. —Falei, mesmo sabendo que era a coisa errada a dizer no momento.

—Ah, sim. —Ele soltou uma risada desdenhosa. —Não vou nem comentar sobre isso.

—Gavin! —Exclamei, ficando de pé e cruzando os braços na frente do corpo. —Eu sei que fiz besteira. Mas eu estou bem. Vamos, por favor, mudar de assunto? Quero aproveitar a noite e não ficar recebendo puxão de orelha.

—Tudo bem. —Gavin suspirou. —Eu só me preocupo com você. Fiquei assustado quando Alfredo contou.

—Eu estou bem. Ele cuidou de mim. —Afirmei, abrindo um sorriso e vendo Gavin cerrar os olhos pra mim, exibindo uma expressão marota. —Agora... tenho uma entrevista pra fazer. E você, sr. Harris, vai participar também.

—Adoro ser alvo de fofocas. Vamos dar a esse povo o que falar. —Gavin murmurou, me fazendo gargalhar.

Então chamamos Rebeca e Vincent pro quarto, nos sentando de frente pra eles. Gavin respondeu algumas coisas e contou outras, até que eu comecei a falar. Se iam fazer matérias sobre mim, então eu ia participar ativamente delas, contando a minha versão dos fatos.

[...]

A noite passou como um borrão de risadas quando todos nós juntamos pra jantar. Felizmente ninguém mais tocou no meu pequeno incidente no lago. Na maior parte do jantar, eu e Alfredo ficamos longe um do outro, com nossos olhares se encontrando as vezes. Ele sempre abria um sorriso pra mim quando isso acontecia e eu sempre acabava retribuindo.

Agora eu estava na cama, me revirando de um lado para o outro, sem conseguir parar de pensar no quase beijo, nos cuidados dele comigo quando cai no lago, a forma como me olhava e demonstrava preocupação. Agora, sempre que ele olhava pra mim, eu ficava com um tremendo frio na barriga, ansiosa por ouvir qualquer palavra ou pra ganhar qualquer sorriso dele.

Me sentei na cama, mordendo o lábio e olhando para o quarto escuro. Todos deveriam ter ido dormir já. Gavin e Ian iam dividir um dos quartos, assim como Pietro e Hermione. Tinha sobrado três quartos e Alfredo e Vincent se disponibilizaram de dividir um, deixando eu e Rebeca ficarmos com os outros dois só pra nós.

Me levantei, enfiando os pés nas minhas pantufas e caminhando até a porta. Não sabia bem o que ia fazer, só precisava fazer alguma coisa. Então abri a porta do quarto, ao mesmo tempo que a porta da frente do outro lado do corredor também se abria e Alfredo saia por ela. Ele me olhou surpreso, fechando a porta atrás de si, enquanto eu permanecia dentro do quarto com a porta aberta.

—Oi. —Ele abriu um sorriso pequeno. —Está sem sono?

—É, não consigo dormir. —Dei de ombros, vendo-o balançar a cabeça.

—Eu também não consigo. —Ele abaixou os olhos para minhas pantufas, abrindo um sorriso maior ao ver que elas eram dois unicórnios chamativos. —Gostei da pantufa.

—Obrigada. —Soltei uma risada, sentindo meu rosto corar. —Elas são um charme.

—São mesmo. —Ele concordou, erguendo os olhos pra mim de novo.

Não falamos mais nada, apenas ficamos olhando um para o outro. Meu coração estava tão acelerado que eu podia ouvi-lo e tinha quase certeza que Alfredo também podia ouvir. E aquelas borboletas estavam não só no meu estômago, mais por todo meu corpo, fazendo cada parte de mim ficar ansiosa e nervosa.

—Bem... —Ele soltou uma respiração pesada e eu senti como se houvesse um imã entre nós. Uma eletricidade única e perfeita.

—Boa noite. —Falei, fechando a porta do quarto e encostando a testa na mesma, ouvindo ele murmurar um "boa noite, cupcake". Mas não aguentei por muito tempo. Abri a porta de novo, encontrando Alfredo parado no mesmo lugar, esperando. —Alfredo...

—Grace... —Ele olhou pra mim, com o peito subindo e descendo antes de dar um passo na minha direção. —Você...

—Sim? —Ele veio mais perto, parando bem na minha frente, fazendo meu coração martelar dentro do peito e minha respiração ficar desregular.

—Você está sentindo isso também, cupcake? —Indagou, erguendo a mão e tocando minha bochecha, fazendo meu corpo inteiro se arrepiar. —Me diz que você está sentindo a mesma coisa que eu, por favor? Que você quer isso tanto quanto eu?

Soltei uma respiração pesada, sentindo a testa dele tocar a minha. Meus olhos encararam os dele, sem conseguir piscar ou desviar. Nossos narizes se roçaram e meu coração explodiu dentro do peito.

—Eu quero. —Afirmei, observando o sorriso enorme e feliz que se abriu nos lábios dele, que fez meu coração ficar ainda mais acelerado.

Alfredo fechou a porta com o pé, me abraçando pela cintura enquanto a outra mão segurava meu rosto. Então eu estava presa contra a porta, com o corpo dele grudado no meu e os lábios dele pressionados contra os meus em um beijo totalmente necessitado.



Continua...

Naquele inverno / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora