Capítulo 27: Pronta, cupcake?

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Olhei um pouco desconfiada para a colina em que estávamos, tentando ter certeza que descer aquilo era seguro. Não estávamos em uma estação de esqui, estávamos no meio do nada. O morro parecia seguir sem árvores pelo caminho, mas eu estava tão azarada nos últimos dias que não duvidava que encontraria uma pelo caminho se descesse.

—Não estou certa sobre isso. —Falei, umedecendo os lábios com a língua. —Se um de nós se machucar, a cidade fica a quilómetros daqui e a estrada estava praticamente fechada quando viemos.

—Bem, eu concordo com a Grace. —Vincent se remexeu, ajustando os óculos no rosto. —Não me parece muito seguro.

—Jesus cristo! —Rebeca gemeu, esfregando as têmporas. —Todos disseram que queriam esquiar. Pensem pelo lado bom, não precisamos dividir o espaço com ninguém.

—E o dono do chalé garantiu que era seguro. —Ian completou, me fazendo comprimir os lábios.

Eu queria realmente esquiar, mas também estava zelando pela minha pobre alma já muito ferida.

—Podemos tentar de outra forma. —Alfredo falou, chamando a atenção de todos. —Talvez até mesmo mais divertida.

Olhamos pra ele, vendo-o dar de ombros e se virar, começando a caminhar em direção a cabana. Pietro seguiu ele, assim como Gavin. Os três entraram na garagem, sumindo por alguns segundos, antes de voltarem carregando pranchas enormes e com cores chamativas.

—Vocês querem... escorregar na neve com isso? —Hermione fez uma careta.

—Elas foram feitas pra isso, meu bem. —Pietro afirmou, abrindo um sorriso pra ela. —Como Alfredo disse, pode ser mais divertido.

—Ah, eu to dentro. —Rebeca exclamou, pegando uma das pranchas que estava nas mãos de Gavin. —Só quero descer essa colina, não importa como.

—Temos só 4 pranchas e somos em 8. —Gavin falou, parecendo contar em quantos erámos para ter certeza. —Podemos descer em duplas.

Ian grudou em Gavin, ao mesmo tempo que Hermione e Pietro se aproximavam e Alfredo passava os braços ao redor do meu ombro. Rebeca fez uma careta, devolvendo lentamente a prancha para Gavin.

—Pensando bem, não quero descer essa colina de jeito nenhum. —Murmurou, enquanto Vincent revirava os olhos.

Trocamos olhares, antes de nós seis cairmos na gargalhada. Rebeca bufou, impaciente, enquanto Vincent ficava mais vermelho que um pimentão, olhando para qualquer lugar menos pra nós.

—Parem com isso! —Rebeca chiou, agarrando a prancha de novo, antes de se virar e arrastar Vincent com ela até a beirada da colina. —Vamos descer de uma vez.

—Devo temer pela minha vida? —Vincent indagou, olhando pra nós por cima do ombro. Ian deu um joinha com a mão pra ele, fazendo todo mundo rir de novo. —Esperamos vocês lá embaixo... Se eu sobreviver.

—Deixa de ser dramático. —Rebeca resmungou, sentando na prancha e abrindo espaço para Vincent sentar atrás dela.

Foi engraçado ver os dois tentando ter o mínimo de contato possível ali, já que Rebeca parecia irritada e Vincent constrangido. Pietro e Ian empurraram os dois, fazendo a prancha deslizar pela neve fofa e então sumir colina a baixo.

Ian e Gavin foram logo em seguida, depois Pietro e Hermione, deixando eu e Alfredo por último. Me sentei na prancha, sentindo a presença de Alfredo atrás de mim, quando se sentou, deixando as pernas ao lado do meu quadril.

—Pronta, cupcake? —Indagou, tocando minha cintura de leve, me fazendo engolir em seco.

Balancei a cabeça afirmativamente, sentindo o sorriso dele contra o meu ombro, Alfredo abraçou minha cintura, antes de nós dois inclinarmos o corpo para trás quando a prancha deslizou pela neve. Agarrei os braços de Alfredo que estavam ao redor de mim, enquanto nosso corpo se inclinava para trás, com o vento cortando o ar ao nosso redor.

Soltei uma risada quando Alfredo gritou atrás de mim, erguendo as mãos pra cima. Ergui as mãos também, soltando um grito junto com ele, antes de nossas risadas tomarem conta do momento. A prancha deslizou ainda mais rápido pela colina e aquela sensação de alegria me deu certeza que eu iria querer fazer aquilo de novo com Alfredo.

[...]

—Isso foi muito mais do que divertido. —Afirmei, girando o rosto para olhar para Alfredo. Ele estava deitado na neve ao meu lado, um pouco ofegante e corado por conta do frio. —Deveríamos fazer de novo.

—Sim, deveríamos. —Concordou, com uma voz rouca e baixa. —Onde acha que os outros estão?

—Eu não sei. Está tudo tão quieto aqui. Acha que estão aprontando alguma coisa? —Indaguei, ainda observando o rosto dele, sentindo vontade de tocar as bochechas coradas dele. Era a coisa mais adorável.

—Tenho certeza. Eles não são nem um pouco confiáveis. —Seu comentário me fez soltar uma risada alta e tampar a boca com a mão. Alfredo riu junto comigo, se virando para olhar pra mim.

Meu sorriso morreu quando percebi a forma que ele estava me observando, sério e tranquilo, com os lábios entreabertos e os olhos bem apertos e fixos nos meus. Pareciam haver imensidões de palavras naqueles olhos, que ele queria dizer a mim, mas sem saber como.

Meu coração disparou dentro do peito quando ele se deitou de lado, erguendo um pouco o tronco e se inclinando na minha direção. Minha boca secou quando ele tocou minha bochecha, acariciando com o polegar, antes de colocar alguns fios de cabelo rebeldes atrás da minha orelha.

—Você é tão linda, Grace. —Suspirou, encostando a testa na minha, fazendo meu rosto esquentar e meu estômago se encher de borboletas. —Tão linda a ponto de me deixar sem palavras quando a vi pela primeira vez.

Oh, meu Deus, oh, meu Deus, oh meu Deus...

Ergui a mão e segurei a nuca dele, sentindo-o se aproximar ainda mais. Meu coração deu um salto no peito quando sua respiração quente acariciou meus lábios. Inclinei minha cabeça, deixando nossos lábios quase se tocarem, enquanto apertava a nuca dele para deixar claro o quanto eu queria aquilo. Queria desde o momento que ficamos presos naquele carro. Queria desde nosso primeiro encontro.

Alfredo sorriu de leve, roçando o nariz no meu, enquanto eu sentia meu corpo inteiro mole como gelatina. Iriamos nos beijar. Aquilo ia mesmo acontecer. E eu não tinha duvidas de que, como o restante das coisas que Alfredo fazia, eu ia amar aqueles beijos.


Continua...

Naquele inverno / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora