Capítulo 50: Últimos dias.

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Grace

Meus dias em Aspen começaram a passar rápido demais, até minha viagem de volta ficar programada para dali uma semana. Eram meus últimos dias naquela cidade congelante e eu já estava morrendo de saudades do lugar, de Alfredo e dos amigos que eu havia feito ali.

Encarei o vestido prateado que eu estava usando, enquanto mordida o lábio e balançava a cabeça negativamente. Alfredo insistiu muito em me levar em outro encontro, como se já não tivéssemos namorando. Eu me contentava em ficar jogada na cama com ele, assistido um filme ou apenas jogando conversar fora. Mas ele parecia querer muito outro encontro e eu não saberia dizer não.

Gavin foi até a porta abrir para Alfredo quando ele chegou. Me olhou no espelho uma última vez, abrindo um sorriso muito grande e finalmente sai do quarto, encontrando Alfredo com aquele smoking preto que o deixava parecendo realmente um príncipe encantado das trevas. Talvez eu já tenha dito isso, mas preto é realmente a cor dele.

—Você está linda. —Afirmou, trazendo consigo um buquê de cupcakes de novo. Gavin arrancou da mão dele antes que o mesmo tivesse chance de me entregar.

—Ela não vai poder comer eles agora mesmo. —Gavin deu de ombros, passando por mim e indo em direção ao quatro, enquanto comia um dos cupcakes como da primeira vez. —Bom jantar, crianças. Não façam nada que eu não faria e usem camisinha. Não tô pronto pra ser tio ainda.

—Sutil, Gavin. Muito sutil. —Afirmei, fechando meus olhos com força enquanto Alfredo soltava uma risada. —Ei... você também está lindo.

O abracei pelos ombros, vendo seu sorriso se alargar e ele se aproximar para roubar um beijo meu.

—Tenho que estar a sua altura, cupcake. —Murmurou, se afastando e me oferecendo um braço. —Vamos em uma pizzaria hoje.

—O que? Com essa roupa? —Parei de andar, antes de perceber que ele estava brincando, já que soltou uma gargalhada. —Alfredo!

—Relaxa. Vamos ter um jantar de verdade, apesar de eu amar pizza. —Ele me puxou em direção a saída. —Um jantar e um lugar pra dançar.

—O que você está aprontando, hein? —Indaguei, umedecendo meus lábios com a língua, sentindo um certo frio na barriga quando Alfredo abriu a porta do carro pra mim.

—Só quero aproveitar seus últimos dias aqui da melhor forma possível. —Ele se inclinou para dentro do carro, pegando o cinto e passando por mim até prendê-lo. Então seus olhos encontraram os meus e aquela coisa perfeita entre nós se acendeu. Abri um sorriso e puxei a nuca dele e o beijei, aproveitando cada segundo para gravar o gosto dele.

—Me leve para jantar, raio de sol. —Pedi, sem deixar de encarar o sorriso enorme que estava no rosto dele.

[...]

O restaurante em que estávamos era muito bom. A comida era excelente e havia uma pequena pista, onde alguns casais dançavam juntos. Meus dedos estavam entrelaçados com os de Alfredo, enquanto eu absorvia o clima perfeito que estava no momento.

—A comida do meu irmão é melhor. —Alfredo afirmou, enquanto empurrava o prato depois de terminar. Olhei pra ele com as sobrancelhas erguidas.

—Seu irmão não está aqui, não precisa puxar no saco dele, não. —Retruquei, empurrando o ombro dele de leve com o meu, o fazendo rir. —Pensei que conhecesse o dono do restaurante.

—Eu conheço. —Alfredo indicou algumas mesas mais à frente. Olhei na mesma hora, vendo um rapaz com um Dólmã branco e óculos de grau, que estava cumprimentando alguém mais à frente. —Collin Willis. Estudou gastronomia com o meu irmão. Mas enquanto o Pietro se dedicou a arte dos doces, o Collin abriu um restaurante, como o pai dele. É meio que coisa de família.

O rapaz olhou na nossa direção, como se notasse que estava sendo observado. Ele abriu um sorriso e acenou para Alfredo, antes de voltar para a cozinha.

—Normalmente, quando não temos muito tempo, eu, o Pietro e a Hermione almoçamos no restaurante do pai dele. —Alfredo prosseguiu, antes de rir. —A comida é boa, mas não tanto quanto a do meu irmão.

Olhei pra ele e acabei rindo, porque Alfredo estava com uma expressão cheia de segundas intenções. Ele ficou de pé, estendendo a mão pra mim, enquanto eu sentia meu coração disparar dentro do peito.

—Me daria a honra de uma dança? —Pediu, me fazendo abrir um sorriso e segurar a mão dele.

—Será um prazer. —Fiquei de pé na frente dele, segurando a saia do vestido. Quando nós viramos, uma moça surgiu bem na nossa frente, usando um vestido preto que ia até as coxas. Parecia ter mais ou menos a minha idade e tinha o celular em mãos, parecendo super nervosa.

—Oi... será que eu poderia tirar uma foto com você? —Ela pediu, abrindo um sorriso nervoso, antes de olhar para Alfredo. —Oi, Alfredo.

—Er... —Alfredo fez uma careta, parecendo querer rir. —Oi, Jenny, tudo bem? —A garota balançou a cabeça, parecendo constrangida, então Alfredo se virou pra mim, e gesticulou pra ela. —Grace, Jenny. Jenny, Grace. Nós estudamos no mesmo colégio.

Ele indicou o celular e Jenny entregou a ele com a câmera aberta. Enquanto ela se afastava e se ajeitava para tirar a foto, Alfredo olhou pra mim e falou sem emitir som.

—A garota do fatídico dia. —Ele sorriu, se afastando de mim e erguendo o celular, enquanto meu queixo caia.

Alfredo mordeu o lábio para não rir e escondeu o rosto atrás do celular, enquanto eu ia para perto da moça. Ela ainda parecia constrangida, mas agora eu entendia o motivo. Fiquei parada e esperei que Alfredo tirasse a foto, antes de me afastar dela.

—Obrigada. —Ela sorriu pra mim e pegou o celular da mão de Alfredo, sumindo em segundos. Observei ela atravessar todo restaurante até entrar no banheiro então me virei para Alfredo, que começou a rir.

—Eu não acredito. —Falei, começando a rir junto com ele. —Foi ela que vomitou em você?

—Foi. —Ele passou o braço pela minha cintura, vermelho de tanto rir. —A coitada ficou até branca quando olhou pra mim.

—Tadinha. —Tampei a boca com a mão, tentando abafar a risada alta que queria sair. —Ela estava tão constrangida, Alfredo.

—Tadinha? —Ele me puxou em direção a pista. —Quem levou banho de vômito foi eu. Nojento e constrangedor. Hoje acho isso engraçado, mas na época foi terrível. Tadinho do meu smoking, não sobreviveu aquele dia.

Mordi o lábio, vendo que Alfredo ainda estava rindo quando me abraçou pela cintura e eu o abracei pelos ombros, começando a se mover no ritmo lento da música que estava tocando.

—Ela é bem bonita. —Falei, lembrando dos olhos claros e dos cabelos cacheados e escuros da garota. Alfredo deu de ombros, erguendo a mão para colocar uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

—Você é muito mais bonita que ela, cupcake. —Ele se inclinou e tocou sua testa na minha, enquanto me guiava naquela dança lenta. Nossos olhos ficaram abertos, conectados. —E não me incomodo nem um pouco com aquele fatídico dia, sabia? Mesmo que ele não tenha saído como eu esperava.

—Por quê? —Questionei, sentindo as borboletas dançando no meu estômago também, junto com nós dois.

—Eu disse pra você, gosto de pensar que quando vou usar uma roupa dessas, vou conquistar a garota mais linda do baile. —Ele sorriu, roçando os lábios nos meus. —E eu consegui, Grace. Você é a garota mais bonita do baile e é a única que eu quero. Amo você, princesa do gelo.

—Também amo você, príncipe das trevas. —Sussurrei, sentindo ele sorrir contra os meus lábios antes de juntá-los e me beijar.



Continua...

Naquele inverno / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora