Não é tão difícil perceber que Pietro herdou toda parte tranquila e pacífica da família, enquanto eu fiquei com a parte da confusão e da briga. Ele não curte muito quando eu arrumo briga com alguém, mas também nunca me dá um sermão por isso, porque sabe que apesar de arrumar briga, eu nunca faço isso por um motivo idiota.
—Aquele era o ex da Grace então? —Indagou, enquanto fazia um curativo na minha sobrancelha cortada. Eu estava com um olho roxo e um corte na bochecha também, assim como no lábio. Mas ainda sim, não me arrependo de nada.
—Era sim. Um babaca. —Afirmei, soltando uma risada ao lembrar de como a cara dele havia ficado depois da briga. Eu apanhei, mas bati ainda mais. —Sinto muito por isso. Arrumei briga bem na frente da padaria.
—Não é como se eu não estivesse acostumado. —Falou, me fazendo rir.
—Que isso, princeso, quem vê pensa que eu sou um delinquente que anda com um canivete e um soco inglês no bolso. —Murmurei, vendo o sorriso que se abriu nos lábios dele, enquanto o mesmo negava com a cabeça.
—Você não tem jeito mesmo. —Ele guardou as coisas dentro da caixa de primeiro socorros sobre a minha cama, indicando a porta com o corredor. —Vai lá com a Grace. Acho que ela precisa de você agora.
Fiz o que ele disse, porque queria ficar com ela depois de ter encontrado o maldito ex. Era tão óbvio que ele iria aparecer aqui em Aspen. Não deveríamos estar sequer surpresos com isso.
Sai para o corredor, ouvindo o som da tv passando algum desenho. Grace estava sentada no sofá ao lado de Hermione e Gavin, encarando a tv como se tivesse visto um fantasma. Os três olharam pra mim assim que me viram. Enquanto Hermione dava um sorriso e se levantava para ir até o quarto atrás de Pietro, Grace se encolheu inteira e Gavin me lançou um sorriso orgulhoso de quem estava muito feliz com o que eu havia feito.
—Você está bem? —Grace indagou, vindo para o meu colo assim que me sentei no sofá. Ela se aninhou entre meus braços, pressionando a bochecha no meu ombro. —Me desculpa por isso. Eu realmente sinto muito.
—Tudo bem. A culpa não foi sua, cupcake. —Afirmei, deixando um beijo na cabeça dela antes de sorrir. —Mas... Edward? Sério? Por isso você tava com aquele sangue no rosto e não se importou em limpar. Você namorava a droga de uma versão barata do Edward Cullen.
—Cacete, você pensa antes de falar as coisas? —Gavin exclamou, me arrancando uma expressão de falsa indignação.
—Manere seu linguajar, cara. Temos damas no recinto. —Retruquei, fazendo Grace soltar uma risada no meu colo.
—Vocês dois se merecerem viu? —Gavin se levantou, indo em direção a porta. —Eu vou embora. Mas quero agradecer você, Alfredo, meu dia melhorou mil vezes mais depois de ver aquele babaca apanhando.
—Disponha. —Acenei com a cabeça pra ele, que riu e simplesmente foi embora, fechando a porta do apartamento atrás de si. Tinha certeza que ele ia pro apartamento do Ian, já que ele vivia com o carro dele pra cima e pra baixo, quando não estava com o dono do café. —Você está bem, cupcake?
—Greta apareceu também. —Revelou, erguendo os olhos até mim. —Apareceu no vestiário depois do meu treino.
—E?
—E... foi péssimo. Não quero vê-la e muito menos ver o Edward. Não acredito que ele veio até aqui. Eu dei uma entrevista, deixei todos saberem que ele me traiu por quase um ano inteiro. —Grace tampou o rosto com as mãos. —E ele ainda tem a cara de pau de aparecer aqui.
Senti meu coração apertar dentro do peito, enquanto minhas mãos estavam ao redor de Grace. Peguei ela com cuidado e a coloquei sentada no sofá ao meu lado, vendo-a erguer os olhos confusa.
—O que foi?
—Preciso te fazer uma pergunta e não vou conseguir pensar direito com você sentada no meu colo. —Afirmei, vendo ela me encarar com a testa franzida. Umedeci os lábios com a língua, olhando pra qualquer lugar menos pra ela. —Grace, eu gostaria que você fosse super sincera comigo nesse momento, porque não posso ignorar isso e acho que se eu sequer tentar, vou acabar estragando tudo.
—O que foi? —Repetiu, parecendo nervosa.
—Tem alguma possibilidade de esse envolvimento entre nós ser só uma forma de você se vingar dele? —Questionei, vendo o seu rosto ganhar um tom avermelhado. —Edward está super certo de que você só se aproximou de mim por isso. E não estou dando crédito ao cara, mas não posso ignorar o fato de que vocês namoraram por três anos e você teria se casado com ele. E nós dois nos envolvemos pouco tempo depois de você vir pra cá, então...
—Meu Deus! —Ela soltou uma respiração pesada. —É claro que não é por isso. Não acredito que está pensando nisso, que está acreditando nele e não em mim!
—Eu não disse que não acredito em você. —Rebati, vendo ela me encarar com as sobrancelhas erguidas. —Grace, talvez você ainda não tenha percebido, mas eu estou apaixonado por você e... tudo bem, pode me achar arrogante por isso, mas eu me considero bom o suficiente pra fazer alguém se interessar por mim rápido. Quer dizer... —Gesticulei para mim mesmo. —Eu tenho espelho, sei que sou bonito, gostoso e inteligente pra caramba. E mesmo que eu acredite que você se interessou por tudo isso e pelo meu senso de humor maravilhoso, também não posso ignorar o fato de estar apaixonado e isso me torna uma pessoa super insegura também. Então por favor, pode me dizer exatamente o que está acontecendo entre nós nesse momento e o que significa pra você?
Ela ficou estática, me encarando como se eu tivesse ganhado mais três cabeças. Ergui as sobrancelhas, esperando que ela tivesse uma reação diferente e aplacasse a minha insegurança.
—Você está apaixonado por mim? —Ela soltou, com o rosto ficando ainda mais vermelho.
—De tudo que eu falei, é isso que quer saber? —Eu ri, negando com a cabeça. —Não achei que isso fosse uma surpresa pra você. Mas sim, eu estou completamente apaixonado por você.
Continua...
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Naquele inverno / Vol. 2
RomanceGrace Bailey tinha absolutamente tudo que alguém poderia desejar na vida. Um pai amoroso que a enchia de presentes, uma carreira em ascensão como patinadora, o amor incondicional do namorado e um melhor amigo que a apoiava até mesmo nas ideias mais...