Capítulo 38: Irmã gêmea.

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Eu deveria ter ido pra casa depois do jantar na casa de Alfredo, mas acabei dormindo lá de novo. Não estou reclamando, Gavin mal para em casa agora que conheceu Ian e eu me sinto muito bem em ficar com Alfredo. Ele estava dormindo quando acordei de manha. E eu fiquei o observando enquanto permanecia deitada ao seu lado.

Queria saber como isso entre nós vai funcionar no futuro. Não quero que isso acabe. Não fiquei tão mal assim com meu termino com Edward, além de chorar aquela noite quando a ficha finalmente caiu. Mas com Alfredo, tenho certeza que qualquer coisa negativa entre nós vai acabar comigo.

Ele se remexeu, passando os braços ao redor de mim e me puxando para perto. Sorri com aquilo, mordendo o lábio e observando o rosto dele que agora estava bem próximo ao meu. Ele estava tão relaxado e tranquilo, bem diferente da noite anterior que exalava tensão. Ele abriu os olhos aos poucos, com a expressão sonolenta e adorável.

—Oi. —Murmurei, deixando um beijo na bochecha dele.

—Você acordou a muito tempo? —Indagou, esfregando os olhos.

—Um pouco. Estava observando você dormir. —Falei, sentindo meu rosto esquentar quando ele abriu um sorriso enorme.

—Hm, é mesmo? —Alfredo afundou o rosto nos meus cabelos, soltando uma risada quando balancei a cabeça em concordância. —Sou muito lindo, não é? Eu te entendo, Grace.

—Você está ficando muito metido agora que as pessoas estão pedindo fotos a você e dizendo que você é meu namorado. —Afirmei, cutucando a bochecha dele.

—Eu metido? —Ele se afastou, fingindo estar ofendido. —Que isso, cupcake, nem parece que eu peguei você falando do quanto eu era lindo quando me conheceu.

—Argh! —Escondi meu rosto embaixo das cobertas, ouvindo a gargalhada dele. —Não lembra disso que eu ainda fico constrangida. Eu passei tanta vergonha com você já.

—Que nada. Eu adorei cada segundo. —Afirmou, puxando meu rosto para que eu olha-se pra ele. Seu sorriso estava enorme e suas bochechas um pouco rosadas. —Naquele primeiro dia, depois que deixei aquele café da manha com você, fui falar com meu irmão sobre você. Porque tinha ficado completamente fascinado no primeiro segundo que olhei pra você.

—Impossível. —Falei, lembrando de como ele me olhou naquele primeiro dia na rua.

—Não estou falando de amor a primeira vista, Grace. Mas alguma coisa aconteceu aquele dia. —Ele acariciou minha bochecha, beijando a ponta do meu nariz. —O que quer que fosse, não pude ignorar.

Sorri ao ouvir aquilo, sentindo meu coração acelerar dentro do peito. Alfredo me abraçou apertado, como se quisesse deixar ainda mais claro o que havia dito. Não sei o que ele sentiu, mas tenho certeza que é a mesma coisa que sinto agora e não posso ignorar.

[...]

—Por que seu príncipe das trevas não veio hoje? —Gavin indagou, se sentando ao meu lado no meio da pista de gelo, depois de mais um treino cansativo nosso.

—Ele mandou mensagem avisando que teve um imprevisto lá na padaria e que precisava ajudar o irmão. —Dei de ombros, esfregando minhas bochechas geladas. —Ele disse que poderia se atrasar ou talvez nem conseguisse vir.

—Parece que você ficou tristinha com isso. —Gavin me empurrou de leve com o ombro e eu acabei rindo.

—Me acostumei com a presença dele. —Afirmei, erguendo os olhos para Gavin. —Mas entendo que ele não vai estar presente em todos os meus treinos. Ainda mais quando formos embora.

—Ah, é... claro. —Gavin riu, um pouco sem graça, e desviou os olhos de mim para o chão, parecendo desanimado.

—O que foi? —Indaguei, cutucando as costelas dele. —Por que você está com essa cara de cachorro abandonado?

—Que cara de cachorro abandonado? —Ele estalou a língua, fingindo estar ofendido quando empinou o nariz e me olhou com os olhos cerrados. —Só estou pensando, ué. Algumas coisas na vida precisam mudar com o tempo.

—O que quer dizer? —Indaguei, sentindo meu coração esfriar. —Somos parceiros, Gavin, sabe disso, não é? Não estou falando de equipe, torneios e essas coisas de patinação. Estou falando da nossa vida.

—É claro que eu sei. —Ele riu e deu um peteleco no meu nariz. —Você é minha melhor amiga e irmã emprestada. Eu só estou pensando em tudo. Não tenho muitas coisas em Nova Iorque além de você e meu trabalho. E vir pra cá mudou bastante a minha vida e acho que a sua também. Conheci o Ian e... nossa, acho que gosto de verdade daquele cara. Mal vejo o tempo passar quando estou com ele. É um pouco estranho e vazio pensar e voltar pra casa agora. —Ele suspirou, passando a mão pelas bochechas pintadas de sardas. —Só estou pensando que... algumas mudanças as vezes são necessárias.

Balancei a cabeça em concordância, sentindo meu coração martelando no peito enquanto absorvia o som daquelas palavras dele. Gavin se levantou e foi para o vestiário e eu acabei indo também, sentindo meus ombros pesados e minhas pernas doloridas.

Me enfiei embaixo do chuveiro, demorando mais do que fosse preciso. Quando me vesti e saí, o vestiário já estava lotado de garotas de 10 anos se arrumando para ir treinar, enquanto as mães ajudavam. Sorri ao observar aquilo, porque minha mãe costumava fazer isso comigo antes de partir. Ela ia em todos os meus treinos e comemorava cada avanço meu.

Meu coração se apertou com a lembrança e eu me obriguei a encarar meu armário, catando minhas coisas e enfiando dentro da minha mochila. Olhei para a tela do celular quando ela acendeu na prateleira do armário, vendo uma mensagem de Alfredo aparecer na tela.

Raio de sol — Desculpa, não consegui sair daqui a tempo.
Ainda está no centro? Quer que eu vá busca-la?

Mordi o lábio para esconder o sorriso, enquanto digitava uma mensagem rápida.

Grace — Tudo bem, eu vou com o Gavin.
Passo na padaria assim que chegar.

—Grace? —Olhei para a entrada do vestiário, sentindo minha animação evaporar quando encarei minha irmã gêmea, parada ali na entrada com um sorrisinho no rosto.



Continua...

Naquele inverno / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora