Capítulo 25: Flocos de neve.

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Olhei ao redor, vendo toda aquela floresta branca que cercava o carro. Alfredo havia saído pra tentar achar um lugar alto com sinal de celular, mas aquilo já faziam horas. Ou talvez era só minha mente medrosa e só faziam minutos. Me remexi no banco, pegando meu próprio celular para ver as horas, percebendo que já estávamos parados ali a mais de duas horas.

—Maldita hora que eu sai de casa. —Resmunguei, esfregando minhas bochechas por conta do frio.

—Boas notícias. —Alfredo abriu a porta do quarto, me dando um susto. —O reboque já está vindo. Temos apenas que aguardar.

—Claro. Não é como se a gente tivesse outra coisa pra fazer, não? —Ironizei, vendo Alfredo saltar para o banco de trás, puxando um edredom do meio das coisas.

—Está com fome? —Indagou, puxando um pacote de biscoitos em formatos de flocos de neve. Não tinha duvidas que Pietro foi quem os fez.

Alfredo ajeitou as coisas no banco de trás, abrindo espaço para que eu me juntasse com ele. Tirei minhas botas e pulei para o banco de trás, deixando Alfredo ajeitar o edredom ao redor de nós dois, nos deixando praticamente grudados. Minha barriga se encheu de borboletas com o cuidado dele.

—Você ganhou na loteria com isso, né? —Murmurei, erguendo os olhos, sentindo meu coração disparar ao perceber o quão próximo ele estava de mim.

—Não vou negar que não estou gostando nem um pouco disso. —Afirmou, erguendo a mão e tocando minha bochecha, me fazendo prender a respiração. —Mas se estiver desconfortável, eu me afasto, Grace. —Ele afastou a mão, me fazendo desejar que estivesse me tocando ainda. —Quero que entenda que sua opinião vem em primeiro lugar aqui. Se quiser que eu fique, vou ficar. Se quiser que eu me afaste, vou me afastar. Sei que insisti em sair com você, porque eu só queria uma chance. Agora eu já ganhei ela e a escolha é sua. Sempre.

—Eu não quero que se afaste. —Afirmei, me aproximando ainda mais dele. —Gosto quando está por perto. Gosto muito mesmo.

Alfredo abriu um sorriso muito grande, me abraçando quando passei minhas pernas por cima das dele, praticamente me sentando em seu colo. Encostei minha cabeça no ombro dele, deixando que Alfredo ajeitasse o edredom em nós dois, me abraçando apertado contra si. Ele me entregou os biscoitos logo em seguida, me fazendo soltar uma risada baixa.

—O que foi? —Ele perguntou sorrindo.

—Parece que eu sou um bebê e que você está me mimando com carinho, calor e comida. —Afirmei, mordendo um biscoito e quase gemendo ao perceber o quão deliciosos estavam.

—Eu estou te mimando. —Alfredo escorou o queixo no topo da minha cabeça. —Mas não é porque eu acho que você é um bebê... Como está sua testa?

—Ah... tudo bem. Não está doendo. —Falei, já que havia até esquecido do incidente de mais cedo.

Comi outro biscoito, oferecendo a Alfredo quando notei que ele ainda não havia comido. Ele balançou a cabeça negativamente, sorrindo ao me observar. Corei, desviando os olhos dos dele. As vezes ele me olhava como se estivesse apaixonado por mim. Isso me deixava com o coração acelerado e as pernas bambas, mesmo sabendo que é impossível que esteja apaixonado.

Olhei pela janela no carro, vendo a neve cair com força total do céu, percebendo que apaixonado ou não, eu aproveitaria cada momento que estivesse com ele.

[...]

Me remexi com cuidado, percebendo que havia dormido grudada em Alfredo, que também estava dormindo com a cabeça colada no vidro. O carro estava mais frio do que antes e lá fora era uma imensidão branca. Me ajeitei com cuidado querendo sair dos braços de Alfredo e alcançar meu celular para ver as horas, mas Alfredo apertou os braços ainda mais ao meu redor, como se estivesse com medo que eu fosse fugir.

Desisti da minha missão em busca do celular e me virei para olha-lo dormindo, sentindo meu coração se derreter aos poucos. Me ajeitei no colo dele, já que Alfredo parecia não ter pretensão de se afastar nem quando está dormindo. Então ergui a mão e tracei o contorno da mandíbula dele, acariciando sua bochecha logo em seguida.

Meu coração disparou dentro do peito, mas me inclinei para mais perto dele, querendo gravar cada detalhe do seu rosto. Com cuidado, deixei um beijo no canto dos lábios dele. Suas pálpebras tremeram, mas ele não acordou. Isso me fez morder o lábio e me aproximar de novo, dessa vez deixando um selinho nos lábios dele.

—Hm... Grace... —Murmurou, me puxando para mais perto ainda.

Meu coração parou de bater por alguns segundos, mas ele apenas continuou dormindo, aconchegando meu corpo no seu. Meu rosto estava pegando fogo, mas isso não me impediu de sorrir e esconder meu rosto no peito dele, sentindo que haviam fogos de artifício explodindo dentro de mim.

[...]

Uma boa notícia, Alfredo não faz ideia que eu dei um selinho nele enquanto dormia. Péssima notícia, o reboque está atrasado a meia hora.

Olhei para Alfredo, vendo ele enfiar um biscoito na boca e olhar ao redor, parecendo pensar muito longe daquele carro. Me perguntei o que os outros estariam fazendo. Provavelmente aproximando tudo que o chalé tinha de bom.

—Sabe... hm, eu fiquei pensando no que você disse. —Comentei, fazendo Alfredo olhar pra mim e erguer as sobrancelhas. —Nada de trabalho lá, não é? Mas e se eu quisesse dar uma entrevista, acha que a Rebeca aceitaria?

—Está falando sério? —Alfredo pareceu surpreso.

—Sim, é só que... não quero sair como a errada nessa história, Alfredo. Sei que mesmo que eu fale sobre o assunto algumas pessoas ainda vão me culpar. Mas quero que pelo menos eles tenham os dois lados da história. —Afirmei, umedecendo os lábios com a língua. —Não vou citar a minha irmã, mas quero que eles saibam que eu não estou mais namorando e que era ele quem estava me traindo.

—Eu entendo, Grace. Se quer fazer isso, estarei do seu lado e sei que Gavin também vai estar. —Ele abriu um sorriso e segurou minha mão, fazendo meu coração dar um salto dentro do peito. —E te dou certeza, você vai dar o melhor presente do mundo pra Rebeca.



Continua...

Naquele inverno / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora