Alfredo voltou uma hora depois, abrindo a porta e me encontrando roubando todas as suas fotos que estavam ali. Tirei todas elas da grade na parede, pegando também as que estavam nos porta-retratos, soltando-as sobre a cama depois. Alfredo parou quando percebeu o que eu estava fazendo, me olhando confuso.
—O que está fazendo? —Indagou, soltando uma risada e fechando a porta atrás de si.
—Pegando as fotos, ué. —Dei de ombros, pegando a última que estava no porta-retrato. —Sua mãe não merece ter fotos de vocês aqui.
—Eu tenho cópias de todas essas fotos, Grace. —Ele me observou pegar todas as fotos sobre a cama e enfiar dentro da minha bolsa, na maior cara de pau do mundo.
—Tudo bem. Mas eu não tenho. —Dei de ombros de novo, olhando pra ele com uma expressão inocente. —Preciso ter algumas lembranças suas quando for embora, pra não morrer de saudades.
—E eu vou ficar com alguma coisa sua pra não morrer de saudade? —Ele ergueu as sobrancelhas, se sentando na cama e me olhando com um sorriso muito grande nos lábios.
—Claro. Pode ir lá no apartamento e pegar alguma coisa minha que quiser. Tirando meus sapatos, pode pegar qualquer coisa. —Afirmei, vendo o sorriso dele ficar inacreditavelmente maior e uma certa diversão passar pelos olhos dele.
—Até mesmo se eu quiser uma das suas c... —Agarrei um travesseiro e bati nele antes que o mesmo terminasse, sentindo meu rosto ficar muito vermelho quando compreendi o que ele estava pronto para dizer. Alfredo tombou pra trás na cama, caindo na gargalhada.
—Você não tem vergonha nessa cara? —Indaguei, soltando uma risada ao ver a gargalhada dele, apesar de estar morrendo de vergonha. —Pensei que as piadas sobre roupas íntimas estavam proibidas.
—Daquela vez você não ficou com vergonha. —Falou, olhando pra mim ainda rindo, puxando o travesseiro da minha mão e agarrando meu braço ao mesmo tempo, me fazendo deitar ao seu lado na cama.
—Daquela vez eu estava assustada e nervosa. E você estava preocupado e eu queria aliviar o clima. —Afirmei, olhando para o teto, porque ainda estava com vergonha de olhar pra ele. —Agora estávamos falando sério e você soltou essa.
—Você nem me deixou terminar, cupcake. Nem sabe o que eu ia dizer, só pensou o pior. —Afirmou, fingindo uma voz de magoa. —Eu que sou um anjinho, não ia dizer nada demais.
—Sei. —Sibilei, me virando para vê-lo voltar a rir. —Como foram as coisas lá embaixo?
—Ah... —Ele parou de rir, soltando uma respiração pesada. —A mesma coisa de sempre. Pietro tentou falar com ela e ela não quis ouvir. Ela jura que a Hermione é uma pessoa ruim, sendo que nem a conhece. E sobre a questão de ter filhos... nossa, não quero repetir o que ela disse. Foi ofensivo demais. Acho que nunca vi meu irmão com tanta raiva na vida.
—Sinto muito. Onde ele está agora?
—No quarto aqui ao lado, que era dele antes. —Alfredo se virou pra me olhar, parecendo cansado. —Não se preocupe, eu não deixei ela sair por cima.
—Alfredo... —Soltei uma risada vendo o sorriso dele. —O que você fez?
—Eu disse que a Hermione já estava grávida. —Ele mordeu o lábio, como se quisesse voltar a gargalhar. —De gêmeos. —Meus olhos se arregalaram e ele começou a rir de novo. —Ela ficou branca como papel e desmaiou.
—E você tá rindo? —Dei um tapa nele, fazendo-o gargalhar ainda mais. —Você pelo menos disse que era mentira depois?
—Eu não. Ela acha que ela tá grávida mesmo. Pietro não me corrigiu, então... —Ele deu de ombros. —Relaxa, vaso ruim não quebra. Aquela lá vai viver muito, infelizmente. Meu padrasto já foi lá acudir ela. E acredite, ela merecia coisa pior. Isso foi só uma mentira de nada.
—Pietro deve estar se sentindo péssimo. —Falei, vendo Alfredo parar de rir na mesma hora, ficando tenso.
—Não gosto de ver ele desse jeito. Não gosto de como ela o faz se sentir uma pessoa ruim, quando na verdade ele é incrível. —Alfredo se sentou na cama e eu também, passando o braço ao redor dele e escorando minha bochecha no seu ombro. —Diferente de mim, Pietro ainda conviveu com uma versão melhor dela. Por pouco tempo, mas sim. E eu sei que ele ainda tinha esperanças de ela voltar a ser aquela pessoa. Mas acabou, Grace, você entende? Eu vi hoje, quando ela começou a falar coisas horríveis pra ele, que Pietro estava desistindo de vez dela. Não existe mais nada pra nós aqui. Essa é a última vez que a gente vem nessa fazenda e vê essas pessoas.
—Eu sinto muito. —Dei um beijo na bochecha dele, sentindo ele ficar um pouco mais relaxado.
—Está tudo bem, cupcake. Eu já tenho a minha família. Pietro, Hermione e você. Vocês três são tudo pra mim. —Ele se virou pra mim, me abraçando e deixando um selinho demorado nos meus lábios. —Nossa vinda aqui foi um ponto final. Vamos entrar na melhor parte das nossas vidas agora, sem ela.
—Então vamos correndo embora daqui. —Afirmei, ficando de pé e o puxando. —Você e Pietro merecem coisa melhor que isso. Vamos embora e vamos deixar isso pra trás. Podemos ir pra casa, pegar Hermione, e ir fazer alguma coisa juntos, nos quatro.
—Essa ideia é maravilhosa, cupcake. —Ele me agarrou, me fazendo gargalhar enquanto saímos para o corredor. Pietro já estava saindo do quarto e pareceu surpreso ao nos ver. —Ei, princeso, o que acha de irmos buscar a Hermione pra fazermos algo juntos?
—Agora? —Ele pareceu mais surpreso e eu pude ver que estava com os olhos um pouco vermelhos, como se estivesse chorando. Meu coração apertou ao ver isso e eu senti ainda mais antipatia pela mãe deles.
—Agora! —Alfredo exclamou, indo até ele e o puxando para andarmos juntos até as escadas. —Vamos lá, querido irmão, vamos levar nossas garotas pra sair. Elas merecem o melhor.
—Tem razão. —Ele abriu um sorriso, relaxando um pouco. Saímos da casa e chegamos ao carro, mas Pietro parou ao lado da porta e olhou para a casa e depois para Alfredo. —Ei... sobre o que ela disse, é tudo mentira. Você é meu irmão, eu te amo e tenho muito orgulho de você.
Pietro abriu um sorriso e entrou no carro, deixando Alfredo parado do outro lado, olhando pra onde o irmão estava segundos antes, como se tivesse sido pego de surpresa. Alfredo abriu um sorriso trêmulo segundos depois, parecendo mais emocionado do que deixava transparecer.
Continua...
.....
Eu tive uma ideia hoje, mas uma ideia que... me aguardem. Mas vem muito um volume três por ai.
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Naquele inverno / Vol. 2
RomanceGrace Bailey tinha absolutamente tudo que alguém poderia desejar na vida. Um pai amoroso que a enchia de presentes, uma carreira em ascensão como patinadora, o amor incondicional do namorado e um melhor amigo que a apoiava até mesmo nas ideias mais...