Capítulo 21: Fim de namoro ou traição?

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Estava voltando pra casa, depois de levar Azeitona para o seu passeio matinal pelas ruas, antes de sairmos para ir até o chalé de Ian. Pietro estava do meu lado, ocupando o espaço com seu silencioso ensurdecedor.

—O que você tem? —Indaguei, dando uma cotovelada de leve nas costelas dele, por cima das camadas de roupas de frio.

—Nada. A gente acordou cedo. Estou com sono. —Murmurou, fazendo uma careta pra mim. —Você só está animado porque vai passar um final de semana todo grudado na Grace.

—E você tá assim porque já passa um final de semana inteiro grudado com a Hermione. O final de semana e a semana, né? —Retruquei, arrancando uma risada dele. —Estou animado porque... bem, não quero criar expectativas, mas estamos nos dando tão bem nos últimos dias...

—Não avance o sinal antes da hora. —Pietro alertou, me fazendo bufar. —Eu só fui beijar a Hermione depois de três anos.

—Histórias completamente diferentes, princeso! —Afirmei, soltando uma risada. —Nem se compara. E a Hermione tem todo aquele jeitinho fofo e tímido dela. Grace não é assim.

—Você realmente acha que está apaixonado por ela? —Indagou, me encarando com as sobrancelhas erguidas.

—Não sei dizer. Só sei que existe alguma coisa entre nós, entende? Eu penso nela o tempo todo. Quero conhecê-la e quero levá-la para sair. Quero passar todo tempo possível perto dela. —Dei de ombros, vendo Pietro sorrir e negar com a cabeça. —Eu quero muito ter algo com ela. Mas ela também precisa querer. Só que eu sinto que Grace não está na mesma vibe que eu. Na verdade, eu tenho certeza.

—Por quê?

—O ex dela era um babaca de último nível. —Afirmei, percebendo que algumas pessoas estavam olhando pra nós ao passar ao nosso lado pela calçada. —Então ela é meio adversa a relacionamentos sérios agora.

—Ele era tipo o ex da Hermione? —Indagou, me fazendo franzir a testa.

—Ah, não, ele é pior que o ex da Hermione. —Afirmei, sem nem hesitar. Porque pelo menos o ex da Hermione nunca traiu ela. E não acho que exista coisa pior do que isso. Ainda mais quando a irmã da pessoa está envolvida no caso.

—Por que as pessoas estão olhando pra gente? —Pietro murmurou quando nos aproximamos do nosso prédio. —Ou melhor, olhando pra você? Você não aprontou nada, certo?

—Por que você acha que eu aprontei alguma coisa? —Soltei, me virando pra ele com uma falsa indignação. —Assim você me magoa, princeso! Sabe que eu sou um santo em forma de gente.

Pietro soltou uma risada, balançando a cabeça negativamente. Isso me fez pensar na minha conversa com Grace. Sentia vontade de dizer pra Pietro muitas coisas que não disse todos esses anos, mas nunca conseguia ter coragem o suficiente. Porque não queria que ele pensasse que me sinto obrigado a dizer essas coisas. Quero que ele saiba que eu as digo porque eu realmente as quero dizer.

Fiz uma careta enquanto Pietro abria a porta do prédio e segurava a coleira de Azeitona, porque meu celular começou a vibrar igual louco no meu bolso. Puxei o mesmo, vendo a sequência de mensagens e ligações de vários amigos meus, tudo ao mesmo tempo. O último a aparecer na tela foi de Rebeca, com letras grandes, como se ela estivesse gritando por mensagem.

Beca — POR QUE VOCÊ NÃO ME DISSE QUE ESTAVA SAINDO COM GRACE BAILAY???
A GRACE BAILAY PATINADORA?????

—O que foi? —Pietro indagou, me fazendo erguer os olhos pra ele.

Abri a boca para responder, mas um carro parou ao lado da calçada bem onde estávamos e foi difícil não gemermos e nos encolhermos quando nossa mãe desceu dele com a expressão mais fria e carrancuda que exista na face da terra.

Grace

Alfredo apareceu nos treinos seguintes, se ocupando de observar cada movimento meu e de Gavin como um gavião. E depois, Gavin nos deixava sozinhos na maior cara de pau, deixando Alfredo me levar pra casa de carro. Era um dos momentos mais tranquilizadores, porque ele sempre me fazia rir quando contava outros fatos vergonhosos da sua vida.

Mas então o final de semana chegou. Nada parecia mais interessante do que ir em uma cabana no meio do nada. Me sentia um pouco intimidada com a presença da Rebeca e de um cara que trabalhava com ela. Mas Alfredo estava sempre me garantindo que ela não faria nada contra mim. Tudo bem, talvez eu só seja um pouco traumatizada com jornalistas. Não tive muitas experiências boas.

—Você sabe que vamos passar só o final de semana, certa? —Olhei com uma careta para a imensa mala de Gavin.

—Eu sei. Mas eu sou um homem preparado, tá legal? —Ele mostrou a língua pra mim, enfiando a mala atrás do carro.

Engoli em seco quando um grupo de garotas passou por nós dois, cochichando coisas e nos olhando de esgueira. Aquilo me fez olhar ao redor, percebendo que Gavin e eu estávamos começando a chamar a atenção ali. As pessoas estavam nos reconhecendo. Não ia demorar pra isso sair na internet. Ou talvez até já tivesse saído.

Pena que eu estava completamente errada sobre o motivo.

Puxei meu celular quando ele vibrou, deixando Gavin colocar o restante das coisas no carro. Fiz uma careta ao ler as mensagens do meu pai, sentindo meu coração disparar dentro do peito.

Pai — Você conheceu alguém, querida?
Por que não me avisou que estava saindo com alguém?
Talvez eu tivesse segurado um pouco a mídia.

Logo abaixo vinha um link. Cliquei no mesmo, sentindo o sangue se esvair do meu corpo quando uma foto minha e de Alfredo, no nosso encontro no restaurante ocupou toda a tela. Estávamos de mãos dadas, sorrindo um para o outro como se nos conhecêssemos a décadas.

"Grace Bailey parecia mais do que feliz em um encontro íntimo com um rapaz em um restaurante em Aspen (que pasmem, não era Edward MacBrid). Fim de namoro ou traição?"

Era um pesadelo. Era um completo pesadelo. Minha cabeça girou e eu tive certeza que desmaiaria ali mesmo, no meio da rua.

Continua...

Naquele inverno / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora