Parei em frente a padaria, esfregando meus olhos para espantar a expressão de quem dormiu mal e chorou a noite toda. Tudo bem, foi a pior noite da minha vida e eu finalmente tinha saído do meu estado de choque. Mas tem uma coisa boa por trás de todo meu choro, eu estava pronta pra enfrentar a verdade.
Peguei meu celular e desbloqueei a minha irmã, antes de ligar e levar o celular até o ouvido.
Greta — Olha só, quem é vivo sempre aparece, hein? Eu estava mesmo me perguntando quanto tempo você ia levar pra me desbloquear. Somos irmãs e...
Grace — A quanto tempo?
Greta — O que? Do que está falando?
Grace — A quanto tempo aquilo estava acontecendo entre você e Edward?
Ela ficou em silêncio do outro lado da linha e eu senti vontade de estar na frente dela apenas para saber sua expressão.
Greta — Hm... 11 meses. Foi naquele campeonato que você viajou pra Atlanta, na véspera do aniversário do papai. Ele estava se sentindo solitário e eu estava lá... Olha só, Grace, sei que foi errado, está bem? Você é minha irmã e eu sinto muito mesmo por isso. Mas aconteceu. Foi inevitável. Pensei em você, mas já tínhamos feito uma vez e...
Grace — Bom saber que pensou em mim quando fez isso, Greta. Diz muito sobre quem você é.
Greta — Bem, já foi, tá legal? Não dá pra voltar atrás. Quer um pedido de desculpas? Então volte pra casa e não seja covarde.
Grace — Tem certeza que eu sou a covarde? Não foi eu quem chorou litros no dia praticamente implorando perdão. E, a propósito, não quero suas desculpas. Você pode enfia-las no seu rabo, assim como Edward. Não me importo se somos irmãs, não quero mais ver você, falar com você ou sequer ouvir sua voz. Quando eu voltar vou pegar minhas coisas e sair de casa. Nossa relação a partir de hoje está completamente acabada, Greta. E avise ao Edward pra esquecer da minha existência também. Se ele vier atrás de mim ou insistir, vou inventar a pior mentira possível sobre ele na internet, que vai deixá-lo tão na merda que ele nunca mais vai querer por a cara na rua. Boa sorte na sua vida.
Desliguei o celular, bloqueando o número antes que ela me ligasse de volta ou mandasse mensagem. Com uma respiração pesada e os ombros mais leves entrei na padaria atrás de Alfredo.
Alfredo
Observei Hermione caminhar de um lado para o outro da floricultura, enquanto Azeitona ia atrás dela abanando o rabo. Ficar na floricultura era bem mais calmo e tranquilo que na padaria, onde a cozinha estava sempre cheia de gente.
—Então, onde você acha que eu deveria levá-la da próxima vez? —Indaguei, vendo Hermione olhar pra mim e franzir a testa.
—Não acho que eu seja a melhor pessoa pra te ajudar nisso. Meus encontros com seu irmão nunca foram assim. —Afirmou, umedecendo os lábios com a língua.
Ela tinha razão. Os encontros dela com Pietro eram sempre jantarem em casa em que ele cozinhava pra ela, ou passeios pela rua durante a noite. Hermione detestava lugares cheios, volumes altos e luzes piscando sem parar. Mas ainda sim, eu queria a opinião dela sobre isso.
—Por que não leva ela no cinema? —Indagou baixinho, enquanto começava a montar um buquê de flores. —Ou pra esquiar? Você disse que ela gosta desses esportes na neve.
—Você tem razão, princesa. —Falei, esfregando minha bochecha. —Todos nós poderíamos ir esquiar, não acha? Eu, você, meu irmão... eu chamaria a Grace e o Gavin, que automaticamente iria chamar o Ian.
—Eu nunca fui esquiar. —Hermione olhou pra mim um pouco assustada. —Minha mãe diz que é um esporte muito perigoso.
Soltei uma risada, balançando a cabeça negativamente. É claro que tia Lucy dizia isso, ela era a mãe mais superprotetora da face da terra.
—Não é perigoso. Só precisa tomar os cuidados necessários e usar os equipamentos certinhos. —Falei, vendo ela curvar os lábios, parecendo cética. —Vou falar com meu irmão. Aposto que ele vai adorar a ideia. E assim eu posso chamar a Grace. Você não tem ideia, princesa, ontem foi simplesmente perfeito!
Soltei um suspiro bobo, sabendo que estava mais do que emocionado. Mas eu não conseguia controlar o que estava sentindo.
—Você tá com uma cara engraçada. —Hermione soltou uma risada. —Fica muito fofo apaixonado.
—Eu já sou fofo naturalmente, princesa. —Retruquei, fazendo ela rir.
Olhei para a porta da floricultura quando ela se abriu, com meu sorriso aumentando ainda mais quando Grace passou pela porta, olhando diretamente pra mim. Meu coração disparou dentro do peito, enquanto eu a observava se abaixar e agradar Azeitona na cabeça, antes de caminhar até onde eu e Hermione estávamos.
—Bom dia! —Ela sorriu pra Hermione, se virando pra mim com as bochechas um pouco coradas.
—Bom dia, Grace. Precisa de algo? —Hermione olhou pra ela, como se esperasse que ela pedisse alguma flor, mas meu sorriso estava muito grande, porque eu sabia que ela estava ali por minha causa.
—Ah, não, obrigada. Eu vim falar com o Alfredo. Estive na padaria e seu irmão me disse que você estava aqui. —Ela olhou pra mim, agora parecendo envergonhada.
—Em que posso ser útil, srta. Bailey? —Questionei, erguendo as sobrancelhas quando ela engoliu em seco e pensou um pouco.
—Ian convidou Gavin e eu pra ir em uma cabana na floresta, que ele alugou pro final de semana. Ele disse que ia chamar o Pietro e a Hermione. —Ela olhou pra Hermione, que abriu um sorriso pequeno e tímido. —E que eu podia chamar você daí. Então...
—Você vai? —Indaguei, vendo Hermione sair de fininho. Grace balançou a cabeça positivamente e eu mordi o lábio. —Podia ter me mandado mensagem. Estou surpreso que tenha vindo até aqui.
—Eu queria te ver. —Deu de ombros, fazendo meu estômago se encher de borboletas com aquela afirmação. Meu sorriso ficou tão grande que chegou a doer, enquanto Grace parecia ter se dado conta do que havia falado, já que ficou ainda mais vermelha.
—Um final de semana em uma cabana no meio do nada? —Balancei a cabeça. —Isso pode ser bem interessante, cupcake.
—Cupcake? —Ela ergueu as sobrancelhas, rindo.
—É um apelido fofo. —Dei de ombros, sem desviar os olhos dela. —Gosto de dar apelidos fofos para as coisas mais importantes da minha vida.
Continua...
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Naquele inverno / Vol. 2
RomanceGrace Bailey tinha absolutamente tudo que alguém poderia desejar na vida. Um pai amoroso que a enchia de presentes, uma carreira em ascensão como patinadora, o amor incondicional do namorado e um melhor amigo que a apoiava até mesmo nas ideias mais...