Fiquei parada, pensando se estava vendo coisas ou não. As garotas que estavam ali começaram a sair do vestiário, junto com as mães, me deixando sozinha com Greta, que ainda estava na entrada me observando.
—Vai me ignorar? —Indagou, assim que voltei a arrumar minhas coisas. —Eu vim até aqui pra que pudéssemos nos resolver.
—Nós já conversamos, não tenho mais nada pra falar. —Afirmei, fechei meu armário, segurando a alça da mochila em um ombro só. —Você nem deveria estar aqui. Deixei claro que não me importo com suas desculpas.
Caminhei até ela, querendo chegar até a saída, que infelizmente ela estava no caminho. Greta soltou uma risada e puxou um jornal da bolsa, dando um passo para o lado para me bloquear.
—Se não se importa, porque deu essa entrevista e não disse a eles que eu era a mulher com quem Ed estava? —Indagou, mostrando a matéria do jornal pra mim.
Eu havia lido aquela matéria ontem a noite, junto com Alfredo, depois de jantarmos juntos. Vincent e Rebeca haviam colocado minhas palavras ali. Nada mais, nada menos. E eu estava muito agradecida por isso, porque sabia que outro jornalista provavelmente distorceria todas as minhas palavras.
—Não fiz isso porque me importo com você. —Afirmei, olhando pra ela com as sobrancelhas erguidas. —Fiz isso pelo nosso pai.
Tentei passar por ela, sentindo meu sangue esquentar quando Greta ficou no caminho, me encarando enquanto negava com a cabeça.
—Não faz assim, Grace. Somos irmãs. —Afirmou, me fazendo rir. —O que acha que a mamãe pensaria disso?
—Não ouse colocar ela no meio disso! —Exclamei, dando um passo para longe dela ao vê-la suspirar frustrada. —Você é uma piada, Greta. Uma piada de muito mal gosto. Quer saber o que ela pensaria sobre isso? Sobre você, minha irmã gêmea, me traindo com meu namorado, por 11 malditos meses? É isso que quer saber?
—Você não está sendo justa.
—Eu? Tem certeza? —Soltei uma risada, caminhando até me sentar em um dos bancos. —Eu não me importo com Edward e qualquer traição dele. Mas você era minha irmã. Mesmo que não tivéssemos a melhor relação, eu amava você e eu faria qualquer coisa por você, Greta. Mas você jogou tudo isso fora me traindo por quase um ano todo. Se eu não tivesse descoberto, vocês teriam continuado com isso. Eu teria me casado com ele e vocês continuariam com isso.
—Não... a gente ia parar. Quando vocês se casassem a gente ia parar. —Rebateu, me fazendo rir daquilo, enquanto meu coração parecia virar gelo. —E eu ainda sou sua irmã!
—Não, você não é. —Fiquei de pé de novo, esfregando minhas bochechas. —Você não sabe o que isso significa. Não sabe qual o sentido de ser irmão de alguém. Mas quer saber, Greta? Eu ainda me importo com você. Se você se machucasse, eu ainda me importaria com você a ponto de ficar mal. Porque eu amo você ainda e isso provavelmente me torna uma pessoa muito burra. Mas não quero mais conviver com você. Quero que fique longe de mim e finja que eu não existo.
—Grace... —Ela tentou me segurar, mas eu desviei dela, cansada demais.
—Você não estava com o Edward? Por que está preocupada agora com o que eu penso? Volte pra ele, Greta. Eu não estou mais no caminho pra te atrapalhar. —Caminhei até a saída, sentindo meu coração martelando no peito. —Você já o escolheu em vez de mim.
[...]
Entrei no carro e afundei no banco, sentindo meu coração apertar e apertar. Gavin entrou logo depois, jogando nossas mochilas no banco de trás e se virando pra mim. Vi quando ele franziu a testa e coçou o nariz.
—Que cara de cachorro atropelado é essa? —Indagou, fazendo uma careta quando me virei pra ele.
—Greta apareceu aqui.
—A sua versão barata? —Ele soltou um grunhido, olhando para o centro e se preparando para descer do carro. —Eu vou descer o farrapo nessa mulher...
—Gavin, pelo amor de Deus! —Agarrei o braço dele, impedindo-o de descer do carro. —Ficou louco? Não pode bater nela.
—Eu não ia de verdade. Não com minhas mãos, pelo menos. Mas ela ia ouvir e eu tenho muito pra falar. —Afirmou, olhando para a entrada como se esperasse vê-la saindo de lá. —Ela não deveria estar aqui. Passo com o carro por cima dela se a ver.
—Jesus! —Escondi meus rosto entre as mãos, sem saber se ria ou chorava. —Podemos apenas ir embora? Quero ir me encontrar com o Alfredo. Deixe a Greta pra lá.
Gavin estalou a língua, completamente infeliz, ligando o carro e saindo dali. Chequei minhas mensagens para saber se meu pai havia mandado algo ou se sabia que Greta estava ali, mas nossa última conversa tinha sido antes do meu treino e ele não havia sequer citado ela. Isso me dava certeza de que ele não fazia ideia que Greta estava em Aspen.
Enviei uma mensagem pra ele, contando esse pequeno fato desanimador e me concentrei na estrada, sentindo a pior sensação do mundo. Falar com Greta pelo celular era uma coisa, a ver pessoalmente depois de tudo era como levar um tiro no peito. Percebi, depois de conviver com Alfredo e Pietro, que nem eu e nem Greta sabemos o que é ser irmãos de verdade. E isso não é algo que possamos mudar agora. Já é tarde demais.
—Grace? —Gavin olhou pra mim quando parou no semáforo, me avaliando com cuidado. —Você está bem com tudo isso?
—Eu estou bem. Não vou ficar chorando pelos cantos. —Dei de ombros, mordendo o lábio com força. —Só quero esquecer tudo que aconteceu.
—Ela não tinha nada que aparecer aqui. —Gavin bufou, parecendo mais irritado que eu. —Pelo menos foi ela e não o Edward. Eu certamente bateria nele se o visse aqui.
O olhei, sentindo meu estômago se revirar com uma sensação ruim.
—É, pelo menos foi ela e não ele. —Concordei, um pouco hesitante.
Continua...
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Naquele inverno / Vol. 2
RomanceGrace Bailey tinha absolutamente tudo que alguém poderia desejar na vida. Um pai amoroso que a enchia de presentes, uma carreira em ascensão como patinadora, o amor incondicional do namorado e um melhor amigo que a apoiava até mesmo nas ideias mais...