Capítulo 53: Buquê de flores.

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Abri os olhos, encarando o teto branco do quarto. Minha boca estava seca e eu parecia ter sido revirada de dentro pra fora. Uma enfermeira estava arrumando alguns remédios na mesa ao lado, parecendo submersa nos próprios pensamentos. Olhei o papel que estava embaixo do lençol ao lado da minha mão.

''Fui comprar um café na lanchonete do hospital, volto logo. Gavin''

—Ah, você acordou. Como se sente? —A mulher se virou pra mim, abrindo um sorriso.

—Bem, só estou com sede. —Falei, vendo ela se mover para me arrumar um copo de água. Olhei ao redor, sentindo minha cabeça pesada e confusa. Meus olhos pararam no buquê de flores na mesinha ao lado da cama. Eram rosas vermelhas, parecendo perfeitas. —Quem trouxe isso?

—Seu namorado. Ele esteve aqui agora pouco e saiu pra atender o celular. —Ela me estendeu o copo, enquanto meus dedos tremiam ao segura-lo. —São linda as flores.

—Sim. —Soltei o ar com força, sentindo meu coração martelando dentro do peito. —Por acaso esse meu namorado se chamava Edward?

Ele me olhou confusa, como se eu estivesse ficando louca. Mas a porta se abriu e ela nem precisou responder, porque ele passou por ela com um sorriso idiota na cara, sem nenhum pingo de vergonha.

—Grace, amor... —Ele sorriu quando me viu acordada.

—Eu não acredito! —Exclamei, apertando o copo nas minhas mãos com tanta força para não joga-lo na cabeça dele. —Chame os seguranças!

—O que? Grace, você ficou doida? —Edward murmurou, enquanto a enfermeira olhava de mim para ele, parecendo não saber o que fazer.

—Os seguranças, agora! —Falei, olhando pra ela um pouco desesperada. —Esse cara não é meu namorado. Ele está me perseguindo!

—Grace, para com isso! —Edward veio para o lado da cama e sem pensar eu joguei toda água na cara dele, vendo seus olhos se arregalarem.

—Acha que eu não vi você lá? Por sua culpa eu me desconcentrei e cai. Por sua culpa eu machuquei meu braço! —Afirmei, vendo a enfermeira sair correndo do quarto, chamando alguém. —Eu não quero ficar com você! Eu não quero olhar na sua cara! Eu quero que você me deixe em paz! ME DEIXE EM PAZ, EDWARD!

A porta se abriu com força e Gavin passou por ela junto com meu pai e Greta. Afundei na cama, sabendo que aquilo só estava piorando.

—Seu merdinha! —Gavin foi pra cima dele. —Eu vou te jogar pela janela!

Ele agarrou Edward pela camisa e meu pai foi rápido tentando separa-los, enquanto Greta parecia completamente assustada com a cena.

—Parem com isso! —Meu pai empurrou um pra cada lado. —Estamos em um hospital. Tenham o bom senso de se comportarem como pessoas sensatas. —Meu pai se virou para Ed com as mãos na cintura. —O que você está fazendo aqui? Pensei que já havia deixado claro que não queria você perto da minha filha.

—Eu e Grace só precisamos conversar e tudo vai ficar bem de novo. —Edward falou, me fazendo revirar os olhos e bufar.

—Não temos nada pra conversar. Terminamos e eu estou até namorando de novo. —Afirmei, vendo ele fazer uma careta.

—Com aquele pirralho com cara de...

—Não ouse! —O cortei. —O pirralho pelo menos gosta de mim de verdade e não me trairia com minha própria irmã pela merda de 11 meses! —Greta se encolheu no canto do quarto, como se a alfinetada a tivesse acertado também. Ótimo. —Vá embora ou eu vou chamar a polícia e dar queixa contra você, por perseguição e assédio!

Naquele inverno / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora