Capítulo 17: Perguntas e respostas.

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Ficamos o caminho todo até o restaurante em silêncio. Alfredo parecia estar perdido nos próprios pensamentos enquanto dirigia. Mas não era um silêncio desconfortável. Fiquei observando as ruas até chegarmos lá, quando Alfredo estacionou o carro e desceu antes de mim, dando a volta pra abrir a minha porta. Mordi o lábio e tirei o casaco antes de descer, sentindo o vento frio arrepiar minha pele quando sai do carro sobre o olhar atendo dele.

—Você fica bem de vermelho. —Murmurou, olhando pra mim com um sorriso muito, muito grande.

—Você fica bem de preto. —Ele ergueu as sobrancelhas e eu sabia que estava se lembrando daqueles apelido que Gavin havia o dado. —Esse é o fatídico smoking?

—Ah, não! —Ele riu, me oferencendo o braço. —Esse aqui está novinho em folha. —Ele olhou para a roupa que usava, fazendo uma careta. —Gosto de pensar que quando vou usar uma roupa dessas vou conseguir a garota mais bonita do baile. Não deu certo daquela vez. —Ele ergueu os olhos pra mim. —Mas hoje vou fazer dar certo.

Não consegui responder, porque meu coração acelerou tanto que eu pensei que iria explodir. Entramos no restaurante, chamando a atenção de algumas pessoas por estarmos tão arrumados. E também, porque eu achava ser difícil alguém não notar Alfredo quando ele estava tão bonito quanto naquele momento.

Fomos levados até uma mesa que tinha uma vista perfeita das montanhas congeladas da cidade. Alfredo puxou a cadeira para que eu me sentasse e, diferente do que eu esperava, puxou a outra cadeira e se sentou ao meu lado e não na parte oposta da mesa.

Olhei pra ele com as sobrancelhas erguidas quando seu joelho tocou o meu por baixo da mesa, enquanto ele se ajeitava ao meu lado.

—Você não acha impessoal demais? —Ele indicou o lado oposto da mesa. —Parece que estamos em um jantar de negócios e não em um encontro.

—Tem razão. —Concordei, vendo o garçom se aproximando para ver o que iríamos querer. —Foi uma boa jogada.

—Obrigada. —Ele olhou pra mim e piscou, com aquele sorriso que eu tinha certeza que não sumiria do rosto dele o jantar todo.

[...]

Alfredo não estava mentindo quando disse que preferia vinho. Ele não bebeu nada aquele dia no bar, mas hoje comprou uma taça de vinho. A mais cara, aliás. Não estava esperando por isso.

—Você ainda não me falou nada sobre você. —Comentei, vendo ele erguer as sobrancelhas.

—Quer um "perguntas e respostas"? —Indagou, e eu não hesitei em concordar com a cabeça. —Tudo bem. Pode começar.

—Desde quando mora em Aspen?

—Desde os 6 anos, quando fomos embora da Itália. —Respondeu, super rápido. —Por que dispensou as flores?

—Porque meu ex me dava elas toda semana e no final não significavam nada. —Ele inclinou a cabeça para o lado, pensando na minha resposta. —Por que foram embora da Itália?

—Porque meu pai faleceu e minha mãe não estava mais feliz lá. —Ele me olhou. —Esse é o mesmo ex que te...

—É, é o mesmo. —Engoli em seco. —Sinto muito pelo seu pai. Minha mãe também já faleceu. Quantos anos você tinha quanto aconteceu?

—Dois. E você?

—Quinze. —Hesitei, mas vi que ele não parecia incomodado. —Como foi?

—Acidente no trabalho. Ele era construtor. —Ele se remexeu, mas não estava desconfortável. Só... um pouco triste. —E a sua mãe?

Naquele inverno / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora