CAPÍTULO 07

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Um dos endereços dos Luthor em Londres fica em Cheyne walk, a uma caminhada rápida do meu apartamento. Construída em 1771 por Robert Adam,a Residência Luthor era onde Lex morava desde a morte do nosso pai. Para mim, guarda memórias de infância, algumas felizes, outras nem tanto, e agora é minha para eu fazer o que quiser. Bem, ao menos está aguardando ser passada para mim. Confrontando mais uma vez minha nova realidade, balanço a cabeça e levanto a gola do casaco, tentando bloquear o frio intenso que parece emanar mais de dentro de mim do que de fora.
O QUE FAÇO COM ESSA CASA?

Faz dois dias que não vejo Samantha, e sei que ela está furiosa comigo e que vou ter de enfrentá-la cedo ou tarde. De pé diante da porta,cogito usar minha chave. Sempre tive uma cópia, mas sair entrando sem ter avisado parece uma intrusão.

Inspiro fundo e bato duas vezes. Após alguns instantes, a porta se abre,e Otis, o mordomo da família desde antes de eu nascer, aparece.

- Lady Luthor. - diz ele,baixando a cabeça e segurando a porta aberta.
- Isso é mesmo necessário Graves? - Pergunto, entrando no saguão. Ele fica em silêncio enquanto pega meu casaco.
- Como vai a Sra. Graves?
- Vai bem, Lady. Mas muito triste com os acontecimentos recentes, é claro.
-Como todos nós. Samantha está em casa?
- Sim, Lady. Acredito que a senhora Luthor esteja na sala de visitas.
- Obrigada. Posso subir sozinha.
- Certo. Gostaria de um café?
- Sim, por favor. Ah, e, Graves como eu disse na semana passada, " Senhorita" é suficiente.
Graves faz uma pausa, então maneia a cabeça.
- Sim, senhorita.

Subo a ampla escadaria e atravesso o patamar até a sala de visitas. Está vazia, à exceção dos sofás forrados e dos móveis elegante estilo Rainha Elizabeth que estão na família há gerações. A sala de visitas dá para um jardim de inverno com uma vista espetacular do Tâmisa, do Píer de Cadogan e da ponte Albert. Encontro Samantha ali, acomodada em uma poltrona, envolta em um xale de caxemira, olhando pelas janelas. Segura um lencinho azul nas mãos.

- Oi. - digo ao entrar.
Ela vira o rosto coberto de lágrimas para mim, os olhos vermelhos e inchados.
Merda.
- Onde você estava cacete? - pergunta ela,irritada.
- Sam.- Começo, pronta para apaziguá-la.
- Não me venha com "Sam", sua babaca. - Ela rebate, ficando de pé, os punhos fechados.
Merda ela ficou mesmo brava.
- O que eu fiz agora?
- Você sabe o que fez. Por que não atendeu meus telefonemas? Faz dois dias!
- Eu tinha muita coisa para pensar e estava ocupada.
- Você? Ocupada? Lena, você não saberia o que é estar ocupada nem se infiassem um monte de afazeres na sua vagina.
Fico quieta,depois rio ao imaginar a cena.
Samantha relaxa um pouco.
- Não me faça rir quando estou brava com você. - Ela faz biquinho.
- Você é muito eloquente. - Abro os braços e ela se aninha em mim.
- Por que você não ligou? - pergunta, retribuindo meu abraço, sua raiva se dissipando.
- É muita coisa para processar. - sussurro, envolvendo-a. Precisava de tempo para pensar.
- Sozinha?
Não respondo. Não quero mentir. Na segunda à noite foi... hum... Katlen. E ontem à noite foi... Qual era o nome dela mesmo? Zoe.
Samantha fungando e se afasta dos meus braços.
- Foi o que pensei. Conheço você muito bem, Lena. Como ela era?
Dou de ombros enquanto uma imagem dos lábios de katlen em torno do meu clitóris me vem à mente.
Samantha suspira.
- Você é uma galinha. - Diz ela, com desdém habitual.
Como posso negar?
Samantha sabe melhor do que ninguém sobre minhas conquistas noturnas. Ela tem uma coleção de apelidos preferidos para me descrever e vive me repreendendo por minha promiscuidade.
MAS AINDA ASSIM FOI PARA A CAMA COMIGO.

- Você está trepando durante o luto enquanto eu tive que suportar um jantar com o papai e a enteadinha sozinha. Foi horrível.- Ela afirma, e me senti sozinha ontem à noite.
- Sinto muito.- digo,porque não sei o que falar.
- Você se encontrou com os advogados? - Ela muda de assunto, me lançando um olhar firme.
Assinto, e tenho que admitir que essa é mais uma razão pela qual ando evitando Samantha.
- Ah, não. - resmunga ela, você está séria demais. Fiquei sem nada, não foi?
Seus olhos estão arregalados de medo e sofrimento.
Levo as mãos aos ombros dela e conto delicadamente.
- Ficou tudo para mim,como herdeira.
Samantha geme e cobre a boca enquanto seus olhos se enchem de lágrimas.
- Desgraçado. - Sussurra ela.
- Não se preocupe, vamos dar um jeito. - Murmuro, e a abraço mais uma vez.
- Eu amava ele.- afirma, a voz baixa e hesitante, como de uma criança.
- Eu sei. Nós duas o amávamos.
Mas sei que ela também amava o título e a riqueza de Lex.
- Você vai me expulsar daqui?
- Não, é claro que não. Você é a viúva do meu irmão e minha melhor amiga.
- Só isso?
Ela abre um sorriso amplo, mas rancoroso, e eu beijo sua testa em vez de responder à pergunta.
- Seu café, senhorita. - diz Graves na entrada do jardim de inverno.
Imediatamente abaixo os braços e me afasto de Samantha. Graves entra o rosto impassível, segura uma bandeja com xícara, leite, um bule de café e meus biscoitos preferidos:digestivo de chocolate.
- Obrigada, Graves. - Respondo tentando ignorar o calor que vem subindo subitamente pelo meu pescoço.
AJA COM CONFIANÇA.
Graves coloca a bandeja na mesa ao lado do sofá.
- É só isso,senhorita?
- Por enquanto sim,obrigada. - meu tom sai mais ríspido do que eu pretendia.
Graves deixa o cômodo, e Samantha serve o café. Meu ombros relaxam de alívio com a saída do mordomo. E ouço a voz de minha mãe no meu ouvido. NÃO NA FRENTE DOS EMPREGADOS.

Ainda estou segurando o lenço de Samantha que havia enxugado suas lágrimas. A visão me faz franzir a testa, recordando o fragmento de um sonho que tive na noite anterior... ou teria sido hoje de manhã? Uma moça, um anjo? Talvez a virgem Maria ou uma freira de azul parada na porta do meu quarto, me olhando enquanto eu dormia.
O QUE ISSO QUER DIZER? NÃO SOU RELIGIOSA.

- O que foi? - pergunta Samantha.
Balanço a cabeça.
-Nada.- Murmuro, pegando a xícara de café que ela me oferece e devolvendo seu lenço.
- Aliás, acho que posso estar grávida. - Ela diz.

O herdeiro de Lex!
TEM COMO TUDO ISSO SER MAIS COMPLICADO?

- Bem, se estiver vamos resolver o que fazer.
MERDA.TEM COMO TUDO ISSO FICAR AINDA MAIS CONFUSO?


















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LADY-LUTHOR -KARLENA Onde histórias criam vida. Descubra agora