LADY-LUTHOR -KARLENA

CAPÍTULO QUINZE

Kara fica surpresa ao ver a cama dela feita. Todas as vezes que foi ao apartamento encontrou o quarto bagunçado. Ainda há pilhas de roupas no sofá, mas parece mais  arrumado do que das outras vezes. Ela esccancara as cortinas e observa o rio lá fora.

Esta escuro e cinza, tal como as árvores na margem oposta.... Nada a ver com o seu lar. Londres é um lugar urbano e abarrotado de gente. Em seu país, ela vivia cercada de campos férteis e montanhas cobertas de neve. Afasta o pensamento porque dói demais. Está ali para trabalhar, e quer aquele trabalho por causa do bônus extra que é o piano. Ela se pergunta se sua patroa vai passar o dia todo em casa,e a possibilidade a incomoda. Sua presença vai impedir que ela toque as músicas preferidas.

Mas pensando pelo lado positivo, ela vai poder vê-la.
A mulher que vem dominando seus sonhos.

O aroma de sempre-verde e sándalo paira no banheiro. Um cheiro agradável. Ela faz uma pausa para inspirar fundo e saboreá-lo, como havia feito antes. Os olhos atraentes dela lhe vêm à mente...seu corpo esportivo. Ela borrifa o espelho com o produto de limpeza e esfrega com vigor.
PARE! PARE! PARE!

Ela é a patroa e nunca vai se interessar por ela. Ainda mais ela sendo mulher,e fora que é apenas a faxineira. O que ela pensa que uma Lady belíssima vai ter olhos para ela,uma simples e pobre mulher, não seja tola.

Sua última tarefa no quarto é tirar o lixo. Recolhendo tudo,ela o serva por um instante as duas fotos em preto e branco na parede. Ambas de mulheres nuas. Em uma delas, a mulher está ajoelhada,a pele muito clara,quase translúcida. As solas dos pés, o traseiro é a curva graciosa de duas costas estão sensíveis, e ela segura o cabelo louro no alto da cabeça, fazendo algumas mecha soltas tocarem o pescoço. A modelo ao menos daquele ângulo é linda. A segunda fotografia é um close e mostra as linhas do pescoço de uma mulher, o cabelo para o lado e o arco de sua coluna, desde as primeiras vértebras até as nádegas. Sua pele cor de ébano é iluminada,acariciada pela luz. É deslumbrante. Kara suspira. A julgar pelas fotos, ela deve gostar de mulheres, e ela se pergunta se ela mesma é a fotógrafa. Talvez algum dia posso tirar fotos suas. Ela balança a cabeça para afastar esse devaneios e volta à cozinha para lidar com o caos das caixas de comida, garrafas de cerveja e louça suja.

LENA POV

  Separei todas as cartas e os e-mails de condolências para responder num outro dia; ainda não estou pronta para lidar com isso. Como Lex conseguia se manter a par de todos os subsídios agrícolas, da criação animal e de todas as outras merdas envolvendo cultivo e pastagem em nossos milhares de hectares de terra? Por um breve instante, desejo ter estudado agronomia ou administração na universidade, em vez de belas-artes e música.

O clima cada vez pior do outro lado da parede de vidro reflete meu humor.  Fico de pé observando a vista. Há duas barcas no rio indo em direções opostas, uma lancha da polícia dirigindo-se para o leste e o ônibus fluvial rumando ao píer Cadogan. A cena me intriga. Apesar de todo esse tempo morando perto do píer, nunca peguei o ônibus fluvial. Quando criança sempre quis que minha mãe levasse Lyra e eu para passear nele, mas isso nunca aconteceu. Ela estava sempre ocupada demais. Sempre. E nunca pediu a nenhuma de nossas diversas babás que nos levasse. É mais um ressentimento que tenho por lillian.

Balanço a cabeça, dou a volta no piano e olho para a partitura na qual trabalhei durante todo o fim de semana. Ver as páginas melhora meu humor, então faço uma pausa longe do computador e me sento para tocar.