Quem é essa criatura tímida de pé no corredor? Estou totalmente confusa. Já nos vimos? A imagem de um sonho esquecido se revela como uma Polaroid na minha memória, um anjo de azul pairando ao lado da minha cama. Mas isso foi dias atrás. Será que era ela? E agora ali está, no corredor, o rosto travesso pálido, os olhos baixos. Os nós dos dedos vão ficando cada vez mais brancos à medida que aperta o cabo da vassoura, como se ela a ancorasse à terra, e um uniforme grande demais engole seu corpinho. Ela parece completamente deslocada.
- Quem é você?- Pergunto outra vez, com um tom mais delicada, sem querer assustá-la.
Olhos arregalados, da cor do céu azul, me olham e então voltam a se fixar no chão.
MERDA!
Uma espiada daqueles olhos azuis profundos e insondáveis, e eu já me sinto...pertubada. Ela é pelo menos uns vinte centímetros mais baixa que eu. Seus traços são delicados: Nariz arrebitado, pele branca e bonita e lábios pálidos. Parece precisar de alguns dias ao sol e de uma refeição farta.É óbvio que está fazendo faxina. Mas por que ela? Por que aqui? Substituiu a antiga diarista?
- Cadê Ania? - Pergunto, um pouco frustrada com o silêncio.
Talvez seja a filha de Ania,ou a neta.
Ela continua olhando para o chão, a testa franzida. Os dentes brancos e certinhos mordiscam o lábio superior enquanto ela se recusa a me encarar.
Olhe pare mim, peço mentalmente. Quero erguer seu queixo, mas ela levanta a cabeça, como se lesse minha mente. Seus olhos encontram os meus, e ela lambe o lábio superior com nervosismo. Meu corpo inteiro se contrai quando uma onda quente e forte de desejo me atinge.
PUTA MERDA!Estreito os olhos enquanto a irritação Substitui o desejo. O que há de errado comigo? Por que uma mulher que nunca vi antes na vida tem esse efeito em mim?
É irritante. Sobe belas sobrancelhas arqueadas, seus olhos se arregalam ainda mais,e ela dá um passo para trás, se atrapalhando com a vassoura, deixando-a escorregar e cair no chão com um baque. Ela se abaixa com graça e facilidade para pegá-la e, ao ficar de pé de novo,olha fixamente para o cabo,um rubor colorindo aos poucos suas bochechas enquanto Murmura algo ininteligível.MINHA NOSSA!ESTOU INTIMIDANDO A COITADA ?
Não é minha intenção. Estou irritada comigo mesma. Não com ela.
Ou talvez a razão seja outra.- Talvez você não esteja me entendendo. - digo mais para mim mesma, e passo os dedos pelo cabelo enquanto tento me controlar.
O domínio de Ania da língua inglesa se resumia às palavras "SIM" e "AQUI",o que com frequência resultava em muitos gestos meus quando eu precisava que ela fizesse coisas além da faxina habitual. Essa moça também deve ser Polonesa.
- Sou faxineira, Lady. - Sussurra ela,os olhos ainda baixos, os cílios compridos acima das bochechas luminosas.
- Cadê Ania ?
- Ela voltou para Polônia.
- Quando?
- Semana passada.Isso é novidade. Por que diabos eu não sabia disso? Eu gostava de Ania. Fazia faxina aqui em casa há três anos e já conhecia todos os meus segredinhos sujos. E eu nem pude me despedir.
Talvez seja temporário.- Ela volta? - Pergunto.
As rugas na testa da moça ficam mais profundas, mas ela fica calada e fixa seu olhar nos meus pés. Por alguma razão desconhecida, isso me deixa constrangida. Levando as mãos ao quadril, dou um passo para trás e fico ainda mais perplexa.- Há quanto tempo você está aqui?
Ela responde com outra pergunta, em uma voz arfante e quase inaudível.
- Na Inglaterra?
- Olhe para mim,por favor. - peço.
Por que a reluta tanto em erguer os olhos?Seus dedos magros apretam o cabo da vassoura outra vez,como se estivesse preste a usá-la como arma, então engole em seco e levanta a cabeça, me encarando com os grandes olhos azuis e brilhante. Olhos dentro dos quais eu poderia me afogar. Minha boca fica seca,e meu corpo me surpreende novamente.
- Estou na Inglaterra faz três meses.
Sua voz sai clara e mais alta,com um sotaque que não reconheço, e enquanto fala,ela projeta o queixo delicado na minha direção, de forma desafiadora. Seus lábios agora estão rosados, o inferior mais volumoso que o outro, e ela o lambe mais um vez.
NOSSA!
Estou excitada de novo. Dou mais um passo para longe dela.- Três meses? - resmungo,chocada com a minha reação a ela.
Por que isso está acontecendo?
O que ela tem?
Ela é linda para cacete,grita a vozinha em minha mente.
Sim. Para uma mulher vestindo um uniforme de náilon, é linda demais.
CONCENTRE-SE LENA.
Ela não responde à pergunta.- Eu quis dizer há quanto tempo está aqui, no meu apartamento.
De onde essa garota veio? Vasculho meu cérebro. A Sra.Graves tinha encontrado Ania por um contato qualquer. Mas sua substituta continua calada.- Você fala inglês?- Pergunto, tentando fazê-la falar.
- Qual seu nome?
Ela franze a testa, me olhando como se eu fosse uma idiota.- Sim. Eu falo inglês. Meu nome é kara Danvers. Estou no seu apartamento desde as dez da manhã.
UAU. ELA FALA MESMO INGLÊS.- Certo. Bom. Tudo bem, Kara Danvers? Meu nome é...
- Lena Luthor.
Kara acena de leve com a cabeça e, por um instante, acho que vai fazer uma referência, mas fica imóvel, segurando o cabo da vassoura e me despindo com seu olhar ansioso.De repente, tenho a impressão de que as paredes do corredor estão se fechando e me sufocando. Quero fugir dessa desconhecida e de seus olhos penetrantes.
- Bom,é um prazer conhecer você, Kara. É melhor continuar sua faxina, então.
De repente me lembro de algo e acrescento.- Aliás, pode trocar os lençóis da minha cama.
Aceno na direção do quarto.
- Você sabe onde ficam as roupas de cama, certo?
Ela assente,mas não se mexe.
- Vou para a academia. - resmungo, sem saber por que estou dando satisfações.
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LADY-LUTHOR -KARLENA
FanfictionKara não é o que Lena esperava, mas agora é tudo que ela mais deseja. Prepare-se para uma nova história de amor! Uma trama repleta de romance, ação e suspense. . . Uma jornada que vai do coração de Londres até a sombria e ameaçadora beleza dos Balc...