CAPÍTULO VINTE DOIS

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É uma tarde fria e sombria de terça-feira.  Exausta, eu me apoio na chaminé da velha mina e fico observando o mar. O céu escuro e sinistro, e sinto um vento córnico cortante. Há  uma tempestade se formando e as ondas batem contra os penhasco abaixo,furiosas, o som aumentando e ecoando pelo prédio em ruínas.  Os primeiros pingos congelantes de granizo da tempestade que se aproxima atingem meu rosto.

Quando crianças, Lex, Lyra e eu costumávamos brincar dentro e ao redor das ruínas daquela mina de estanho no limite da propriedade. Lex e Lyra sempre eram os heróis e eu, a vilã. QUE ADEQUADO. Já era uma estereótipo naquela época. Sorrio com a lembrança.

Uma fortuna considerável foi feita em cima daquelas minas, e os lucros incharam os cofres dos Luthor's ao longo dos anos. Mas elas foram fechadas no final do século XIX,quando se tornaram menos lucrativas, e os trabalhadores emigraram para lugares como Austrália e África do Sul, onde a indústria de mineração ainda florescia. Pouso a mão na pedra desgastada da chaminé, fria e áspera ao toque, mas ainda de pé depois de tantos séculos.

Minha visita foi um sucesso. Jack acertou ao insistir que eu visitasse as duas propriedades. E estou começando a reavaliar minhas dúvidas em relação a ele, que não faz nada além de me orientar na direção certa. Talvez realmente preze pela manutenção da propriedade da linhagem Luthor. Agora os funcionários sabem que podem contar comigo e que não quero fazer mudanças radicais. Descobri que sou uma defensora da teoria de que "em time que está ganhando, não se mexe ". Dou um sorriso triste. Também sou preguiçosa demais para ser qualquer outra coisa,por ora. Mas a verdade é que, sob a autoridade e a gestão hábil de Lex,as propriedades Luthor's estavam prosperando. Espero conseguir mantê-las assim.

Mas me deixou cansada ser líder e otimista nos últimos dias e de ouvir todo mundo. Não estou acostumada a despender tanta energia positiva. Conheci muita gente ali. Pessoas que eu nunca tinha visto e que agora trabalham para mim. Frequento os dois locais desde criança e nunca tive a menor ideia de quanta gente havia nos bastidores.  Foi exaustivo conhecer todos. Muita conversa, muita atenção, muito incentivo, muitos sorrisos, sobretudo quando não estava com vontade de sorrir.

Enfio as mãos mais fundo dos bolsos do casaco e me viro para voltar para a  casa. Me sentindo triste e inquieta, ando devagar pela grama molhada.

QUERO VOLTAR PARA LONDRES.
QUERO VOLTAR PARA PERTO DELA.

Meus pensamentos insistem em focar na minha doce diarista, com seus olhos azuis oceanos, seu rosto lindo e um talento musical extraordinário.

Sexta-feira. Vou vê-la na sexta. Desde que eu não a tenha feito desistir do emprego.





Kara Pov

Kara sacode o guarda-chuva para se livrar da neve que começou a cair rapidamente e com força no caminho até o Apartamento da Lady. Não espera que ela esteja em casa. Afinal, na semana anterior, deixou dinheiro inclusive para pagar o dia de hoje. Mas kara sempre tem esperança. Sente falta da presença de sua Lady.
Do sorriso dela. Pensa nela constantemente.

Inspirando fundo,kara abre a porta. O silêncio que a recebe a faz perder a cabeça.

NENHUM BARULHO DE ALARME.
ELA ESTÁ AQUI.
ELA VOLTOU.
MAIS CEDO.

A mochila de couro largada no corredor também confirma a presença, assim como as pegadas enlameadas no hall. O coração de kara dispara. Está emocionada: vai vê-la outra vez.

Cuidadosamente, deixa o guarda-chuva no suporte ao lado da porta,para evitar que caia e a acorde, caso esteja dormindo. Ela o pegou emprestado na segunda à noite. Não pediu, mas achou que Lena não iria se importar, já que era para mantê-la a salvo da chuva gelada a caminho de casa.

LADY-LUTHOR -KARLENA Onde histórias criam vida. Descubra agora